Capítulo 23

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   Repreendo um sorriso ao sentir um peso na minha cama. Eu posso sentir o seu olhar em mim, não preciso abrir os olhos para saber que é Nikolas. Eu deveria ficar irritada por ele estar aqui à essa hora, para me acordar. Mas eu não consegui dormir essa noite, porque os meus pensamentos estavam justamente nele. Como sempre.

   Ele passa o dedo indicador pela minha bochecha, acariciando-a. Não consigo conter um sorriso sem graça, ele sabe que eu estou acordada. Abro os olhos e encaro os seus. Ele me olha fixamente, um olhar intenso, e se inclina para me beijar, devagar.

— Bom dia, garotinha.

— Bom dia — minha voz saí rouca.

   Ele me beija de novo, e depois sorri. Quando se afasta, sorrio automaticamente ao ver um buquê de flores, variáveis flores, que ele coloca sobre o meu colo. Sento-me, o fitando. Eu não consigo acreditar... Isso é tão fofo...

— Isso é pra mim? — Seguro o buquê, admirando as flores. O cheiro é divino.

   Ele me lança um sorriso, revirando os olhos.

— Para quem mais seria? Não sabia qual a sua favorita, então eu trouxe várias...

— Obrigada — beijo-o no canto da boca — elas são lindas, e eu acho que não tenho uma favorita.

   Paro para analisá-lo, e só então percebo que já está uniformizado. Olho embasbacada para ele. Como pode ficar tão lindo mesmo dentro desse uniforme azul e cafona? Os cabelos rebeldes estão bem alinhados hoje, a minha mão formiga para despenteá-lo.

   Ele também me analisa. Olho o meu pijama, ridiculamente amarelo, fazendo uma careta. O meu cabelo deve estar um ninho e a minha cara amassada, mas ele me olha como se eu estivesse muito bonita.

— Então — limpo a garganta — onde você as conseguiu? — Seguro uma tulipa, sentido o seu aroma adocicado.

   Ele sorri e morde os lábios, puxando o piercing. Alguém tem de o avisar que isso é muito golpe baixo.

— Eu tenho os meus contatos.

— Ah okay... Senhor importante.

   Ele ri e beija o alto da minha cabeça.

— Você gostou?

— Muito. — Sorrio sincera.

— Que bom que eu acertei então.

   Ele me puxa para seus braços e me abraça, roçando o nariz no meu pescoço. Retribuo o abraço, fechando os olhos. Minha nossa... É incrível como o seu cheiro me conforta, e ao mesmo tempo tão estranho. Ainda é estranho para mim.

— Onde está a Ana? — Dou uma fungada.

   Ele começa à alisar os meus cabelos.

— Ela saiu quando eu entrei.

— Hmm, você não tem aula? — Me afasto para encará-lo.

— Só daqui uns — confere o relógio de pulso, molhando os lábios — quatro minutos.

— E você já tomou café?

— Eu não como nada de manhã garotinha, mas tomei um capuccino, também peguei esses chocolates para você.

   Ele tira duas barras de Kit Kat do casaco, entregando-me.

— Ah, eu não creio — sorrio largo — chocolates e flores Nikizinho? Você está no caminho certo.

   Ele ri e me olha com certo divertimento.

— Para o seu coração?

   Não, bobo... Você já está lá.

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