Capítulo 35 - Especial

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Por Nikolas Folkestad

   Eu estive ao ponto de contar toda a história para ela — mas eu não podia, — não podia simplesmente — lhe contar qual era o meu objetivo ao entrar no Jakobsen Holt. Eu estava cego por vingança. E ainda estou. Esforcei-me ao máximo para estar ao lado de Richard. Completamente abalado pelas minhas emoções e sentimentos, todo o esforço que faço é por ela.

    Todos nós temos uma pessoa favorita no mundo. Um porto seguro, alguém a quem você mais admira... Para mim, essa pessoa era o meu pai. Mas eu o perdi. E Richard é o culpado. Eu sei, é insensato não contar para ela a história toda. Mas eu não posso e nem irei contar. Também sei que um dia ela irá descobrir por si só. É claro que vai!

   Talvez Sara tenha razão. Eu sou orgulhoso. Tão orgulhoso ao ponto de perder a garota da minha vida por conta de uma história do passado. Mas isso não é só uma simples história. A vida do meu pai está envolvida nisso, a vida de quem eu mais amava nesse mundo.

    Eu não iria simplesmente deixar essa história para trás. Se eu poderia perdoá-lo para ter ela para sempre comigo? Eu poderia. Mas eu realmente sou orgulhoso. E é por isso que eu não quero que ela saiba. Porque talvez eu possa achar uma solução para isso tudo.

    Talvez ela me entenda. E eu preciso arrumar uma forma de que isso aconteça logo. Antes que seja tarde demais. E antes que o processo entre em ação. Quando eu dissera que tenho um propósito para entrar no colégio de Richard, eu realmente tenho; colocá-lo atrás das grades. E eu vou! Pois por mais que eu a ame... A minha justiça precisa ser feita! E ela vai ser.

— Tá legal Niki, dá pra você tirar essa venda dos meus olhos? Isso coça!

   A sua voz é arrastada e manhosa, o que me faz rir.

— Não seja apressada garotinha, nós estamos chegando — murmuro no seu ouvido.

    Neste momento eu estou levando-a para ver a aurora boreal. Um fenômeno incrível da Natureza. Composto de um brilho colorido, em decorrência do impacto de partículas de vento solar com a alta atmosfera da Terra, observado nos céus noturnos nas regiões polares.

— Já pode tirar?

    Ela pergunta impaciente.

— Sim, vamos acabar com essa impaciência sua, Margot — Sorrio tirando a sua venda.

    O sorriso enorme que ela abre é mais do que satisfatório para mim. O sorriso mais lindo e sincero que eu já recebera em toda a minha vida. E agora eu sei porque eu nunca me interessara por qualquer outra garota daquele colégio. Porque ela é a garota certa para mim. No meio de todo o caos que é a minha vida, eu encontrei um propósito.

— É lindo — ela diz encantada, e de repente, me abraça com força, serpenteando os braços a volta do meu pescoço.

    Eu sorrio e passo os braços a volta do seu corpo. Minha mente brinca comigo, alertando-me de que é errado o que eu vou fazer. De que eu não deveria continuar com isso. Mas eu ignoro. Eu devo seguir o meu coração. Eu a amo. E o que vou fazer agora, me parece a coisa mais certa a se fazer.

    Afasto-me ainda sorrindo. Eu posso me enxergar no brilho dos seus olhos. Fitando um ao outro, caramelo e azul piscina, como se mil palavras pudessem ser ditas em um único olhar... Então eu me ajoelho a sua frente e faço o que eu já deveria ter feito antes.

— O que está fazendo? — Ela me olha.

   Há confusão nos seus olhos. Mas não é como se ela não soubesse o que estou prestes à fazer.

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