O que me mantém de pé

1K 66 401
                                    

(Perdoa as manips ruins e não desiste de mim...)

"Later on, we'll conspire, as we dream by the fire to face unafraid the plans that we've made walking in a winter wonderland." (m. Winter Wonderland – Hannah Kerr version)


Eles podiam ouvir os morcegos voando do lado de fora tamanho o silêncio. No cômodo, porém, ecoava apenas o tintilar dos talheres e copos sendo usados pela família.

Treze pessoas em mudez completa e num absurdo desconforto, inibindo até mesmo as crianças de falarem. E Emma queria gritar com a mãe pela infeliz ideia.

A mesa da sala de jantar, apesar de grande, não era o suficiente para acolher todos, portanto, as crianças tiveram que ficar no colo de seus respectivos pais. Não que isso fosse incômodo, entretanto, com o pouco espaço reservado, Killian acabou sentando-se de frente para Brennan e Liam, e isso apenas intensificou o clima tenso do ambiente.

O moreno quase não comia, atendo-se quase exclusivamente em alimentar o pequeno Daniel e usando isso como desculpa para sua falta de apetite, bem como para a baixa frequência que encarava alguma alma viva ali. Ou, pelo menos, alguma acima dos cinco anos de idade.

— Mamãe? – Danny chamou sussurrando enquanto o pai preparava uma nova colherada para ele.

— Sim, meu amor?! – respondeu em mesmo tom, inclinando-se na cadeira para ficar mais próximo dele. – Já está satisfeito?

Ele chacoalhou a cabeça negativamente.

— Não é isso... já terminou a brincadeira de ficar calado? – indagou curioso. – Eu não quero perder.

A loira teve que rir do filho.

— Não estamos brincando, Patinho. Só... não temos assunto. – esclareceu brevemente.

— Então podia falar esse tempo todo? – questionou, expressando claramente sua indignação e arrancando a atenção de todos na mesa, pois desistira de murmurar e, com isso, até mesmo Zelena ao final da mesa podia ouvi-lo.

— Não era a brincadeira do "vaca amarela"? – foi Ellie quem perguntou, tão injuriada quanto o primo.

— Não, querida. – Jamie disse à menina, mordendo o lábio inferior para conter sua gargalhada.

— Mas não existe nenhuma vaca amarela. – Danny retrucou.

— É só a brincadeira! – Ellie retornou mais animada. – Você fala "vaca amarela pulou a janela, quem falar primeiro come o cocô dela" e todo mundo tem que ficar calado.

— Mas por que? – o mini Jones inquiriu com as sobrancelhas franzidas, claramente não compreendendo o objetivo daquele jogo.

Os adultos, por outro lado, apenas observavam a troca de informações entre as crianças, encantados com a inocência e leveza da infância. Nenhum dos dois parecia ter maiores problemas com a mudez anterior, aliviando-se por se sentirem livres para falar novamente e apenas seguindo em frente, algo que os outros eram incapazes de fazer.

— Não sei, mas a gente faz isso o tempo todo na escola. – deu de ombros.

— Eu só faço desenho na minha. – Danny comentou, mudando radicalmente de assunto, como toda criança que se cansa do tópico atual.

— Você ainda não aprendeu a ler?

O outro negou com um gesto, entristecendo-se logo em seguida.

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora