Escolhas

56 9 4
                                    


Mizuki foi a primeira a levantar–se e, estabanada do jeito que era, acabou por acordar todos os outros ao tentar alcançar a janela para ver como estava a aldeia. Os esforços dos elfos valera a pena. Já não se via mais destroços e tudo parecia como se nada houvesse acontecido.

Blaze sequer moveu–se na cama; pouco se importava com o que os seres faziam ou deixavam de fazer. Já Alex aproximou–se da janela e cuspia tentando acertar algum elfo sem sorte que estivesse passando logo abaixo. Nisso bateram de leve na porta.

Hiro levantou–se e empertigou–se. Procurou parecer altivo como os elfos que os hospedavam, mas lembrou–se de que ainda não havia tomado banho desde o dia anterior. Então relaxou, voltou ao normal e abriu a porta.

Um elfo com aparência de ancião estava do lado de fora, acompanhado por três minúsculas fadas, uma vermelha, outra azul e a outra verde.

Não, não eram as fadas da Bela Adormecida.

Apesar disso, o visitante inesperado possuía um porte esbelto e seu olhar não era de superioridade, o que o diferenciava dos outros de sua raça. Seus longos cabelos brancos estavam escovados para trás e as orelhas pontudas características destacavam–se tanto quanto os profundos olhos azuis que se firmavam abaixo das sombrancelhas arqueadas. Hiro o convidou a entrar e este o fez lentamente, olhando ora para um, ora para outro e bateu sua pesada bengala no chão. Ele não parecia depender dela, mas o objeto parecia firmar–se como um símbolo de autoridade.

– Estou admirado – disse, por fim.

– Por conhecermos Sephira e ainda estarmos vivos? – deduziu Mizuki.

– É, bom, isso também – complementou o ancião – mas principalmente pelo fato de vocês terem deitado ontem à tarde e só acordarem hoje de manhã.

Eles enrubesceram.

– Mas temos andado à procura da guriazinha há dias! – justificou Blaze – Não tivemos tempo para descansar direito nem...

– Certo, certo, não os estou censurando – acalmou–os ele e, em seguida, tomou uma nova postura – Meu nome é Zophar. Sou o mestre dessa aldeia e dou respostas a quem as buscam. Parece–me que a jovem Sephira esteve aqui antes e veio procurar–me.

– A mujer veio procurar el señor? – espantou–se Tzu – pero io no creio! Como ela soube? E porquie veio para acá?

– Sentem–se. Eu tenho uma longa história.

Zophar acomodou–se em um dos bancos de madeira no canto do aposento e revestiu–se de uma expressão séria. Narrou a eles a mesma história que a bela elfa ingênua do dia anterior, só que de um ponto de vista diferente. Parecia visivelmente irritado, não com Sephira, mas com a atitude falha do príncipe Lantis. Coçou o queixo sem barba e comentou, com uma certa tristeza.

– Mulher interessante essa Sephira... Queria ter a oportunidade de conhecê–la. É uma pena todo esse incidente. Eu estava no banho na hora.

Hiro aborreceu–se. Talvez por nunca ter imaginado que alguém pudesse tomar um banho tão demorado.

– Mas... vocês são todos loucos?? Não basta o que essa mulher fez na sua aldeia? Será que não percebe que ela é uma ameaça à vida de todos?

O rosto de Zophar permaneceu impassível.

– Não acho que cabe a nós decidirmos o que é ameaça. Sabe, para Sephira, éramos nós a ameaça. Com certeza ela mesma não deve ter noção dos poderes que tem. E não acho que ela faz questão de tê–los.

Quem Precisa de Heróis?Onde histórias criam vida. Descubra agora