Fuga e separação

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Antes mesmo que as flechas cruzassem o céu e pusessem fim à aventura dos três amigos, uma grande urro ecoou gelando as almas de todos os habitantes de Larfael, seguido por um enorme estrondo. Os soldados depuseram as armas e saíram em disparada tão logo perceberam que o estrondo fora causado por um gigantesco ser fantástico que parecia saído das histórias: um terrível dragão vermelho.

Ele sacudia as enormes asas causando uma ventania que destelhava casas e lançava violentas chamas contra o que quer que estivesse à sua frente; em poucos segundos metade da cidade estava incendiada. Cada passo que dava era um tremor ensurdecedor e as calçadas quebravam sob o peso de seus pés. Sua aparência feroz faria qualquer ogro engolir em seco.

Os heróis que dormiam na estalagem acordaram sobressaltados. Algo terrível devia estar acontecendo lá fora, e qual não foi a surpresa do grupo ao perceber a palidez da guerreira quando esta abriu a janela e pôs a cabeça para fora. Fechou a cortina murmurando 'devo estar sonhando' e deitou–se na cama outra vez. Levantou–se, quando novamente o aposento inteiro tremeu.

– Meu Deus, Blaze, o que aconteceu? Tem algum exército lá fora?

Ela engoliu em seco e tentou manter a voz calma.

– Eu podia jurar que tinha um dragão lá fora. Mas deve ser minha imaginação. Não pode ser. Eu devo ter bebido alguma coisa enquanto dormia. Isso acontece sempre.

– Então eu devo ter bebido a mesma coisa que você – replicou Hiro, surpreendido – Porque estou mesmo vendo um dragão vermelho lá fora!

– Uno dragão viermelho? – repetiu o mago – Es una das piores raças que existien!

– Peguem as armas, pessoal! – anunciou Mizuki – A busca por Sephira vai ter que esperar! Vamos cumprir nossa missão!

– Peraí, peraí! Que missão? Não é porque somos heróis vamos sair por aí arriscando a vida em tudo que é combate! Não tenho skill para combater um dragão vermelho, fora de questão!

– Mas Blaze... – protestou a ninja – quando nos tornamos heróis sabíamos dos perigos que íamos enfrentar se...

– Se quiserem combater é problema de vocês, eu rasgo minha ficha! *32

– Tô com a guerreira. Já morri uma vez, já deu – concordou Hiro.

– Ora... seus sem–coração! Heróis de meia–tigela!

– Raawwrr – bradou Alex.

Todos fizeram silêncio. Era incrível como isso sempre acontecia quando Alex falava.

– Ele tem razão. Ao menos poderíamos ir lá fora ajudar quem precisa. Muita gente pode estar necessitando de socorro.

Concordaram. Sem ter que combater, não era tão desesperador assim. Trataram de se arrumar como podiam e sair logo; talvez em breve também aquela estalagem acabaria em chamas.

A situação lá fora não estava nada boa para os habitantes de Larfael. Quanto aos três amigos, eles estavam embasbacados. Djin não queria acreditar e protestou quando a amiga levantou–se e foi ao encontro do dragão.

– Tiamat? – gritou Sephira – Nossa, não é que você cresceu mesmo?

O ex–pequeno companheiro começou a andar em direção à jovem. Djin assustou–se e correu para puxá–la.

– Seph, pare! Você não sabe qual vai ser a reação dele! Ele não é mais o pequeno Tiamat!

O dragão parou diante dela, abriu a bocarra ao céu e desceu de uma vez. Parou instantes antes do rosto de Sephira e, pondo a gigantesca língua para fora, deu–lhe uma lambida carinhosa que lambeu–lhe o corpo todo. Ela riu, segurou as narinas do dragão num gesto carinhoso e balançou–o, dizendo com voz meiga.

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