16

389 70 6
                                    

Gabriel: 

Logo ao amanhecer o meu celular tocou, mesmo sem olhar o número eu atendi com voz de sono:

_ Alô!

_ Menino corre para casa, seus pais estão retornando ainda hoje.

Era Maria a minha empregada:

_ Obrigado Maria, você é meu anjo da guarda. 

Ela era uma senhora de meia idade, cabelo grisalhos, não tinha família, estava trabalhando em casa desde que Bárbara e eu tínhamos nove anos, portanto ela nos considerava como sua família, meus pais depositavam nela toda a confiança nos deixando aos seus cuidados quando viajavam o que sempre acontecia. 

Olhei para o lado Valentim ainda adormecido, nós dois havíamos dormido no chão em cima de uns jornais por que ainda não tinha nenhum móvel pela casa, ainda assim mesmo naquele chão duro posso dizer que foi a melhor noite que passei pois estava nos braços dele, aconchegado ao seu corpo:

_ Valentim acorde amor, eu preciso ir.

_ Não Biel vamos dormir mais um pouco vai.

_ Não Valentim eu preciso mesmo ir, vamos levanta.

Ele me olhou com expressão de sono ainda assim com um sorriso:

_ Bom dia meu amor.


_ Bom dia, agora vamos se apresse, eu ainda preciso passar na sua casa para pegar minhas coisas, Maria me ligou dizendo que meus pais estão voltando.

_ Poxa tem mesmo que ir?

_ Tenho sim  meu amor.

_ Dá tempo de tomar pelo menos um banho.

_ Dá mais tem que ser bem rápido. 

_ Toma banho comigo?

_ Nem pensar Valentim, nossos hormônios não nos permitiria sair tão cedo daquele banheiro e eu tenho que chegar em casa antes dos meus pais. 

_ Que saco isso.

_ Vai logo estressadinho.

Dei um beijo em seus lábios o empurrando para o banheiro, em quinze minutos ele vinha expondo  o corpo apenas em uma cueca.
Ele passava os dedos por todo o seu tronco erguendo a sobrancelha em um exibicionismo  realmente tentador:


_ O que pensa que está fazendo Valentim?

_ Estou mostrando para o meu namorado o que ele vai perder se for embora agora.

Dei risadas me aproximando, selei seus lábios passando a mão por seu corpo, eu de fato estava viciado naquela pessoa que estava a me provocar:

_ Você é uma tentação meu amor, um convite ao pecado, mas não temos tempo para isso agora.

_ Você sabe que é um estraga prazer não sabe.

_ Sei.

Ele a contragosto se arrumou e já estávamos indo para a casa dele, o pai de Valentim tinha deixado o carro com ele e em vinte minutos eu já estava perto da minha casa, a duas quadras, cada dia que passava ficava mais difícil me separar dele:

_ Tenho que ir.

Ele balançou a cabeça lentamente em concordância:

_ Quando teremos oportunidade de passarmos um dia e noite juntos novamente?

_ Ainda não sei, mas eu darei um jeito tá.

Nos beijamos, porém interrompidos pelo toque do meu celular nos separamos:

_ Alô Maria.

_ Onde você está Gabriel?

_ Estou chegando.

_ Venha rápido seus pais já estão chegando, eles me ligaram para avisar que já estão a caminho, perguntaram de você e eu disse que estava melhor mais ainda estava de cama.

Desliguei depois de alguns minutos e olhei para Valentim:

_ Me liga mais tarde?

_ Sim, eu ligo.

Vi a expressão de alivio de Maria quando eu abri a porta:

_ Gabriel, ainda bem, onde esteve o dia todo e a noite?

_ Sendo feliz Maria.

_ Que bom meu menino, mas agora vai já para o quarto, tome um banho e se deita na cama, eu levarei uma sopa quente para o adoentado.

_ Você é a melhor Maria.

Dei um beijo no rosto da mulher e corri para o meu quarto. 
Coisa de  dez minutos ouvi vozes alteradas, eram meus pais discutindo como sempre. 
Bárbara veio direto para o meu quarto e sem dizer uma palavra se jogou em cima de mim me abraçando, pela primeira vez eu estava vendo alguma fragilidade nela, ela chorava compulsivamente chegando a soluçar:


_ Bárbara o que foi, o que aconteceu?

Ela não respondia, apenas chorava, e da mesma forma obstinada como invadiu o meu quarto ela o deixou. 
As vozes no andar de baixo ficavam ainda mais alteradas, resolvi então me levantar para saber do que se tratava, eu nunca havia visto Bárbara tão vulnerável daquela forma:


_ A culpa é sua Cindy, seus filhos só me fazem passar raiva, primeiro o Gabriel que me fez cancelar o jogo com o meu amigo em Miami, agora a Bárbara que me envergonhou diante do governador. 

_ Ele passou a mão nela Denis. E eu não sei o que ele faria se eu não tivesse chegado. 

_ Ela está mentindo, o filho do governador jamais faria algo assim Cindy. 

_ Eu acredito nela, ela estava transtornada quando eu abri a porta do quarto e vi ele lá segurando o pulso dela. Eu vi a expressão de medo dela.

_ E se fosse Cindy, e se fosse o caso, tem noção que aquele homem é nada mais nada menos que o filho do governador, ele estava interessado nela eu percebi logo que chegamos, e ela perdeu uma ótima oportunidade de um casamento promissor. 

Eu não estava acreditando no que estava ouvindo, meu pai não podia ser tão inescrupuloso e ganancioso ao ponto de ver alguém machucando a própria filha e achar isso natural. Que tipo de homem era aquele frio e calculista. 
Sem pensar duas vezes fui de encontro a ela, bati na porta e sem esperar que ela me dispensasse eu entrei:


_ O que faz aqui Gabriel, veio rir de mim?

_ Não, não vim rir de você, Bárbara você é minha irmã, nós dois deveríamos ser as pessoas mais ligadas do mundo, somos irmãos e gêmeos, mas o que acontece conosco é o contrário. 

_ Foi horrível Gabriel, aquele rapaz nojento tapou a minha boca e me arrastou para um quarto e me empurrou na cama me chamando de vagabundinha, ele passava a mão em mim e quando eu consegui me levantar ele me agarrou pelos cabelos e eu estava tão assustada, eu tentei gritar mas ele encostou aqueles lábios forçando contra os meus, ai que nojo, ainda consigo sentir o bafo de bebida.

Ela ergueu o pulso mostrando as marcas arroxeadas da mão dele sobre sua pele. Suas lágrimas a escorrer por seu rosto:

_ Ele me segurou forte pelo pulso, desabotoando a minha blusa, eu estava assustada e foi nessa hora em que mamãe apareceu. Ele disse que eu havia me oferecido a ele e papai acreditou, me fez desculpar-se com o desgraçado. 

Eu ouvia cada uma das palavras dela atônito, estava estupefato perplexo com tudo aquilo. 
Meu olhar se encontrou com o da minha mãe que desviou-o os dela para o chão:


_ Bárbara minha filha, amanhã você irá ligar para o filho do governador para convidá-lo para jantar aqui em casa.

Minha irmã me olhava assombrada, e eu mordi com tanta força o meu lábio furioso que chegou a cortar:

_ Não acredito que a senhora concorde com isso?

_ Gabriel você não estava lá, não sabe o que aconteceu, melhor não se meter. 

_ Que espécie de pais são vocês que mesmo a filha sofrendo uma agressão não se comove com a sua dor?

_ Deixa Gabriel, nossos pais nos criaram para sermos moeda de troca, se eu fosse abusada por aquele rapaz acho até que meu pai me parabenizaria. 

Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora