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Gabriel: 

Hoje é um dia importante, Bárbara vai sair do hospital, ela já nos avisou que o primeiro lugar onde quer ir é a delegacia onde fará uma queixa formal contra o meu pai, a dois meses que ele desapareceu e não temos nenhuma notícias sobre ele. 
Minha mãe e até o próprio Kleber se apresentaram voluntariamente ao delegado  para confessar suas culpas, minha mãe para  falar sobre a sua omissão sobre saber de tudo o que meu pai fazia e ela se calava, mas por incrível que possa parecer para a maior parte das pessoas, não é crime não denunciar um crime, a lei não podia punir quem se calava mesmo que essa omissão viesse a fazer a vítima continuar a sofrer, no caso de minha mãe só era relevante pelos laços que compartilhávamos ainda assim a sua situação seria analisada pelos magistrados o máximo que o juiz fez foi penalizar com a distribuição por cestas básicas

O mesmo sucedeu a Kleber, como ele e minha mãe se apresentaram voluntariamente o delegado resolveu punir a ambos com cestas básicas mas pela lei nenhum deles cometeram crime algum:

_Seria considerado crime,  somente se mediante violência ou grave ameaça a pessoa ser constrangida a prática de conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso diverso. Isso seria considerado estupro qualificado, sendo procedido por uma ação penal pública incondicionada.
Mas como ela entrou no motel por conta própria, e não houve violência não há tipificação penal por que não houve sexo a força se ela permitiu pela lei é considerado consensual. 

No fim, tanto Kleber quanto minha mãe saíram ilesos e só pagaram com cestas básicas por que ambos insistiram em registrar seus depoimentos. No fundo sabemos também do desinteresse do delegado e o medo de se comprometer com o caso, afinal se tratava da senhora Synclair e do filho do governador, mas não teve como fugir quando Bárbara prestou queixa contra o meu pai e eu reforcei também o denunciando e passando a filmagem onde os brutamontes que ele havia contratado batiam em Valentim, Valentim era outro que prestava depoimento contando como havia sido abordado pelos meliantes e como eles diziam para se afastar de mim. Com tudo isso o delegado foi obrigado a colocar meu pai no rol dos procurados. 

Depois da delegacia fomos direto a um cartório marcar o casamento da Bárbara e Kleber, e em três meses ela iria ser uma mulher casada e moraria fora do país, minha mãe decidiu que iria com ela. 
Eu não iria, minha vida não teria sentido sem o Valentim, mas nada nos impedia de ir visitá-los uma vez por ano, Kleber resolvera  levá-la para fora do país por que dizia que lá o tratamento seria os mais avançados e concordávamos com isso.


Depois do cartório iríamos direto para a casa dos pais de Valentim, Martin e Isaac haviam preparado um almoço para nós e alguns amigos, incluindo os mongoloides que se mostravam mais humanos, e para total sobressalto de todos Cássio Schneider e Hennrry estavam próximos, próximos até demais, próximo ao ponto de o considerarmos ficantes embora nenhum dos dois admitissem. Léo era o mais indignado com essa negação. 

Martin, Isaac e minha mãe, ficaram na área externa bebendo vinho, enquanto nós estávamos todos na sala, Bárbara na cadeira de rodas, Kleber ao seu lado, Léo conversava com Hanna e Amber, Amélie estava do nosso lado, eu sentado no colo de Valentim, um pouco mais afastado estavam Hennrry e Cássio, que já nem conseguiam esconder, pois descuidoso Cássio segurava a mão de Hennrry e como prova cabal, para acabar de vez com aquela negação boba, Léo gravava-os sem que eles se dessem conta, Cássio fazia carinho na mão de Hennrry que tinha os olhos fixos sobre os dele e confrontados ainda tentava negar até que Léo mostrou o vídeo, só então um olhou para o outro e cruzaram os dedos dando-lhe as mãos sobre a algazarra geral de todos: 

_ Eu sabia, eu sabia!

Gritava Léo causando risadas em todos:


_ Posso saber o porque estavam negando? - Valentim curioso perguntava:

_ O Hennrry não queria que ninguém soubesse, eu disse que não via problema de vocês saberem.

_ Agora eu não entendi, Hennrry você não é assumido?

_ Sim Léo eu sou assumido, mas entendam, não é que eu quero esconder de vocês que eu e o Cássio estamos nos conhecendo, eu apenas queria ter certeza de que o que estamos tendo iria para frente, eu não queria ficar com ele na frente de vocês e amanhã falar acabou entende, muitas pessoas vê o homem gay como alguém de uma noite, tipo aquele que o homem hétero quer se divertir e depois jogar fora, eu não quero ser descartável na vida de uma pessoa, mas eu quero amar e ser amado, e o Cássio tem se mostrado essa pessoa, mas...

_ A questão é que ele não confia em mim.

_ Não é questão de confiar ou não confiar, Cássio você é um homem lindo, pode ter a mulher que quiser, é rico. 

Kleber o ouvindo acabou dizendo:

_ Já vi esse filme antes, dejavu.


 Cássio respirou fundo o segurando pelos ombros:

_ Hennrry, meu pequeno, eu já disse que não quero nenhuma outra pessoa, eu não estou brincando com os seus sentimentos e diante dos seus amigos, diante dos nossos amigos eu estou te pedindo, olha para mim, Você quer namorar comigo?

Hennrry parecia embasbacado, olhos bem arregalados, todos nós em silêncio a espera da resposta dele, e de repente em um impulso ele pulava circulando as pernas em torno da cintura do Cássio, enlaçando-o pelo pescoço, beijando-lhe os lábios dizendo:

_ Sim, sim, sim.

Era uma cena digna de filme, um casal improvável mais que haviam sido fisgado um pelo outro e outro pelo um. 

Três casais apaixonados se beijavam naquele momento, Hennrry e Cássio, Bárbara e Kleber, e lógico Valentim e eu, causando inveja nos solteiros que reclamavam. 

Lara chegou uns minutos depois com um garotinho da idade dela, era um amiguinho da escola, ela toda animada cumprimentava a todos apresentando o menino que se chamada Kevin:

_ Kevin esse é meu irmão Valentim e esse o marido dele o Gabriel.
 

_ Prazer, sua irmã fala muito de você. 

_ Aéh Kevin, engraçado mas eu nunca ouvi falar de você.

Valentim me tirava de seu colo erguendo-se, porém Kevin cruzou os braços o enfrentando: 

_ Então Kevin qual é a sua intenção com a minha irmã?

Arrastei Valentim o tirando da frente do menino dando risada:

_ Para de ser chato vem aqui, deixa a Lara com o namoradinho dela.

_ Namoradinho, você falou namoradinho, ela não tem idade para namoradinho. 

_ Deixa de ser ciumento. 

Mas não era apenas Valentim que agia dessa forma, Martin e Isaac também agiam assim, Lara iria ter que se esforçar muito para aguentar três ciumentos na vida dela. 

Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora