Prólogo

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"Here's a simple song, won't stop the rain from coming down or your heart from breaking. [...] It's just a simple song, nothing right or wrong, you can sing along if you want to." (m. Simple Song – Passenger)


O azul sempre marcou a vida do canadense Killian Jones, colorindo quase todos os momentos importantes, mesmo que não o fizesse de maneira proposital. E se fosse possível justificar tais fatos, não hesitaria em acusar uma provável herança genética.

Vanessa Dara Jones era a responsável por tal crença e orgulhava-se em ver o neto seguindo seus passos. A senhora passava horas compartilhando anedotas sobre o céu, mar, sol e todo universo, repetindo-as exaustivamente até que seus dois meninos preferidos as soubessem até mesmo de trás para frente.

Killian e seu irmão Liam jamais reclamaram sobre isso.

E como se já não bastasse o encanto da mais velha pelas histórias sobre os astros e elementos da natureza, seu próprio nome fora pensado e escolhido exatamente por remeter tais coisas. "Vanessa", segundo o que lhes foi dito, significava borboleta – sua preferida?! A de asas azuis, é claro. Quanto ao "Dara", seu nome do meio, trazia outra confirmação dessa ligação tão forte e íntima com o místico, homenageando as estrelas.

E Killian sempre brincava com isso.

— Oh, minha Estrela Dara! – um garotinho de seis anos começou a proclamar, fazendo a família rir de sua teatralidade insuportavelmente doce.

Jones vestia a blusa listrada do pai, levantando os pequenos braços ao mostrar o excesso visível de pano em seu corpo.

— Veja só quem está vestido devidamente como um marinheiro! – a avó respondera com um sorriso largos nos lábios.

— Eu posso ser marinheiro também, vovó? – Liam perguntou ao juntar-se à dupla.

— É claro que pode, meu querido. Vocês dois serão os melhores de todo o mundo!

— Ei! – Brennan repreendeu a mãe de maneira divertida, fazendo seus dois filhos gargalharem por ter sido excluído da classificação.

— Li pode ser o capitão e eu o pescador que cuida da fazenda.

— Ah é?! E por que isso?

— Porque eu não quero ir embora daqui. – deu de ombros e, virando-se para o irmão, continuou. – E ele é o mais velho.

— Ainda bem, porque eu não quero ser fazendeiro. – Liam replicou com uma careta.

— Combinado então, meus garotos. – a senhora disse encantada pela sabedoria tão inocente de seus pequeninos.

— Vovó! – Liam chamou.

— Sim?

— Nós vamos ser sempre amigos, não é?

— É claro que sim, meu príncipe.

— Até a senhora virar estrela de verdade? – Killian indagou.

E ela teve que sorrir ao ouvir tal questionamento.

Dara, como gostava de ser chamada, sempre falava de sua morte, do dia em que teria que partir para se tornar um verdadeiro corpo celeste – e estava feliz que seus netos acreditavam em tal teoria, pois sabia que lhes seria reconfortante quando, de fato, falecesse.

— Exatamente. – confirmou. – E em cada borboleta e céu azul que vocês tiverem a oportunidade de ver... eu estarei lá.

— Até no nosso olho? – o menor perguntou confuso.

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora