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As horas que se passavam não estava sendo nada fácil, Gabriel permanecia calado, andando de um lado para outro, eu me aproximava o parando algumas vezes, mas logo ele recomeçava a se agitar:

_ É minha culpa, se a Bárbara morrer é minha culpa.

_ Não Gabriel, ela não vai morrer, e você não tem nenhuma culpa nisso.

_ Meu pai quis te matar e ela entrou na frente Valentim, você foi lá por mim, é minha culpa.

_ Gabriel olha para mim, eu entrei na sua casa para te buscar por que não aguentaria ficar sem você, por que não podia permitir que fosse para longe de mim, eu amo você e sei que me ama, o seu pai deu a ordem de matarem a mim e a Bárbara entrou na frente se tem um culpado nisso sou eu e não você.

Sem dizer mais nenhuma palavra ele me abraçou forte.

Como médico embora não fosse sua área meu pai Isaac tinha acesso a informações mais fácies do que nós e ele entrou lá na sala privativa onde só funcionários poderiam entrar, e traziam informações:

_ Eu consegui falar com um assistente do médico responsável pelo caso dela, ela ainda está em cirurgia mas parece que o quadro dela é bastante preocupante, mas eles estão fazendo de tudo para  estabilizar,  o problema é que a criança pode não sobreviver.

_ Espera Isaac de que criança você está falando?

_ Sua irmã está grávida Gabriel.

_ Grávida? 

O  olhar espantado de Gabriel para a mãe que abaixou o dela indicava que ela já sabia:

_ Você já sabia disso?

_ Sim Gabriel, eu já sabia, ela me procurou a dois dias atrás para me contar como aconteceu.

_ E como foi que aconteceu mãe?

_ Ele levou sua irmã para um motel e forçou ela, mas seu pai... só queria o bem de...

_ Chega mãe, chega, eu não acredito que a senhora vai defender aquele homem que permitia que a Bárbara fosse... não eu não acredito.

_ Gabriel... Ela não queria ...

_ Que espécie de mãe a senhora é? _ diz para mim, a sua filha está ali naquela sala de cirurgia por que aquele homem tentou matar o Valentim e a própria filha dele entrou na frente, ele fugiu, mas eu não vou perdoar mãe, eu irei denunciá-lo e  você é tão culpada quanto ele  pois sabia de tudo e nunca defendeu os  seus filhos. Sabia que ele havia mandado bater no Valentim, que ofereceu a Bárbara como se ela fosse um objeto para aquele traste do Kleber para obter vantagens com o pai dele, hein que espécie de mãe é você?

Dona Cindy começou a chorar compulsivamente todos nós concordávamos com Gabriel mas não ousamos a dizer nada, por mais errada vê-la chorar me deixava  penalizado, eu abracei a Gabriel, pois senti que ele precisava dos meus braços, eram muitas emoções que ele estava enfrentando.

Conseguindo com muita insistência tirar ele um pouco do hospital, levei ele para casa, ele precisava descansar um pouco, meus pais ficariam e nos daria qualquer notícias que surgisse. 
Durante todo o trajeto ele chorava, eu não sabia o que dizer, sabia que era muita coisa misturada que estava mexendo com ele, era o estado da Bárbara, era ter desabafado o que sentia com a mãe, era o pai ter essas atitudes deploráveis, era tudo isso e mais um pouco, e no meio desse mais um pouco eu me encaixava. 
Nós dois precisávamos ter uma conversa definitiva e franca, isso assustava devido a todos os acontecimentos que passamos nessas últimas horas, eu tinha medo dele decidir por se afastar de vez, dele me culpar pelo que aconteceu a irmã, afinal era a mim que o pai dele queria matar.


Chegando em casa, ele entrou na minha frente e se virou para mim:

_ Valentim, me perdoa?

_ Perdoar do que meu amor?

Ele dizia em choros sua voz estava embargada e ele chegava a soluçar:

_ Meu pai, você foi agredido, seu pai preso, a Lara foi expulsa do clube, seu pai Martin demitido, se aproximar de mim só te trouxe o mal, me perdoa Valentim.

_ Escuta Gabriel, nunca mais repita isso, você não é responsável pelos atos do seu pai, você é tão vítima como nós, meu amor, eu fiquei com medo sim... não vou mentir, mas eu fiquei com medo de te perder, Biel, eu escolhi ficar com você, e não será uns ossos quebrados que me fará desistir de está ao seu lado.

Ele ainda me olhava com os olhos cheios de lágrimas:

_ Biel, eu sei que é muito difícil para você o fato do seu pai...

Ele balançou a cabeça convicto em negação:

_ Se vai dizer que é difícil para mim denunciá-lo não diga, meu pai não pode continuar agindo dessa forma Valentim, eu preciso para-lo, eu não vou fazer igual a minha mãe, minha irmã precisa  da minha ajuda e eu não vou me abster de ajudá-la, ela estava sendo forçada Valentim, minha irmã estava sendo violentada e meus pais sabiam de tudo e não faziam nada. 

Eu o puxei para os meus braços, ele no mesmo instante retribuiu o meu abraço procurando os meus lábios para um beijo demorado, depois eu o levei para um banho, tomamos banho juntos, porém não fizemos nada além de beijar, embora nossos corpos ansiavam um pelo outro não era o momento certo de fazer isso, ele estava com as emoções a flor da pele e teremos todo o tempo do mundo:

_ Não permitirei que fujas de mim, sabe disso não é?


Disse enquanto ainda estava no banho:

_ Eu não te mereço sabia, você é tão forte, tão determinado, diferente de mim que sou tão covarde.

_ Você tem que ter mais confiança em você mesmo sabia Biel, alguém que enfrenta a situação que você enfrentou, que mesmo sendo o seu pai você decidiu que vai denunciar por não concordar com o comportamento errôneo dele é a pessoa mais forte e determinada que eu conheço.

_ Valentim... eu te amo tanto.

Emocionado eu o beijava dizendo entre o beijo:

_ Eu também meu amor, eu também.

Depois ele se deitou enquanto eu fazia algo para ele comer, tínhamos passado a noite toda naquele hospital e somente de manhã consegui tirá-lo de lá, ele não havia se alimentado desde que tudo aconteceu  e eu fiz um lanche na chapa para ele, com pão, presunto e queijo e um copo de suco de laranja natural, porém quando eu retornava ao quarto ele havia adormecido, eu sorria com aquela cena, era lindo ver ele dormindo... na minha cama. 



Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora