Capítulo 13

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   Desperto totalmente, o sol batendo na minha cara. Mas eu me lembro muito bem de ter fechado a janela, antes de ir me deitar. Abro os olhos com certa dificuldade, por conta da cegueira que a luz me promove. Emma está parada bem perto da janela, tudo se explica agora.

— Vamos acordar mocinha? O colégio te espera.

   Faço uma careta soltando um suspiro. Essa é a pior frase...

— Mas já? Parece que eu acabei de me deitar — murmuro, minha voz está rouca e embargada.

— Já são mais de sete horas querida, mas o seu pai me deixou acordá-la somente agora. Ele mesmo é quem vai levá-la. 

   Arregalo os olhos.

— Mais de sete horas? — Levanto-me rápido — como assim? Eu vou perder a aula!

— Oh, não se preocupe com isso Margo, creio que já sabes toda a matéria de...

— Espanhol. — Completo soltando um suspiro. — Bem, ao menos eu não vou levar uma advertência quando chegar com o papai. — Olho para o meu uniforme passado, sobre os pés da cama.

— Bem, eu vou colocar a mesa. Você desce logo?

— Sim, eu só vou tomar um banho rápido, não vou demorar...

— Tudo bem então. — Ela sorri e saí.

   Solto um suspiro e caminho até o banheiro. Começo todo o processo de higienização matinal. Tomo um banho quente, e quando saio do banheiro, visto um conjunto de roupas íntimas e o uniforme. Calço os sapatos sociais e prendo os meus cabelos num rabo de cavalo, na frente da penteadeira. Aproveito e passo o meu batom mate, novo; de cor roxa.

— Está pronta querida? — Ouço a voz do meu pai, do outro lado da porta.

— Estou. — Digo e vou abrir a porta. — Papai, por que o senhor não me acordou mais cedo? — Bufo. Eu não gosto de chegar atrasada. Ainda mais no colégio. É como se eu pudesse entrar e sair na hora em que eu quisesse.

   É por isso que algumas pessoas me odeiam.

   Ele me olha e solta um risinho.

— Me desculpe, meu bem. Mas eu não resisti em deixá-la aproveitar mais um pouco do seu sono, eu entrei umas três vezes no seu quarto e você me parecia tão cansada...

   Comprimo os lábios e solto o ar, um pouco mais aliviada.

— Tudo bem, papai. — Sorrio e seguro sua mão.

   Nós descemos juntos em meio à conversas até a cozinha e tomamos o nosso café.

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   Saio da diretoria depois de despedir-me do meu pai e deixá-lo com o diretor Henry. Sigo direto para os dormitórios e bufo pesadamente ao me encontrar com a Hulda no corredor.

— Ah, é com você mesmo que eu queria falar, Margo.

   Margo? Desde quando eu lhe dera essa intimidade?

— O que você quer? — Pergunto entediada. — Eu não tenho nada para falar com você.

— Mas eu tenho! — Ela diz e coloca uma mão sobre o meu ombro.

   Eu olho para a sua mão, as unhas perfeitamente pintadas de branco e cor de rosa. Solto um riso, sarcástica. Mas que ousadia a dessa garota...

Eu vou perguntar só uma vez. Então preste atenção...

   Eu tiro a sua mão do meu ombro e a fito cruzando os braços.

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