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    Chegando em casa encontrei Bárbara histérica, ela gritava com uma das empregadas era perceptível de que ela havia chorado, seus olhos estavam inchados mesmo que ela os tentassem dilatar com a pesada maquiagem em sua pele.
Mal coloquei os meus pés dentro de casa ela já me cercou com várias perguntas.
Não antes de esbravejar para que a empregada saísse. Logicamente obedecida na mesma hora:

_ Onde você esteve toda a tarde Gabriel, o que esteve fazendo, com quem estava, você já viu que horas são, onde diabos esteve que não veio para casa?

_ Não lhe devo satisfação Bárbara, vê se me esquece vai.

_ A mim você não deve satisfação, mas aos nossos pais sim e como não voltou para casa eu tive que ligar para eles, eles estão retornando de Miami, e como sabe a nossa mãe não ficou muito satisfeita com isso e o nosso pai ficou possesso. Ele teve que cancelar um jogo de golfe com um de seus amigos, então maninho se prepara para quando eles chegarem.

Pronto foi somente chegar em casa para que o meu dia incrível fosse estragado, movi minha cabeça negativamente lentamente e perguntei a Bárbara:

_ Qual a necessidade de ser assim Bárbara, o que você ganha agindo assim dessa forma?

_ De que forma meu irmãozinho?

_ Com crueldade, amargura, desprezo pelos outros.

_ Ah nem me venha com essa maninho, até pouco tempo atrás você agia igual a mim, mas desde que aquele cara, aquele bicha se suicidou você amoleceu, ficou isso aí que você se tornou, eu preferia mil vezes o antigo Gabriel.

_ Aquele Gabriel morreu Bárbara, junto com o David, por nossa causa ele se matou, será mesmo que isso não te sensibiliza?

_ Não Gabriel, eu não me sensibilizo, eu não pedi para ele se matar, nós não pegamos aquela arma e apontamos para a cabeça dele, ele fez isso sozinho.

_ Por nossa causa Bárbara, por nossa crueldade em humilhá-lo.

_E desde então você virou o bom samaritano, o protetor dos fracos e oprimidos, pensa que eu não percebi a sua amizade com o novato, era com ele que você estava não é?

_ Não te interessa onde eu estive.

_ Pois o seu amiguinho que me espere, ou ele pensa mesmo que deixarei barato o que ele me fez hoje.

_ Você nunca vai mudar minha irmã, olha ao seu redor Bárbara, você não tem amigos.

 _ Isso não é verdade, eu tenho minha turma e uma multidão que me seguem. 

_ Você sabe que nenhum daqueles carrapatos que anda com você se preocupa de fato com você, que é um relacionamento superficial baseado no interesse, no status que você os fazem ostentar. Minha irmã acorda, tenta encontrar uma motivação para a sua vida, ou envelhecerá amarga e rabugenta e pior solitária.

_ Você se tornou mesmo patético meu irmão.

_ No fundo eu sei como você se sente sozinha, perdida, eu sei que fomos criados praticamente sozinhos e de certa forma isso contribuiu para que o nosso caráter fossem deturpados, os empregados não ousavam contestar uma ordem nossa e crescemos com a visão de que podíamos tudo, que todos tinham que nos obedecer, crescemos sem limites, mas tudo o que fazemos tem suas consequências minha irmã, você... nós não pegamos naquela arma realmente, mas induzimos o David pegar.

Ficamos em silêncio, ela estava vermelha como quem iria chorar, mas respirou fundo puxando o ar e ergueu o queixo como reunindo força para dizer:

_ Eu não tenho culpa de nada, não sabia que ele era tão fraco que não aguentou uma brincadeirinha, mas uma coisa eu tenho, tenho raiva por que devido a isso que aconteceu, você mudou meu irmão, você se tornou um fraco, você me recrimina mas eu me lembro muito bem que a ideia de seduzir ele foi sua, a ideia de gravarmos e expor para a escola toda veio da sua cabeça.

_ Eu sei Bárbara, e não sabe como isso me atormenta, como me sinto culpado por isso, ainda lembro do olhar decepcionado que ele me lançou quando o professor ligou o retroprojetor para funcionar acreditando ter o vídeo da sua matéria e estava lá o vídeo que nós colocamos no lugar.

 Ela permaneceu em silencio por um momento, mas logo depois começou:

_ Eu não me sinto nenhum pouco atormentada, muito menos induzi a ele a se matar ele se matou por conta própria, pelo simples fato de saber que era um ser repugnante, bicha, feio e pobre.

_ Olha o que você está falando garota, jura que ao se ouvir, você ainda acredita está certa?

Eu simplesmente lhe dei as costas e segui para o meu quarto, era vã a tentativa de fazê-la enxergar o óbvio. 

Substitui esses pensamentos pela imagem de Valentim ao me conduzir ao banho, só a lembrança dele misturada a água morna sobre os meus músculos já me faziam relaxar, parecia que ele mesmo a distância tinha o dom de me fazer esquecer de todos os problemas que me cercavam.

 Já trocado, deitei na minha cama, abraçando o travesseiro, lembrando do dia maravilhoso que passei ao lado de Valentim e sua família, e no mesmo instante o celular começava a tocar:

    _ Alô!

_ Já estava dormindo.

_ Não, estava esperando a ligação de um certo alguém que havia me prometido.

_ Hum e esse alguém é alguém especial?

_ Digamos que sim, muito especial.

_ Poxa então eu não tenho a menor chance com você, pois acredito que esse alguém especial também te ache especial, e não é nem maluco de deixa-lo escapar, ele me confidenciou que gostou muito da tarde que passaram juntos.

_ Não brinca, ele te confidenciou isso mesmo, e o que mais ele te confidenciou?

_ Que não vê a hora de te ver, mas que não sabe como agirá, ou melhor como você agirá com ele amanhã.

  _ O amanhã é sempre o mais complicado, existem regras imposta pela sociedade que é difícil burlar, eu quero ficar com você Valentim, mas a exposição não faz parte dos meus planos.

Nem tive tempo de argumentar, e a porta do meu quarto foi aberta e minha mãe com cara de poucos amigos aparecia diante de mim:

_ Valentim, amanhã conversamos, tenho que desligar.

Dando atenção a minha mãe levantei da cama a abraçando:

_ Mãe, que bom que está aqui.

_ Não me vem com essa garoto, o que pensa que está fazendo sumindo assim, seu pai e eu tivemos que cancelar uns compromissos importante por que achamos que alguém tinha te sequestrado.

_ De onde tiraram essa conclusão?

_ Bárbara nos ligou desesperada, disse que foi praticamente agredida na faculdade por um rapaz, um aluno novo, e como você ficou a tarde toda desaparecido, seu pai e eu já imaginamos que esse rapaz houvesse feito algo a você.


Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora