CAPÍTULO 1 - LÁ
- Devia ir falar com ele - Um homem moreno, dos olhos castanhos e cabelos ralos, incrivelmente parecido a Alby, disse, se juntando a garota na mesa.
A menina não soube dizer se com "ele", o homem se referia a Newt ou Thomas, que estavam a metros de distância ao lado, conversando animados, sentados a uma outra mesa. O lugar em que estavam parecia um refeitório, mas a garota não sabia afirmar com precisão, pois novamente, tudo em volta estava em uma espécie de neblina branca perolada.
- Não - Respondeu a garota, ainda olhando para os meninos, fingindo não ligar - Eu sou uma criança, é assim que ele me vê.
A menina tinha certa razão em se sentir uma criança, pois não passava de uma. Seus cabelos castanhos claros batiam um pouco abaixo dos ombros, seus olhos cor de mel, que costumavam mudar de acordo com o clima, estavam, na verdade, verdes, pois fazia frio naquele possível refeitório. Tudo acentuando sua aparecia angelical de uma menina de apenas onze anos.
- É o que você pensa - O homem sorriu - Alby também apoia.
- Alby não se lembra nem de quem ele é, quem dirá de nós - Respondeu a garota, sem nem mesmo pensar no que falava.
Brooklyn sentiu seu coração se apertar. Ela podia fazer alguma coisa em que nada a separaria das pessoas que amava? Não! Ela sabia que era quase impossível, sabia que uma parte teria de partir para longe e mais uma vez, sentindo-se um pouco irritada, gritou mentalmente: "maldita C.R.U.E.L.!".
Finalmente, percebendo para quem havia falado, sentiu-se culpada e desviou o olhar dos garotos para as próprias mãos sobre a mesa, sentindo-se, também, envergonhada. De relance, olhou para o homem a sua frente, percebendo que ele havia parado de sorrir e que a culpa e tristeza havia caído sobre seus ombros também.
- Desculpe - Brooklyn pediu.
- Tudo bem, você tem razão - O homem disse, também olhando para os próprios dedos - Mas meu filho é forte e inteligente, não em defesa corporal, como você é, mas, ainda assim, ele é forte e inteligente. Ele vai se lembrar de algumas coisas e eu sei que uma dessas coisas será vocês, porque é com isso que ele se importa, principalmente com você, Brook.
A garota assentiu com a cabeça e esticou a mão sobre a mesa, alcançando a mão do moreno e a acariciando, como se demonstrasse estar ao seu lado.
- Obrigada, pai - A garota brincou e sentiu feliz por ter feito o homem voltar a sorrir.
- Então, vai falar com ele? - O homem perguntou.
Brooklyn voltou a encarar Newt e Thomas, agora sabendo que o homem se referia a sua pequena paixão; Abel se referia a Newt e mais uma vez, a garota mexeu com a cabeça, negando.
- Por que não? - O homem perguntou surpreso.
- Porque daqui alguns meses, será ele quem não se lembrará de mais nada - Brooklyn respondeu, recolhendo sua mão - Sou pequena, mas tenho coração, Abel, e ele já pode se partir.
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Scorch Trials and Burning Love [2]
Ficção AdolescenteNem todos haviam saído da Clareira, nem todos haviam sobrevivido ao labirinto e Brooklyn sentia muito por isso. Ela estava desapontada consigo mesma, por deixar isso acontecer, mas havia escolha? Para ela não, mas para Newt sim e ele havia escolhido...