30º Capítulo

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#Flashback On#

Tinha ido sair com o Emmet, o Matt e o Wesley. Tinhamos combinado ir ao cinema com as minhas melhores amigas e irmos todos ao cinema mas elas acabaram todas por não vir e eu até desconfio o porquê, apesar de se terem esquecido de que não vinha apenas o Matt.

Emmet e Matt decidiram ainda ir a um bar depois de sairmos do cinema e então o Wes ofereceu-se para me acompanhar até casa, porque ele morava mesmo ao meu lado. Sempre o achei um rapaz simpático e por isso não vi qualquer motivo para recusar o seu convite, por isso, apenas lhe sorri e me despedi dos outros rapazes.

Wesley: Como vão as coisas na claque?- perguntou quando já estávamos a avançar sozinhos, pelas ruas

Eu: Oh tu sabes, o mesmo de sempre- disse sorrindo-lhe

Wesley: Não pareces uma delas, desculpa que te diga

Eu: Porque dizes isso?- perguntei confusa

Wesley: Quem olhar para ti simplesmente não vai achar que pertences a uma claque que depois dos jogos fica na bancada a beber e a fumar

Eu: Como sabes disso?

Wesley: Todos sabemos, ou achas mesmo que não tinhamos dado por nada?

Eu: Não era suposto vocês saber de nada disso- disse nervosa

Wesley: Descansa, se não dissemos nada até agora, não vamos dizer depois disto

Eu: Obrigado

Fiquei em silêncio o resto do caminho até que o bebedo da zona se veio meter conosco.  Jayden, como também era conhecido, agarrou em Wesley e fiquei confusa que o rapaz não se tivesse tentado soltar, mas depois percebi o motivo... Ele tinha uma arma apontada a ele!

Wesley: O que é que estás a fazer, Jay?

Jayden: Deem-me o vosso dinheiro todo ou eu disparo- ameaçou

Eu: Nós não temos dinheiro

Jayden: Claro, a menina riquinha, aqui da zona, não ia ter dinheiro- disse ironicamente

Wesley: É verdade, nós não temos dinheiro. Gastamos todo no cinema- disse tentando soltar-se

Eu: Deixa-nos ir e eu prometo que amanhã te trago dinheiro

Jayden: Não, eu quero-o agora- gritou

Wesley: Mas nós não o temos- gritou de volta

Jayden: Bem, azar o teu então

Eu não tive qualquer tempo para reagir, porque assim que vi o que ele ia fazer já era tarde demais. Jayden disparou contra Wesley, sem qualquer receio. Eu pisquei os olhos várias vezes mas aquilo era mesmo verdade, não era apenas uma ilusão da minha cabeça.

Tinha de reagir, quer dizer eu devia de reagir.... Não, eu tinha mesmo de reagir!

Foi para situações como esta que o meu pai me treinou tantas vezes, ele avisou-me que chegaria uma parte da minha vida onde iria precisar de saber tudo aquilo que conseguisse e teria de estar a aprender sempre mais.

Segundo ele "Era para aquilo que eu tinha nascido!"

Tentei lembrar-me de algo que pudesse fazer mas ao ver o cano da arma virado para mim tudo o que eu conseguia pensar em fazer era implorar pela misericórida de Jayden e chorar.

"Não podes mostrar as tuas fraquezas!"

Por puro instinto, ou então devido a tudo aquilo que me tinha ensinado, espetei um pontapé na arma e depressa ela caiu ao chão. Apressei-me a agarrar nela enquanto que tudo o que Jayden fazia era queixar-se da mão, que tinha ficado magoada.

Se precisava de fazer o que fiz? Não, é claro que não mas quando me dei conta já o tinha feito!

Quando dei conta o corpo de Jayden já estava caído no chão imóvel. Tal como tinha sido ensinada sobre o que fazer nas situações anteriores, também tinha sido ensinada sobre o que deveria fazer para apagar as evidências, e foi o que fiz.

Limpei a arma para que não tivesse impressões digitais minhas e depois coloquei-a, de novo, nas mãos de Jayden, sempre com o meu casaco para não voltar a deixar impressões digitais, para que parecesse que ele se tinha suicidado depois de ter morto Wesley.

A policia não devia tardar muito a chegar e eu tinha duas opções... Ou corria dali como uma doida, e arriscava-me a que alguém me visse e contasse à policia, ou ficava ali e dizia que tinha presenciado tudo aquilo.

A segunda opção era a melhor e foi a que eu decidi fazer... Dei um leve pontapé na arma, para parecer que eu a tinha afastado com o medo, e depois fiquei sentada a um canto enquanto chorava.

Não eram lágrimas verdadeiras, eram daquelas a que costumam chamar lágrimas de crocodilo por serem ser motivo.

Quando ouvi as sirenes da policia fiz a minha melhor cara de horrorizada e logo um dos dois policias veio ter comigo e me levou para o seu carro. Depois de chamarem mais carros de apoio e eles chegarem, fui levada para o hospital e submetida a vários exames médicos.

Depois de os médicos garantirem que eu não tinha sofrido quaisquer danos, o que não podia ser diferente porque Jayden nem me tinha tocado, acabaram por me dar alta e eu fui acompanhada pelos dois policias até à esquadra.

Durante toda a noite fui submetida a perguntas e mais perguntas... Repeti vezes e vezes sem conta uma versão super credivel enquanto um policia me ouvia e gravava tudo, mas eu tinha-me esquecido de um pormenor e eles sabiam disso!

A minha família foi informada do que se estava a passar e como sempre resolveram tudo com dinheiro. Pagaram aos agentes para "abafar" o caso e eliminarem os registros que tinham, onde comprovavam que eu tinha morto Jayden.

Deveria ter-me lembrado do ângulo da bala mais cedo, mas isso foi a última coisa que me passou pela cabeça, e quando me lembrei era tarde demais porque já estava a ser interrogada. Foi nesse momento que comecei a contar a verdade, até ser libertada...

Estava completamente arrependida pelo que tinha feito e sentia remorsos mas não podia mudar o facto de que tinha visto um homem ser morto à minha frente e depois ainda tinha matado outro. Desde esse dia que nunca mais me consegui esquecer da sensação que é disparar uma arma, e depois de serem descobertos, pelas nossas famílias, o que a claque fazia nas bancadas, depois dos jogos, foi a gota de água...

Se já nos íamos mudar, isso foi apenas mais um dos fortes argumentos porque o fizemos!

Eu ter morto alguém foi um assunto de que nunca falamos, mas depois disso tive de voltar a ter aulas sobre o que fazer em situações como aquelas, ou até piores. Se tudo aquilo se voltasse a repetir não podia deixar nada ao acaso, desta vez....

#Flashback Off#

Niall: Vamos?- perguntou quando entrou na sala vestido

Apercebi-me que tinha estado todo este tempo parada a pensar no passado e nem sequer me tinha ido vestir... Ele percebeu e pegou no Theo enquanto se sentava no sofá à espera que eu me despachasse para irmos os três até ao parque, para o pequenino poder brincar mais à vontade.

Bem aqui está um pedacinho do passado da Kat, esperavam isto?

Winter ❆ N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora