Uma perda?

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Os preparativos já estavam feitos. O príncipe Lantis foi bastante generoso nas provisões e cedeu aos aventureiros os melhores cavalos da estrebaria. Blaze montou em um deles com muito orgulho, mantendo a cabeça erguida e puxando as rédeas para o animal fazer o mesmo. Já Alex montou de uma maneira nada tradicional – diga–se de passagem que a frente dele era o rabo do cavalo e apoiava as costas no pescoço de sua montaria. Contudo não demorou muito até que estivessem mesmo prontos.

A aldeia não veio despedir–se de todo, mas alguns vieram certificar–se de que eles realmente iriam embora. Não queria dizer que não os estimassem – o que não deixa de ser verdade – mas, desde a partida de Sephira, humanos que já eram mal vistos acabaram por ficar menos queridos ainda. Hiro podia jurar que ouviu algum elfo batendo palmas. O príncipe Lantis ainda havia dado a recomendação de que se não trouxessem Sephira, era melhor que nem voltassem.

Não que planejassem de qualquer forma.

Os cavalos eram bastante resistentes e aguentavam muitas horas de caminhada sem se cansar. Já os guerreiros estavam acabados. Não estavam acostumados a cavalgar e Alex caía várias vezes.

Passaram por todo o caminho que anteriormente havia sido percorrido pelo grupo de Sephira, passando inclusive pelo lago Águas Negras que delimitava a Planície dos cristais e pela própria, mas sem nenhum contratempo. Provavelmente a passagem da jovem foi traumatizante o suficiente; ser algum deu as caras.

Paravam para descansar durante as noites e algumas vezes durante as tardes para alimentarem–se ou estalarem as costas. De qualquer forma a viagem dos heróis durou menos tempo que o grupo de Sephira e por pouco não chegaram no mesmo dia. De fato, o grupo de Hiro chegou apenas um dia depois.

O portal estava de pé; bom sinal. Poderia significar que Sephira não estava lá; talvez não ainda. Faziam muito mal juízo da jovem, coitada (?).

Contudo, apesar de serem todos humanos, até que surja prova em contrário, foram barrados ao tentar passar pela entrada.

– Alto! – disse o soldado, com entonação.

– Ih, que foi, hein?? – bufou Blaze.

– Ela quis dizer "qual o problema, seu guarda" – corrigiu Hiro, temendo uma represália.

– Quem são vocês? – continuou o homem, sem dar atenção.

– Somos heróis – anunciou Mizuki com orgulho – Vamos pelo mundo fazendo o bem sem olhar a quem.

– Grande coisa – retorquiu outro soldado – A maioria aqui ou são heróis ou querem dominar o mundo. Apenas apresentem–se.

– Bem, sou Hiro, o bardo; ela é Blaze, a guerreira; aquela é Mizuki, a ninja; este é Tzuicoal, o mago e aquele é Alex, o bárbaro.

– Aquele homem loiro de olhos azuis é bárbaro? Pois para mim vocês são espiões tentando nos enganar! – bradou o homem sacando a espada.

Nisso Alex solta um arroto.

– Ele é bárbaro. Deixem–nos passar – consertou o oficial.

Pela primeira vez Hiro suspirava aliviado com a falta de educação do amigo.

Uma vez dentro, trataram de procurar uma estalagem que possuísse uma estrebaria para guardar os animais.*30 Seguindo a trajetória da lei de Murphy, sim, era a mesma em que Sephira estava hospedada. Com os recursos providos pelo príncipe Lantis, conseguiram pagar o suficiente para alguns dias. Rezavam pra que o clérigo não desse as caras; provavelmente o efeito tóxico do cogumelo ainda estava dando efeito.

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