Promessa?

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Djin já estava ficando preocupado. O sol já havia secado todas as poças da chuva da noite anterior e Sephira ainda estava adormecida. Fal tentara acordá–la tilintando em suas orelhas, mas sem resultado.

O jovem elfo decidira carregá–la assim mesmo, mas no momento em que aproximou–se, ela despertou. Espreguiçou–se lentamente e Djin pôs a mão sobre sua testa para verificar se estava doente. Ela estranhou o gesto, mas não retrucou. Ao endireitar o vestido para levantar–se, parecia aborrecida ao falar.

– Djin, essas vozes na cabeça não incomodam você?

Ele ergueu uma sombrancelha e sorriu, meio desconfiado.

– Vozes? Hã... Sephira, as pessoas não costumam ouvir vozes na cabeça...*20

– Não? Puxa... ontem uma não me deixou dormir...

– Ah, é? E ela apresentou–se? – riu ele, debochado.

– Ah, apresentou–se, sim – confirmou, sem perceber o tom de gozação na voz do amigo – diz chamar–se Angeal.

O mundo parecia desabar sob seus pés e sentiu uma borboleta violenta debater–se no estômago. Não, não era uma borboleta, era um pterodáctilo. Ele queria sair de seu corpo e ainda levar seu coração junto.

Angeal? A fama daquele feiticeiro era tão conhecida quanto sua ambição. Até mesmo o mestre Zophar dizia que não era possível determinar com precisão a extensão do poder dele e que havia muitas lendas a respeito disso – só Zophar sabia a verdade sobre a história do cigarro. Em muitos reinos o nome dele já era como um tabu.

Um nome que realmente não deveria ser nomeado.

É sério, procure dizer o nome dele em praça pública no reino de Hirokun para você ver o que lhe acontece.

– O... o que ele disse a você? – disse, tentando manter–se calmo, para não assustar a amiga.

– Hum... Ele disse que queria me conhecer e que viria me procurar.

O elfo ficou pálido. O que Angeal poderia querer com Sephira?

Ora, era óbvio!

Só agora Djin percebera que sua amiga era um chamariz para todo tipo de pessoa sedenta por poder. Pelo simples fato de não ter muita consciência dele e por ser tão ingênua quanto ao mundo exterior. As coisas agora estavam mais complicadas. Será que o feiticeiro sabia da localização deles?

– Ah – acrescentou ela, sem perceber a palidez do amigo – ele também disse que era um anjo!

O pavor de Djin desapareceu por breves instantes quando começou a rir, nervosamente.

– Anjo? Ele disse que era um anjo? – repetia, incrédulo – Só se for um anjo da morte!

– Ainda assim é um, né?

Djin procurou ficar sério e recompôr–se. Respirou fundo e segurou firmemente os ombros de Sephira, olhando diretamente em seus olhos.

– Escute, Seph... não quero mais que você fale com ele. Não me importa o que tenha dito a você, não me importa que mentiras tenha inventado. Angeal é uma pessoa ruim, Seph! Mau mesmo!

– É? Ele é um herói?

– Só se for para ele mesmo! Angeal é um feiticeiro cruel que só busca poder. Prometa para mim que você nunca mais falará com ele. Nunca mais falará com Angeal.

Fal tinha acabado de entrar quando ouviu a última frase de Djin. Sua luz enfraqueceu e começou a gaguejar.

– A–Angeal?

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