Há poucas horas atrás havia compartilhado com Valentim algo de muito íntimo que havia me despertado pensamentos impactantes, eu me imaginava sendo dominado pelos braços fortes de Valentim, aquela boca a deslizar por cada parte do meu corpo e o incrível era que se em pensamento já me deixava excitado quando a concretização se realizasse de fato eu ficaria totalmente rendido. Alias eu já me encontrava rendido antes mesmo que a concretização acontecesse.
Aquela tarde, cada beijo, cada toque, cada gestos e palavras foram intencionalmente com segundas intenções, e embora eu nunca tenha tido a experiencia de me entregar a alguém, se o tempo permitisse naquela tarde eu teria permitido Valentim fazer o que ele quisesse com o meu corpo porque todo ele pertencia a ele.
Uma batida na porta me tirou do devaneio era minha irmã, ela que invadia o meu quarto sem ser convidada:
_ Hei, mamãe tá perguntando se quer pizza no jantar?
_ Não sei, talvez.
_ Então vai avisar a ela que eu não sou sua empregada.
Nesse exato momento meu celular começava a vibrar, antes mesmo que eu alcançasse o aparelho ela já o segurava nas mãos, por sorte eu havia colocado senha e ela não conseguiu visualizar quem me mandava mensagem:
_ Bárbara me devolve o meu celular?
_ Quem tá te mandando recados, agora está todo misterioso, sumindo depois da faculdade, recebendo recadinhos, fazendo amizades novas, você sempre foi só por que a mudança Gabriel?
_ Você acertou minha irmã fiz amizades novas, isso funciona que tal você tentar encontrar pessoas legais para conviver, quem sabe assim você aprende a ser gente e aqueles mongoloides que te cerca também aprendam.
_ É evidente que está me escondendo algo, mas por hora vou deixar que veja o seu recado, hoje eu já me estressei demais com aquela mulherzinha do salão, tudo o que eu preciso é descansar um pouco, mas não pense que eu não descobrirei o que anda escondendo.
_ Não conte com isso - disse a sua saída.
Coloquei a senha no celular e abri o aplicativo do whats onde tinha um recado de Valentim:
"_ Biel, Biel o que você fez comigo hoje, caramba, você está me enlouquecendo, não consigo te tirar dos pensamentos, se não fosse tão cedo para dizer isso poderia facilmente dizer que estou completamente apaixonado por você, mas como o coração não tem relógio eu acho que sim eu estou mesmo apaixonado".
Um sorriso bobo surgiu no meu rosto, e eu respondi no mesmo instante:
"_ Não sabe como foi difícil para mim ter que te deixar naquele momento quando na verdade eu não queria estar em outro lugar que não em seus braços, mas infelizmente eu tinha pouco tempo e precisava ir, teremos nova chance?"
Demorou só o tempo da visualização e ele já começava a responder:
"_ Se teremos nova chance, está brincando comigo, claro que teremos, você me instigou e me deixou na mão e lembro de uma promessa que o senhor me fez que de uma próxima vez me recompensaria, se esqueceu eu não"
"_ Eu tenho o costume de cumprir com minhas promessas, essa é uma regra básica dos Synclair, mentira eu inventei essa regra agora"
Risadas das duas partes:
"_ Adorei a corrente, você poderia ter me entregue"
"_ E correr o risco de voltar para aquele quarto e você não me deixar sair?"
"_ Esteja ciente que uma próxima vez não escapará"
"_ Eu não pretendo escapar"
Ficamos trocando mensagem por longos momentos, até esqueci de avisar para minha mãe sobre a pizza, só lembrando quando ela batia na porta me chamando para jantarmos.
Me despedir de Valentim mesmo por mensagem estava ficando difícil suportar.
Minha mãe havia pedido a minha pizza favorita, frango com catupiri, eu peguei uma fatia e um copo de coca-cola e sentei a mesa junto as duas porém novamente nem nos falávamos, meu pai ainda não havia chegado, ele estava com amigos em um bar, minha mãe não ousava reclamar. A verdade era que nem ele e nem minha mãe gostava de ficar em casa, isso os entediava, não sei se era assim enquanto eles estava em viagem ou era em casa mesmo que os entediava pela presença de Bárbara e eu que os irritava, será que era o fato de que em casa eles eram pais, e em viagem eles eram livres?
Já estava acostumado com a cena dele chegando tarde da noite, cheirando a álcool e ele e minha mãe brigarem. Isso era rotineiro quando os dois estavam em casa.Eu nem me importava, pois acreditava que todo casal passava por crise, mas ao conhecer a família de Valentim passei a questionar-me que tipo de família eu tinha, uma irmã manipuladora que passava por cima de qualquer um para conseguir o que queria, uma mãe que fechava os olhos para tudo, omissa na criação dos filhos, fútil seu refúgio era gastar, assim ela esquecia dos problemas, um pai tirano que sempre ditava como nós teríamos que nos comportar, impunha regras de bom costumes mas ele mesmo não as seguia, era para dizer a verdade um agressor, mesmo que ele não levantasse a mão para nos bater nos agredia de forma verbal o que se tornava ainda pior.
Era final de semana, meus pais resolveram que nós iríamos para nossa casa de campos, eu tinha que dar um jeito de fugir desse programa de índio, se eles me permitissem ficar eu poderia passar o final de semana com Valentim sem me preocupar com eles e Bárbara, ela que estava toda animada com a viagem, já eu inventei uma dor no estômago, agora era convencê-los a ir sem mim:
_ Anda Gabriel, vamos - me apressava minha mãe:
_ Eu estou com muita dor de estômago, não estou me sentindo bem, vão vocês eu ficarei aqui em casa.
_ Não sei se o seu pai vai deixar você ficar aqui sozinho.
_ Com um monte de empregados que essa casa tem onde eu estarei sozinho mãe?
_ Não sei Gabriel. Denis o Gabriel não está bem.
_ O que esse garoto tem, eu não posso ficar, irei encontrar o Sampaio lá para conversarmos, fica você com ele.
_ Não precisa mãe, vai com o pai e a Bárbara, eu vou tomar um remédio e deitar, a Maria cuida de mim.
Sorri para Maria a empregada mais velha da casa, estava conosco desde o tempo em que éramos crianças, acho que ela nos conhece muito mais do que minha mãe, era nítido que ela sabia que eu estava mentindo mas sustentou a minha mentira:
_ Pode ir sossegada dona Cindy eu cuidarei do nosso doentinho.
_ Então se é assim vamos logo Cindy, eu pretendo chegar ainda hoje na casa de campo, se ficarem enrolando demais deixarei vocês aí.
_ Calma Denis, a Bárbara já está descendo.
E lá vinha ela, arrastando duas malas:
_ Bárbara minha filha, você vai passar apenas dois dias na casa de campo, não vai morar lá.
_ Ah pai, eu preciso disso, são meus produtos de limpeza de pele, meus shampoos, cremes, não posso passar sem isso.
E assim eu consegui o que eu almejava ficar livre para passar o final de semana inteiro ao lado de Valentim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)
RomanceEm meio a pessoas preconceituosas, Valentim luta para está junto a pessoa que ama, muitas coisas os mantém separados, a inveja de pessoas maldosas, o preconceito dos pais de Gabriel, as diferenças sociais econômicas, o medo da rejeição, entre ou...