Capítulo 51

2 0 0
                                    


A festa segue para um apartamento na orla de Copacabana. Preciso admitir que, embora às vezes eu acredite ter ganho bastante dinheiro nos últimos meses, não é nada comparado à cobertura deles. Deixamos os dois carros na garagem do edifício e subimos até o décimo oitavo andar. O lugar tem móveis claros e lembra aquelas casas de revistas. Eles oferecem o longo sofá da sala principal.

— Que tal um vinho? — pergunta Cauê, diante da adega. — Tinto ou branco?

Ezra e eu nos entreolhamos.

— Tinto — respondo. — Vinho branco é coisa de marica.

Cauê ri, sem graça. Ele não pode me condenar. Aquela situação toda é estranha o bastante e praticamente me obriga a fazer piadas constrangedoras na tentativa de quebrar o gelo. Gabrielle traz as taças, e ele nos serve.

— Tenho aqui um que guardei para uma ocasião especial — conta Cauê. — Vinho do Porto. Safra de 1990.

Eu me pergunto o motivo de aquela ocasião ser especial. De qualquer maneira, nunca liguei muito para vinhos. Um bom uísque é mais o meu negócio.

Eles se sentam. Cauê prepara um baseado e o acende. O cigarro passa por todos na sala.

— O que conta de bom, Alex? — ele pergunta.

Estou sem saco para amenidades, e provavelmente já esgotei minha paciência durante a festa. No entanto, para minha salvação, a campainha toca no momento em que penso na resposta.

— Acho que é ela — Cauê comenta, embora eu não faça ideia de sobre quem ele está falando.

Gabrielle se levanta e vai até a porta.

— É mesmo ela — confirma pelo olho mágico.

A atriz abre a porta. Uma loira de cair o queixo espera do outro lado, com um vestido amarelo tão justo que me permite sonhar com suas curvas mesmo acordado. Ela tem as pernas bronzeadas – provavelmente graças à exposição diária ao sol nas praias cariocas. O decote provocativo cobre apenas metade dos peitos.

— Deixe-me apresentá-la a você — diz Cauê. — Esta é Naomi.

Posso ver de longe que ela é profissional, então aquele deve ser um pseudônimo. Ela entra e nos cumprimenta um a um, deixando uma marca de batom no meu rosto. Não posso negar: meu pau sobe imediatamente.

— Bem, veja a hora! — diz Ezra. — Infelizmente eu tenho que ir.

Lanço um olhar a ele, estranhando a saída repentina. O que esse agente pervertido anda tramando?

— Já vai embora?

— Preciso ir, Alex. Esqueci que minha filha vai dormir na minha casa, hoje.

— Você tem filha?

— Sim, tenho — ele responde, um pouco decepcionado por eu não saber.

— Podemos dar uma palavrinha?

— Claro.

Ezra e eu vamos até um corredor próximo à sala, onde eles não podem nos escutar.

— O que você está aprontando?

— Eu tenho que ir, só isso.

— Você não me falou nada sobre isso. Foi tudo planejado. O que essa gente quer?

— Você prestou atenção na loira que acabou de entrar?

— É claro que sim. Ela tem um decotão e tudo. Como eu poderia não prestar atenção nela?

— Então, é por isso que eles convidaram você.

— Como assim?

— Alex, eles querem... uma festinha particular. Achei que te faria bem.

— Você quer dizer...

— Isso mesmo.

— Oh.

Ficamos em silêncio enquanto eu absorvo toda a droga da informação pela qual não estava esperando.

— E então? — ele me pergunta. — Não vai amarelar agora, vai?

— Claro que não. Onde já se viu? Você pode ir embora. Tchau.

Dou as costas para ele, mas, de súbito, me lembro de fazer uma pergunta um tanto quanto importante.

— Ele não é...

— Ele não, mas ela sim. Bom, não que eu saiba, ao menos. Eles gostam de uma farrazinha com alguém diferente vez ou outra.

— Ninguém pode culpá-los. Casamento deve ser mesmo um saco.

— Por que você acha que minha filha não mora comigo?

— Sei lá, eu nem sabia que ela existia até um minuto atrás.

Voltamos à sala. Ezra se despede e deixa o apartamento. Ficamos os quatro sozinhos na sala.

— Mais vinho? — Cauê pergunta.

Todos aceitam, e ele volta a encher as taças. Tenho a leve sensação de que o anfitrião tenta embebedar os convidados. Aquela safra me parece bastante forte, e em pouco tempo estou mais leve e sorridente.

O papo continua sobre qualquer coisa que não me lembro e não importa. Nunca sei sobre o que estou conversando depois que começo a ficar bêbado. Ouço alguma coisa sobre Naomi tentar ser modelo. Não consigo prestar atenção nos detalhes, mas ela provavelmente não vem sendo bem-sucedida; caso contrário, não estaria naquele apartamento. Vejo duas mulheres se beijando. É algo que não passa despercebido. Encaro Cauê, que dá uma risadinha, como quem tenta me tranquilizar. Ele é inocente, e não sabe de nada. Já fiz muitas viagens na estrada que ele atravessa pela primeira vez.

Em seguida, ele começa a deslizar a mão pelo ombro da própria mulher. Eu me sento ao lado de Naomi. Beijo o ombro dela, que retribui acariciando minha orelha. A mão desce pelo meu peito e vai até o meio das minhas pernas. Ela começa a me esfregar. Abro os olhos e vejo o casal ao meu lado. Ela tira a camisa dele, exibindo o peitoral firme. Maldita gente da televisão. Eles sempre têm o corpo definido porque não sobrevivem se não o tiverem. Naomi abre meu zíper e coloca meu pau para fora, me masturbando com movimentos rápidos.

Cauê não tira os olhos da gente. Ele larga sua mulher quase nua, se posiciona atrás de Naomi, e então começa a apalpar a bunda gigante dela. Posso ver a felicidade dele, que provavelmente não come nenhuma outra mulher faz tempo. Ele levanta o vestido de Naomi até a altura da cintura, deixando-a completamente desnuda do quadril para baixo. Ela está sem calcinha. Gabrielle, ainda no sofá, se aproxima e toca o meu rosto. O beijo dela é delicado, e posso sentir que ela está nervosa pela maneira como treme.

Do Jeito que o Diabo GostaOnde histórias criam vida. Descubra agora