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Não havia sido uma fase fácil a que passei com Miguel, ainda assim tentei  fazer o possível para tirar o rapaz dessa vida, mas ele já havia sucumbido totalmente a essa vida, e por fim a droga já havia tirado a capacidade de recuperação, a abstinência o tornava um animal feroz e enlouquecido, Miguel não era uma pessoa ruim, mas uns amigos o convidou para conhecer novas emoções e o que parecia ser algo natural o tornou em um viciado neurótico. 

Meus pais me aconselharam muito nesse momento difícil e por fim terminamos o namoro, mas eu não podia abandoná-lo a própria sorte, porém  quanto mais eu tentava ajudá-lo mais ele se entregava ao vício e por fim em uma noite ele consumiu tanta droga que acabou por ter uma overdose e veio a óbito.

Quando o encontraram de cara no próprio vômito, fui contatado por um policial que me explicou o que havia acontecido, meus pais trataram do velório, sei que eles fizeram isso em parte  por minha causa.
Foi estranho ver Miguel ali diante de mim inerte, nos últimos dias ele mais parecia um estranho do que o jovem que um dia eu amei, mas depois dessa experiência acabei por bloquear qualquer sentimento que viesse a ter com alguém, mas estranhamente aquele jovem loiro não saía dos meus pensamentos, isso se devia a Hennrry, Léo e meus pais falarem dele?


Fui para o meu quarto assim que terminei de lavar a louça, meus pais e Lara já havia se recolhido, tomei um banho e depois de colocar uma cueca adormeci. 

Ao sair do quarto ao amanhecer, meus pais estavam sentados no sofá abraçadinhos, eles nem notaram que eu me aproximava, era tão bonito ver como eles se tratavam mesmo depois de dezoito anos juntos, era esse o modelo de família que um dia eu pretendia construir. Assim que me viram meu pai Martin falou:

_ Bom dia filhão.

_ Bom dia pai.

Dei um beijo em cada um e sentei de frente para eles, Lara ainda não havia acordado.
Resolvi conversar com eles um assunto que a dias ando querendo ter:


_ Lara ainda está dormindo?

_ Sim, quer conversar alguma coisa conosco Valentim, sempre que você vem com um assunto que a Lara não pode ouvir é assunto sério.

_ De certa forma pai, eu já vou completar dezoito anos, acho que está na hora de arrumar um emprego e sair de casa, o que acham?

Meu pai Isaac balançou a cabeça em negação na mesma hora:

_ Não, não e não Valentim, nem pensar. Você ainda não terminou os estudos, e não quero você morando fora.

_ Valentim, entenda, seu pai e eu temos muito orgulho de você, você é um rapaz responsável e sabemos que um dia vai querer ter o seu espaço, um espaço só seu, mas não acho que esse seja o momento propício filho, você não tem uma renda a qual possa se manter, e a jornada trabalho/estudo desgasta muito e nossa resposta no momento é não. 

_ Eu só não quero depender de vocês pelo resto da vida, preciso de um trabalho, um espaço meu como vocês mesmo falaram.

_ Não insista Valentim seu pai já disse não - bufou meu pai Isaac. 

Não adiantava reclamar, nenhum argumento por mais convicto que fosse iria fazê-lo mudar de opinião naquele momento, então resolvi que tentaria de uma outra vez. O assunto agora era o que eu pretendia fazer no dia do meu aniversário:

_ Já pensou no que fazer no seu aniversário, uma festa quem sabe?

_ Festa? - Disse Lara aparecendo interrompendo papai Martin que falava: 

_ Bom dia intrometida.

Lara sentava no meu colo circulando os braços em torno de meu pescoço:

_ Bom dia seu chatinho. bom dia papais. 

Os dois responderam ao mesmo tempo:

_ Bom dia princesa. 

_ Vocês estavam falando festa? - animada ela nos olhava causando risos em todos: 

_ Sinto decepcioná-la maninha, mas não quero nenhuma festa.

_ Ah! seu chato, nananão, nada disso, vamos sim preparar uma festona afinal não é todos os dias que meu irmão mais gato faz dezoito anos. 

Meus pais riam:

_ Aéh né, seu irmão mais gato e único né espertinha. 

Ela me olhava com uma expressão engraçada juntando as mãos em sinal de prece:

_ Festa, festa, festa. 

_ Tá bem... pode fazer a festa. 

Começava a fazer cócegas nela e ela se contorcia rindo sem parar. 

Tomamos café e depois seguimos cada um para sua rotina, meus pais levaram Lara para casa da amiguinha para que elas fossem juntas para a escola, depois os dois me levaram para a faculdade, e de lá seguiram um para o hospital e o  outro para empresa de construção. 

Encontrei Léo e Hennrry logo que entrei, engatilhamos um assunto e depois fomos para a sala. No meio da aula notei que Gabriel me olhava, eu notei isso por que eu também o olhava, e nosso olhar volta e meia se cruzava, mas ele logo tratava de desviá-los, no meio da aula porém Bárbara se aproximou sobre o olhares curiosos de todos: 

_ Depois da aula será que podemos conversar?

_ Não pode adiantar o assunto?

_ Não! _ eu o esperarei no pátio, e claro venha sozinho.

Ela lançou um olhar atravessado para o lado em que Léo e Hennrry se encontravam. Nesse momento vejo Gabriel buscar o meu olhar insistentemente, involuntário eu lhe ofereci um sorriso afim de tranquiliza-lo o que parece que não funcionou. 

Ao término da aula, Bárbara e sua gangue já deixava a sala enquanto eu sem pressa arrumava minhas coisas, novamente Gabriel se aproximou:

_ Valentim!

_ Gabriel?

_ Eu devia imaginar que minha irmã não deixaria isso passar em branco, ela jamais foi desafiada, isso é quase uma afronta para ela, toma cuidado com ela.

_ Não precisa se preocupar Gabriel, ela só tem esse poder todo por essa razão, as pessoas tem medo de confrontá-la, mas quando ela perceber que existem pessoas que não sucumbe as suas vontades fará ela refletir. 

_ Temo ter que me preocupar sim Valentim, eu sei do que minha irmã é capaz para satisfazer o ego dela, você é muito corajoso para tentar fazer ela enxergar que existe vida além do umbigo dela, mas nunca ninguém ousou não fazer os caprichos dela entende. 

Já estávamos saindo Léo e Hennrry passaram por Bárbara que estava a minha espera, assim como Gabriel que parou diante dela em silêncio ela esperava que ele nos deixasse:

_ O que quer Bárbara? - questionei depois que Gabriel se afastou:

_ Te fazer uma proposta. 

_ Que tipo de proposta?


Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora