CAPÍTULO 18 - DE NÓS
Todos caminhavam cabisbaixo e
silenciosos, afinal, não havia clima para conversa. Brooklyn olhou uma última vez para trás, vendo a ponte onde Winston estava se tornar cada vez menor. Até que ouviu algo que mais uma vez partira seu coração: o barulho do disparo ecoar por toda aquela vastidão do deserto.Todos pararam de caminhar ao ouvir aquele som, mas nenhum ousou olhar para trás, para a ponte. Brooklyn sentiu as pernas fraquejarem e os olhos embaçarem por conta das lágrimas, então caiu de joelhos na terra fofa e quente.
Olhando para frente, a garota viu Newt, o primeiro da fila, olhando para o lado, como se obrigasse a si mesmo a não olhar para trás. Cedrico estava lá também, de frente para o garoto, olhando para Brooklyn, como se tentasse lhe dizer algo. Mas seja lá o que ele tinha pra dizer, ela decidiu não dar a mínima.
A garota levantou-se e caminhou até Newt, ultrapassando todos os demais e o abraçou por trás, pousando sua testa nas costas suadas do garoto e sentiu as mãos do menino se levantarem e agarrarem as suas, que estavam na altura da barriga.
Igual e ao mesmo tempo diferente de Winston, Newt já havia tentado tirar a própria vida e não deseja aquilo a ninguém, Brooklyn sabia disso e também sabia o quanto o garoto estava devastado ao ver um amigo querido fazer o mesmo que ele.
Em um combinado silencioso entre eles, todos se mantiveram parados e quietos por um minuto, como se demonstrassem respeito a Winston. Antes de voltarem a andar, Brooklyn levantou a cabeça e respirou fundo, surpreendendo-se ao ver que Cedrico os abraçavam.
A cansativa caminhada retornou, dessa vez sem pausas, por mais umas duas ou três horas, Brooklyn não sabia ao certo, mas sentia a temperatura cair junto a noite. Se aproximaram de uma construção, onde combinaram acender uma fogueira e descansarem. Ao amanhecer, eles voltariam a longa caminhada.
Brooklyn analisou mais a construção de madeira e ferro que haviam encostado, se dando conta de que era um navio velho, tombado para o lado.
— Gente, isso é um navio — Brooklyn disse a ninguém especial.
— E o que isso significa? — Caçarola perguntou.
— Que isso aqui era pra ser o oceano — Brooklyn respondeu, olhando para o deserto ao redor.
Todos pararam para analisar, se perguntando o que havia acontecido com toda a imensidão de água que devia estar os afogando agora.
— Não vamos nos lamentar agora, pessoal — Newt disse sereno — Temos coisas a fazer.
Minho e Caçarola se encarregaram de acender a fogueira, enquanto Aris e Tereza (com quem Brooklyn havia decidido não perder tempo, nem fôlego, implicando) tiravam os sacos, as redes e as garrafas de água das mochilas e Thomas observava as silhuetas das montanhas.
Brooklyn rodeou o navio junto com Newt, para examinaram o contêineres que estavam ali, em busca de algo que os ajudassem, mas não havia nada mais do que um garrafão de cinco litros com água pela metade. E isso já bastava para eles.
Brooklyn recolheu as outras garrafinhas e voltou para dentro do contêiner com Newt para preenchê-las. Não trocaram nenhuma palavra, apesar de ambos desejarem que isso acontecesse.
Minutos mais tarde, se juntaram ao restante dos amigos e Tereza em volta da fogueira.
— Achei que fôssemos imunes — Minho disse, quebrando um pedaço de madeira e jogando na fogueira, visivelmente chateado.
— Parece que nem todos - Brooklyn respondeu.
- Se o Winston foi contaminado, talvez também role com a gente, né? - Newt perguntou.
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Scorch Trials and Burning Love [2]
Teen FictionNem todos haviam saído da Clareira, nem todos haviam sobrevivido ao labirinto e Brooklyn sentia muito por isso. Ela estava desapontada consigo mesma, por deixar isso acontecer, mas havia escolha? Para ela não, mas para Newt sim e ele havia escolhido...