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Bárbara: 

Minha família nunca teve um ponto de equilíbrio, enquanto Gabriel e eu tivemos que nos adaptar ao descaso de nossos pais que mais estavam interessados no lazer de suas viagens, nós dois tivemos que ficar a cargo de empregado e de certa forma isso nem nos faziam mal, meus pais nos enchiam de mimos, nada do que queríamos eles nos negavam, era o jeito deles de nos agradar, porém nós não éramos mais aquelas crianças fáceis de manipular, embora eu agia como tal, era a minha forma de chamar a atenção deles para mim, vivi com todos me bajulando, com todos fazendo as minhas vontades, até que aconteceu o lance do David, eu não queria ver a minha culpa na história, não queria admitir, enquanto Gabriel se humanizou eu permaneci ainda mais cruel, por que era uma forma de me defender, se eu admitisse que tinha culpa no que aconteceu, eu teria que admitir que eu era uma criatura monstruosa. Não eu não podia.

Mas a vida sempre nos prega peça ela dá voltas e voltas e cobra de nós aquilo que merecemos e o que aconteceu comigo me fez entender o sentimento que eu causava nas pessoas, o medo, o pavor de desafiar. Foi assim que eu me senti com Kleber quando ele me atacou. 
Sim, ele quase me estuprou, mas ao invés do meu pai se indignar com isso, ele me oferecia como noiva daquele rapaz nojento. 
E como sua noiva eu era submetida as piores situações possíveis, ele me levava e buscava na faculdade com autorização do meu pai, muitas vezes fui arrastada para dentro de um motel luxuoso e ali barbarizada com as piores das humilhações, abusada sexualmente e verbalmente. 
Ele dizia que eu era fria no sexo, que não servia nem como escrava sexual mas que nossos pais queriam esse casamento. 


Era horrível, mas nada disso era comparado ao que o meu pai fez com Gabriel, era um verdadeiro tormento saber que ele havia mandado bater em Valentim até quase o matarem, onde estava aquele homem que aquela menininha do passado achava o melhor pai do mundo?


Eu descobrir o que ele havia feito quando o pai de Valentim veio aqui em casa, ele estava transtornado, os empregados tentavam o conter e era bem capaz dele ter matado o meu pai se esse não tivesse se trancado em seu escritório, os gritos dele que me fizeram sair do meu quarto enquanto ele esmurrava a porta e três empregado não conseguiam segurá-lo, ele estava mesmo irado, e com razão. 

Meu covarde pai permaneceu trancado até que o homem fosse embora, foi então que ele me viu, não sei qual foi o sentimento que ele teve ao me ver, ao saber que a sua filha sabia exatamente que tipo de pessoa ele era. 

Um pai que permite que a filha seja abusada, que agride um rapaz por quem o seu filho está apaixonado, quem era esse homem que eu já não sabia como chamar.

Quem dera o homem cumprisse com o que dizia e o colocasse de verdade atrás das grades, mas sabíamos que ele não conseguiria, o delegado era amigo do meu pai, e ele se gabava de ter ele sob domínio. Mas quão livre minha mãe estava , se ela sabia de tudo e se calava, isso a tornava tão monstruosa como ele? 

De certa forma a resposta era sim, sim ela era pois compactuava com ele, por medo, por omissão, por amor, seja qual motivo fosse, ela não podia aceitar que meu pai fizesse isso conosco, Gabriel estava sofrendo, eu estava sofrendo. 

Os pais de Valentim denunciaram o meu pai, mas como eu já imaginava não deu em nada, ao contrário, eles prenderam o pai de Valentim por invasão de privacidade, a primeira noite que Gabriel saiu de casa, ele não voltou para casa, passou a noite toda no hospital, ele veio buscar umas roupas de manhã, e foi informado que Isaac havia sido preso. 
Novamente ele e meu pai brigaram, isso já estava virando rotina, ou meu pai brigavam com Gabriel ou com minha mãe. 


Ele foi para o hospital, passou algumas horas ele retornou, ouvi ele dizer ao meu pai que ele havia vencido, que tudo estava acabado e que ele iria para a França, eu não sabia o que aconteceu para ele tomar essa decisão mas podia sentir a dor em suas palavras e olhar. 

Assim como ele havia feito quando eu precisei o procurei para conversar e ele me abraçou chorando no meu ombro dizendo que Martin o pai de Valentim havia pedido que ele se afastasse, e ele não podia continuar prejudicando os pais de Valentim. 

Uma semana havia se passado, a viagem dele já estava marcada, para aqui três dias, ele iria para a faculdade apenas para se despedir dos poucos amigos que tinha, eu soube que Valentim estava de alta, ele estava muito machucado mas apenas de uns ossos quebrados nada era tão sério como acreditávamos no começo, isso não diminuía o ato odioso do meu pai. 

Gabriel já estava saindo quando no meio do corredor Valentim aparecia, Valentim parou para esperá-lo e Gabriel passou direto por ele:

_ Você me prometeu que era para sempre.

Gabriel parou ainda de costas:

_ O para sempre nem sempre dá certo. 

_ Você disse que cumpria com suas promessa Gabriel.

_ Nem sempre podemos cumprir, há consequências que nos impede disso acontecer. 

_ Se você me ama, as consequência ultrapassaremos juntos. 

O corredor ficou cheio de pessoas para olhá-los. Gabriel se aproximou de Valentim e o beijou, um beijo demorado, depois o largou distanciando, com dificuldade Valentim não tinha nenhuma condição de alcançá-lo. 

Notei quando ele enxugava as lágrimas que corriam por seu rosto e me aproximei. Ele me olhou:

_ No fim ele é tão cruel como você. 

_ Não, não é... Gabriel está sofrendo assim como você.

_ Eu não tenho medo do seu pai, eu enfrentaria qualquer coisa para ficar com ele.

_ Ele não está te deixando por causa do meu pai, e sim por causa do seu.

_ Do que você está falando?

_ Seu pai pediu que ele se afastasse de você, disse que sentia muito, que gostava muito dele mas  que não queria ele por perto, no fim Valentim, seu pai não é tão diferente do meu. 

Era cruel o que eu havia feito, talvez, mas eu não podia deixar ele ser injusto com Gabriel. 

Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora