Nem Romeu, nem Julieta

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"Oh, once in your life you find someone who will turn your world around. Bring you up when you're feeling down. Nothing could change what you mean to me. There's lots that I could say but just hold me now 'cause our love will light the way." (m. Heaven – Bryan Adams)


Emma quase cedeu às suas súplicas para dormir com Killian.

Ele quase foi mais feliz por isso.

A verdade é que muito daquilo era sua culpa, já que a exigência de manter tudo em segredo, por Daniel e seu emprego, tinha a sua assinatura como responsável. A loira apenas concordou. Ele não se arrepende do que fez, obviamente, pois sabia que era a melhor solução para não sobrecarregar seu filho e a si próprio, entretanto, nada daquilo fazia sentido mais.

Jones passou a noite em claro, decidido a conversar com David assim que acordasse e, com isso, elaborando seus possíveis quinze discursos e todas as saídas para as prováveis tragédias conseguintes. Pensou também em Archie e no quão orgulhoso o psicólogo o fez se sentir com todos os avanços que tivera em seis meses. E ele não estava exagerando, sabia que tinha conquistado muitas coisas desde que saíra de Nova York.

E agora ele finalmente estava mais aberto para os sentimentos.

Certo, talvez ele não conseguisse proferir as três palavras mágicas para Emma ainda, mas é como se ele se sentisse em um estado normal e natural de novo. Era semelhante ao que sentia quando se apresentava, cada nota ressoando em seus ouvidos e vibrando na ponta dos dedos que tocavam as cordas do violão.

Killian sentia a música, que era sua paixão. Seu primeiro amor.

Ele também sentia Emma.

A dedução era lógica.

Vendo o display do celular mudar para 5:05 da manhã, Jones optou por roubar uma tática de sua namorada, era sua vez de agir. E, ignorando as poucas horas de sono (ou cochilo) que tivera, levantou-se apressadamente da cama e começou a se arrumar para o dia de trabalho.

Antes de tudo, ele precisava ver sua loira.

E então, certificando-se de que o filho dormia profundamente e colocando o despertador para o horário usual da criança, saiu de sua cabana, indo em direção ao casarão.

Era uma cena ridícula, ele sabia. Pular a janela de Emma não tinha passado por sua mente no planejamento, mas, já que não poderia simplesmente fazer como ela e bater na porta, era sua única saída. Apesar disso, pelo menos agradecia por não ter que subir em nenhuma escada, já que a casa tinha somente um andar e Killian teria apenas que rodeá-la e encontrar o cômodo em que Swan dormia – o que não foi uma tarefa difícil.

O moreno tentou bater no vidro por três vezes, mas acabou desistindo ao ver que a namorada ainda não tinha levantado. E foi então que percebeu que não somente entraria no casarão pela janela, como também o faria isso sem mesmo Emma saber.

E Killian achou que se arrependeria disso, mas assim que a viu deitada em sua cama, todo e qualquer pensamento se esvaiu.

A loira estava abraçada a boa parte de sua própria coberta, tão aconchegada na maciez do pano quanto o filho ficava com o patinho de pelúcia que ganhara recentemente. E talvez ele pudesse descrever a cena somente com o teor adorável dessa primeira observação, mas isso somente se não tivesse se atentado ao fato de que Emma estava usando camiseta e shorts de pijama bem curtos. Sem sutiã.

Ela seria sua própria ruína, estava certo disso.

O canadense tinha consciência de que ambos apresentavam certa dificuldade para lidar com aquela tensão sexual, consequentemente, então, esse era o tipo de teste que ele não estava preparado para ser avaliado. E bastou um olhar para que ele já fosse digno de reprovação.

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora