Capítulo 30

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    Um barulho de passos — é o que me salva, o barulho de passos — sobre o gramado. O meu coração pula forte. Anders me imobiliza de novo, tapando a minha boca com a mão. Os dois inspetores passam reto, com capas de chuva. Merda.

— Se você gritar vai ser pior pra você!

    Ele diz isso beijando a minha bochecha.

    Fico pensando na armadilha que ele fez para mim. Só podia ter sido ele para programar o meu despertador, acabar com o meu estoque de água. Ele havia me feito uma emboscada, e eu caí igual a um pato. Estúpida! Mil vezes estúpida!

    De repente, um barulho alto soa. O alarme de alerta. Todas as luzes do prédio começam à se acender.

— Merda — Anders xinga levando-me mais para o fundo.

— Eles vão nos achar aqui e você vai se ferrar por isso — digo quando ele tira a mão da minha boca e volto a gritar.

— Maldita. — Ele grita atirando-me no chão.

    Arfo de dor e me levanto.

— Agora é você quem vai se arrepender — cuspo em seu rosto e chuto forte as suas partes baixas, antes de correr dali.

— Margot?

    Trombo em alguém no caminho. Abraço-o apertado sentindo as lágrimas voltarem a rolar. Eu estou em choque.

— Me leva daqui Hermund! Por favor.

    Ele me encara preocupado.

— O que foi que aconteceu? Você está ensopada... Era você que estava gritando?

    Uma multidão se forma ao nosso redor. Eu escondo o meu rosto na curva do seu pescoço, chorando. Eu ainda não consigo acreditar no que iria acontecer se eu não tivesse conseguido escapar das mãos daquele desgraçado.

— Calma. Está tudo bem — ele me abraça apertado.

— Margot? Merda. O que aconteceu?

    Nikolas me puxa para os seus braços. Eu me sinto segura agora. O seu coração bate tão descompassado quanto o meu. À preocupação no seu semblante.

— Você está tremendo, o que porra aconteceu? Pelo amor de Deus.

— Tudo bem gente. Todos se afastando, eu quero saber o que está acontecendo aqui — diz a inspetora Magda, entrando no meio da multidão. — Margot querida, era você quem estava gritando lá fora?

    Aperto Nikolas em meus braços.

— Ela está assustada, é melhor levá-la para a enfermaria — ouço Hermund.

— Eu levo — Niki me abraça de lado e nós caminhamos juntos.

    Por mais que eu queira gritar tanto de ódio, medo, e repulsa, eu não consigo. A minha voz está presa. Eu não posso acreditar que quase fui estuprada.

— Vai ficar tudo bem — ele beija a minha cabeça.

— Margot, eu estou tão assustada — Ana me abraça do lado esquerdo — quando o alarme tocou, e você não estava no quarto, eu fiquei desesperada... Você precisa dizer o que aconteceu...

— Eu vou matar qualquer um que tenha feito isso — Nikolas diz firme.

    O choque também está estampada no seu rosto.

     OLHO PARA O ANALGÉSICO na minha mão, enquanto a enfermeira repete que eu preciso o tomar. Mas se eu o tomar eu irei dormir, isso tem grande influência sobre mim. E eu não posso dormir! Eu tenho de me recuperar e contar tudo o que aquele maldito fez. O que ele estava prestes à fazer.

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