Mais fácil

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"You with the sad eyes, don't be discouraged. Oh I realize it's hard to take courage in a world full of people. You can lose sight of it all and the darkness inside you can make you feel so small. But I see your true colors shining through." (m. True Colors – Cyndi Lauper)


Era a primeira semana do verão e o calor marcava presença durante a maior parte do dia, dando espaço apenas para as chuvas torrenciais do final da tarde ou noite. Portanto, era quase certo que os residentes e hóspedes do Rancho Troll Bridge acordariam com brisas frescas, resquícios da ventania da madrugada, ou com o cheirinho de orvalho no ar, pela precipitação noturna.

Ah, e aquele cheirinho de terra molhada!

O lado bom da estação era que as cabines estavam todas ocupadas e, ainda, as atividades extras eram constantemente requisitadas. Killian acompanhava grupos em trilhas e até mesmo na tirolesa, que David conseguira inaugurar, e Emma seguia o mesmo ritmo com os clientes que solicitavam passeios a cavalo. Eles, também, começaram a agendar os primeiros grupos de observação do pôr do sol, embora alguns preferissem fazê-los ao raiar do dia.

Toda rotina se alterava pela correria, mas era sempre gratificante ver o sorriso estampado no olhar de seus visitantes.

Naquela manhã, Swan havia cuidado da alimentação dos animais sozinha, bem antes do horário do café da manhã, deixando Jones livre para ir à horta o mais rápido possível. Não que seu trabalho ali fosse muito, pois limitara-se a retirar o excesso de água da chuva que caíra na noite anterior, mas apenas na intenção de deixa-lo compartilhar uma refeição com o filho sem muita pressa – algo que, durante o verão, sabiam que seria complicado.

— Papai? – o garotinho chamou, ainda mastigando seu pedaço de bolo.

— Tenta não falar de boca cheia, amigão. – o homem replicou, limpando o queixo do filho com um guardanapo. – Mas o que foi?

— Você acha que a chuva é coisa da bruxa?

— Não, a bruxa só quer fazer mal para a princesa, mas fique tranquilo que ela e os amigos conseguem derrotar qualquer magia, tá bom? – replicou sem se importar com a temática, pois aprendera que repreender ou corrigir as fantasias do filho a todo instante não era tão saudável. E ele não tinha tempo para aquilo no momento. – E minha avó, sua bisa Dara, falava que as chuvas são mandadas pelo Papai do Céu.

— Até a chuva grandona? – indagou com os olhinhos arregalados.

— É que às vezes a nuvem fica tão fofinha de tanto engolir água, mas tão fofinha, que não consegue segurar e acaba derramando tudo de uma vez só. – tentou explicar.

— Igual xixi? – Danny perguntou novamente, arrancando uma risada do pai.

— Isso, filho, igual xixi...

Daniel estava crescendo rápido e a cada dia desafiava mais e mais seu pai, perguntando coisas indevidas ou criando hipóteses mirabolantes, mas ele não trocaria aquilo por nada.

Aquele garoto era sua maior benção.

— Tia Emma! – a voz fina do menino gritou, apontando para a loira que caminhava na direção dos dois.

Swan usava seu jeans e botas usual, agora, porém, optava por completar apenas com uma camiseta para suportar todo o calor – e, talvez, desafiar Killian a não encará-la tanto, apesar de que ele sempre falhava na missão. Mas sem arrependimentos.

Era cada vez mais visível que ambos sentiam atração pelo outro e desejavam saciar de vez tais necessidades, mas muita coisa estava em jogo. Jones era funcionário dos pais da loira, morava ali de favor e não poderia arriscar perder aquele emprego, além do fato de que o homem ainda estava quebrado. Ele não tinha se aberto completamente para nenhum deles, embora Emma suspeitasse que ele havia contado a seu pai algumas outras coisas importantes.

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora