Perguntas e respostas

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No momento em que Sephira caía de Tiamat e afundava no rio, Angeal via tudo em seu espelho de cristal. Ela bateu a cabeça em uma pedra no fundo, acabando desacordada e assim, não oferecera resistência ao rio, que acabou levando–a rapidamente pela correnteza antes mesmo que Djin caísse para salvá–la.

Para poder mantê–la viva, o feiticeiro precisou fazer uma rápida magia de oxigenação à distância*36  e deixá–la longe da superfície, para que o elfo não a encontrasse. Precisou de toda a sua força para manter a concentração e, tão logo Sephira caíra da cachoeira, precisou levitá–la e mantê–la na superfície e depois guiar seu corpo para que não se arrebentasse nas pedras. Por todo o momento manteve o foco nela. Por fim, a jovem foi arrastada até a margem e permaneceu desacordada.

Quando Djin ou Tiamat aproximavam–se, lançava–lhe a magia da invisibilidade, para que não a encontrassem. Sozinha, seria uma presa fácil.

Isso durou ainda alguns dias, o que o deixou preocupado. Sephira não despertava e não podia ir ao seu encontro porque Tiamat sentiria sua presença. Não teria dificuldade nenhuma em derrotá–lo, mas queria que pensassem que estivesse morta. Assim desistiriam dela e nada ficaria em seu caminho. Toda a trama de atrair os heróis através de um falso informante fora perfeita, embora esperasse que o resultado fosse outro. Pensava que Djin sozinho não fosse capaz de enfrentá–los, mas enganou–se. Ou Djin era mais forte do que se esperava ou aqueles mocinhos eram idiotas demais.

Não quer dizer que qualquer alternativa seja descartada.

De qualquer forma, aqueles incômodos heróis também estavam fora do seu caminho agora. Sephira estava só, desorientada e provavelmente influenciável.

Ela acordou no mesmo dia em que Djin matara os heróis, a alguns quilômetros rio acima. Olhou ao redor, sem lembrar–se direito do que havia acontecido. Estava com uma leve dor de cabeça, nada mais.

Chamou por Djin e seus amigos, mas não obteve resposta. Pela primeira vez, sentiu medo de estar só. Correu por alguns minutos em uma direção oposta à do rio e passou a mão por sobre os olhos ao notar que estavam anuviados. Sentiu que havia lágrimas neles, mas não soube dizer exatamente porquê.

Sentou–se à margem. Teria sido abandonada? Não. Não podia acreditar nisso. Nem Fal faria isso. Então por quê? Por que não estavam ali?

Levantou–se novamente e caminhou resoluta, por várias horas, dentro da floresta ao lado do rio. Sua vida sempre estava cheia de altos e baixos, mas enquanto estivesse viva sempre encontraria um caminho para seguir.

Angeal respirou aliviado quando viu que sua protegida estava indo em uma direção oposta à que o elfo seguiu. Aproveitou o momento para descansar e desligou o espelho de cristal. Foram vários dias de intensa concentração, afinal estava tudo bem. O que quer que fosse que encontrasse agora poderia resolver sozinha, sem precisar de sua proteção.

Foi direto para a cama e dormiu rapidamente, sentindo uma excitação intensa de ver que tudo corria como sempre planejava.

Contudo, Sephira continuava andando, sem escolher exatamente um caminho. De súbito, vê de relance uma mulher encostada em uma enorme pedra, arfando e chorando.

Era Mizuki, que havia escapado da fúria de Djin horas antes. Ela segurava a perna; o veneno já estava todo espalhado pelo corpo. Sabia que não teria escapatória. Entretanto, percebeu quando a jovem aproximou–se e sua esperança renovou–se. No momento em que ia erguer a voz para pedir ajuda, relutou. Vestido azul, cabelos negros e prateados, olhos verdes fora do comum... Sephira? Foi a que matara seus amigos antes?

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