É por você

1.3K 76 568
                                    

"And I would answer all your wishes if you asked me to. But if you deny me one of your kisses, don't know what I'd do. So hold me close and say three words like you used to do. Dancing on the kitchen tiles, it's all about you." (m. It's all about you – McFly.)


A cozinha da cabana estava uma bagunça. Cascas de ovos e caixas de leite ocupavam boa parte da ilha que, agora, estava forrada com uma bela camada de farinha de trigo.

Sentado no meio do caos culinário, Daniel observava o pai, escorado no balcão bem ao seu lado, ler e reler um caderno de receitas. E, carregando olhares perdidos e confusos, ambos os Jones tinham os rostos completamente sujos com os ingredientes que usavam, tentando decifrar qual o próximo passo do preparo.

— Era bem mais fácil quando o papai só tirava a massa da caixa e colocava na frigideira, não é? – o mais velho disse à criança, fazendo-a rir.

— Sim... E a gente bagunçou tudo! – Daniel respondeu divertido.

— Depois nós limpamos, agora temos que decifrar esse garrancho da sua avó aqui. – ele continuou. – A culpa é dela que não estamos conseguindo fazer simples panquecas!

— E se ficar ruim e a mamãe cuspir tudo?

— Ela não vai fazer isso! – retrucou, sutilmente ofendido com a hipótese do filho. – Nós somos os Jones e arrasamos na cozinha!

— Não com a letra da vovó. – pontuou com outra risada, fazendo o pai acompanhá-lo.

— Você está cada dia mais esperto, hein?! – ele admirou por alguns segundos, levando umas das mãos aos cabelos do menino para bagunçá-lo.

— Tá sujo, papai! – o Patinho resmungou.

— E isso só me lembra que, além dessas panquecas, temos que tomar banho antes da sua mãe acordar. – pontuou. – Ela não vai querer abraço de nenhum de nós desse jeito.

O outro apenas meneou com a cabeça de maneira afirmativa, fazendo Killian voltar para sua leitura e tentar compreender a lógica dos escritos de Mary.

Enquanto isso, Daniel concentrava-se em reunir, com suas pequenas mãos, uma boa quantidade de farinha espalhada pela mesa. E, se pudesse ver o sorriso travesso do garoto, o canadense saberia dizer rapidamente que o filho aprontava algo...

— Pai!

— Sim?! – retornou sem tirar os olhos da página.

— Pai! – insistiu.

— Já respondi, Danny. O que é?

— Olha para mim! – o pequenino suplicou, já com a mãozinha suspensa no ar.

E, quando Killian rendeu-se ao pedido, virando seu rosto, a criança prontamente soprou o conteúdo de sua palma, deixando o rosto do moreno completamente coberto pelo pó branco da farinha.

A gargalhada de Daniel preencheu todo o cômodo, deixando impossível a missão de repreendê-lo por aquilo. Tudo o que lhe restava, então, era acompanhá-lo nas risadas.

— Seu traidor! – acusou de maneira divertida.

— Agora você parece o Olaf, papai. – disse risonho.

— Então vem cá me dá um abraço quentinho! – replicou, aproximando-se do menino com braços abertos.

Por mais que quisesse não participar daquele momento e sujar-se ainda mais, Danny não tinha escolha, pois ainda era pequeno demais e estava sentado em cima do balcão. Era impossível fugir. E, por isso, recebeu o carinho apertado do pai e, ao invés de reclamar, aproveitou – afinal, ganhar abraços de seus pais era uma das coisas preferidas da criança.

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora