Não Seja Esse Garoto

Capítulo 36

     O fiorde de Lysefjorden, está localizado em Ryfylke, no condado de Rogaland, próximo a Haugesund e Stavanger, na porção Sul da região chamada de Fjords Norway. Eu sempre via esses lugares nas revistas de turismo — com o meu pai, — mas quase nunca tínhamos tempo para fazer toda essa viagem. Eu não consigo acreditar que nós estamos indo para lá agora.

    A verdade é que eu não acredito em tudo o que está acontecendo. Parece um sonho. E realmente é um; o qual Niki está realizando para mim. Em pensar que ele planejara tudo por mim, por nós... Ele realmente não existe.

    Talvez ele seja o príncipe encantado — o qual eu acreditava quando criança — e o qual eu desacreditava que pudesse existir até um mês atrás. Melhor que isso. Pois eu não preciso de um príncipe na minha vida. Eu só preciso de um Niki, e agora eu o tenho.

— Não é como se eu fosse afundar isso aqui, pique Titanic.

    Eu rio tomando o volante do condutor Kårl, um homem muito simpático por sinal.

— Nunca se sabe — Nikolas diz num tom brincalhão.

    Gargalho conduzindo a balsa.

— Vem cá para eu te ensinar também — o olho por cima do ombro.

    Ele faz uma careta.

— Não, é melhor você se concentrar aí. Na verdade, é melhor que deixe o Kårl conduzir. Não que eu não confie em você.

— Sei — estreito os olhos para ele e depois rio, ligando o modo automático.

— Se vocês quiserem chocolate quente, tem logo ali — Kårl diz depois de voltar à conduzir a balsa.

    Caminho até o balcão e pego a garrafa de chocolate quente, servindo duas xícaras. Hoje é sábado. A temperatura está bem baixa. Tão baixa que eu precisara me agasalhar bem, e estou me sentindo uma bola. Literalmente. 

    Estendendo uma das xícaras para o Nikolas, eu seguro a minha e assopro o líquido quente, na tentativa de esfriá-lo um pouco. Observo o mar, deixando-o conversar com Kårl, então aquele pesadelo vem a minha cabeça...

    Aquilo não podia ser apenas um pesadelo sem sentido, como Niki dissera. Podia? Richard nunca quis me contar a verdade por trás da morte de Elisa. William também, sempre desviando do assunto... Quando eu também nunca pesquisei sobre. Então é óbvio! Essa é a verdade. Mas quem? E por qual motivo teria matado-a? Eu preciso saber.

    Eu tento me recordar de qualquer coisa ou pessoa suspeita. Mas eu só tinha nove anos. Eu não me lembro de muita coisa... Tomo um gole do chocolate e solto um suspiro. Algo vem à minha cabeça — como quando uma luz se acende — como uma idéia — uma solução talvez. O meu diário! Eu tinha um diário naquela época, e eu ainda o tenho. Talvez eu encontre alguma resposta nele.

    SÃO QUATRO HORAS da tarde quando nós finalmente chegamos ao fiorde de Lysefjorden. Então Kårl nos leva até a trilha que leva a pedra do púlpito, a atração turística mais famosa em Ryfylke. O platô que se projeta acima do Lysefjord. Como uma torre pela quadra vertical de 604 metros.

    A caminhada até o topo é muito longa, e as vezes nós paramos para descansar, tirar fotos ou comer alguma coisa nas áreas de descanso. E quando finalmente chegamos ao topo, no fim da tarde, eu solto um suspiro longo de alívio e sorrio ao ver que cada bufada valera a pena. A paisagem é deslumbrante. Perfeita. Muito mais do que nas revistas de turismo.

— Eu ainda não acredito que nós estamos aqui — Niki sorri ao meu lado, entrelaçando as nossas mãos — é incrível!

    Eu o olho.