Constrangimentos

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"I'm surrounded by a million people I still feel alone and I wanna go home." (m. Home – Blake Shelton.)


O sol raiava novamente, anunciando um novo dia de aparente céu limpo, e os agraciando com o clima ameno usual do mês de março.

Ainda era primavera e bastava sair de casa, ou olhar pela janela, para vislumbrar uma explosão de cores das flores e frutos, bem como animais por toda parte, dos travessos esquilos em busca de comida às borboletas majestosas dançando com o vento.

Visualmente, aquela era a época preferida de Emma. O rancho de seus pais ficava absurdamente belo e ela nunca se cansava da vista que tinha ao acordar – independente do horário, sabia que teria o melhor "bom dia" assim que abrisse seus olhos.

Como sempre faziam, especialmente nas estações mais quentes, a loira e sua mãe já estavam despertas há algum tempo, ajeitando o café da manhã dos Nolan e dos clientes.

Mary tinha a culinária como sua maior paixão e, por isso, já era de se esperar que a senhora levantasse mais cedo que todos para começar os preparativos. Não era segredo que ela amava toda e qualquer oportunidade de encher a mesa com convidados, logo, não era espanto algum ver o local repleto de pães, biscoitos, bolos, sucos, café e tudo aquilo que a morena pudesse fazer. E Swan, querendo ou não, deveria acompanha-la para ajudar.

E, claro, o prazer que Mary Margaret sentia por oferecer tais banquetes era a única razão que os Nolan ainda não haviam retirado a refeição do pacote de estadia.

Ao longo dos anos, eles foram cortando alguns serviços, pois começaram a ficar sobrecarregados. Já era difícil cuidar de uma fazenda e dos animais ali, preparar todas as refeições para os hóspedes, fazer trilhas e serviço de quarto era uma tarefa impossível! Por esse motivo, optaram por reforçar as cabines, colocando nelas geladeiras e mini fogões para que seus hóspedes passassem a ser responsáveis por suas próprias comidas, bem como formulando um sistema de agendamento prévio das trilhas, deixando-os mais livres para organizarem suas tarefas obrigatórias pela propriedade. Entretanto, o café da manhã fora poupado, pois aquilo dava sentido à rotina de Mary.

E ela merecia isso.

— Você fez os bolos ontem à noite? – indagou a filha.

A outra assentiu.

— Sim, e já estão na mesa. Não se preocupe. – garantiu. – Resolvi fazer também um de chocolate para Daniel, acha que ele vai gostar?

— Mãe, ele é uma criança. Por qual motivo não gostaria? – a loira riu. – Quero dizer, isso se o pai permite que ele coma essas coisas...

— Eu acredito que sim. Talvez. – a senhora deu de ombros, pegando as jarras de leite fresco na geladeira.

Antes de depositá-los na área externa, porém, a mais velha parou por um instante, encarando a filha com um sorriso travesso antes de completar:

— Por falar em Killian... ele é bonito, não é?

— Eu acredito que sim. Talvez. – Emma imitou a morena, arrancando uma risada da mesma. – Mas também é muito sério.

— E desde quando você ficou ingênua assim?

— Eu não sou ingênua! – defendeu-se, seguindo a mãe.

— Querida, eu o vi no nosso jantar. A forma como ele brincou com seu pai e com o filho dele, além do desafio de vocês, me provou exatamente o contrário do que você disse. – a senhora começava. – E Killian é muito educado também, ontem mesmo veio até a cozinha só para me agradecer pelo café!

Outro tom de azulOnde histórias criam vida. Descubra agora