Voltar ao Rio–que–Cai não foi uma outra experiência traumática. Hiro estava certo, Djin não estava lá. Tudo o que restara de estranho ali era uma pegada de alguma criatura que, pela marca, deveria ter uns quinze metros de altura e que provavelmente devia ser apenas um dinossauro ou coisa assim.
Eram até corajosos como heróis, mas péssimos de memória.
Desta vez, não tiveram dificuldade em encontrar a caverna, tal como o informante dissera. Estava mais para uma gruta e, tão logo chegaram ao fim dela, Tzu encontrou o pergaminho que ensinava a mágica do teletransporte.
Levou algum tempo para aprender, as palavras eram difíceis de serem pronunciadas.*46 Tão logo as proferiu, disse para onde queria ir e foram transportados para lá sem enjoo ou estresse. Só Alex caiu de tontura, mas não demorou até que estivessem todos bem.
Levantaram os olhos e viram que todo o cenário à sua volta mudara; não estavam mais na gruta. Avistaram uma placa no topo de uma entrada rústica: 'Aldeia de Lando – Forasteiros não são bem–vindos'.
– Que bom... achamos... – disse Mizuki, meio tonta, e acrescentou – que mau... vamos ter problemas.
A guerreira adiantou–se, passou pelo portão e ainda gritou para trás.
– Que falta de confiança, ninja! – bradou Blaze, cheia de si, entrando na aldeia – E aí, gente boa, como vai essa força?
Os aldeões correram para a entrada alarmados. Todos usavam capuzes e roupas negras. Não se viam crianças; aquela não era bem uma aldeia de habitação, mas usada apenas para fortalecer o poder dos seus residentes e selar os poderes de quem quer que fosse aprisionado ali. Tanto é que, assim que um membro ficasse por demais velho para exercer suas funções de selador, era expulso. Sentiam muito orgulho de seus rituais embora não fizessem nenhum sentido para quem era de fora.
– INVASORES! – gritaram muitos deles em uníssono.
– Calma aí, pessoal! – interviu Hiro – Vocês nem sabem quem somos nós!
Um deles adiantou–se.
– São os que mataram alguns dos nossos e libertaram a ameaça Sephira para o mundo!
– Na verdade, eles sabem muito bem – disse Blaze, com sarcasmo.
– A gente se rende – anunciou o bardo, pondo as mãos na cabeça.
A cela não era lá muito confortável, mas não podiam reclamar. Afinal, não iam mesmo durar muito tempo; havia muita algazarra lá fora e os seladores estavam juntando lenha para fazer uma enorme fogueira. Não era inverno, ainda estava cedo e não era época de festa junina. O que mais poderia ser?
– Eu queria deixar meu testamento – anunciou Mizuki, cheia de tristeza – Deixo meu leque mortal para Blaze, minhas pedrinhas coloridas para Alex e minhas estrelas de metal para...
– Deixa de ser burra, ninja – cortou a guerreira asperamente – nós vamos morrer junto com você!
– Calma, personas, non és el fin del mundo!
– Não, só o nosso. Bicho burro.
– Vai ser a terceira ou a quarta vez que a gente morre? – perguntou Hiro, curioso – Já perdi as contas...
– Grunf! – respondeu Alex.
– Ah, é mesmo. Bom, mas então a gente ressuscita depois.
– Sinto muito ter que te explicar isso, Hiro – disse a ninja, com descaso – mas, para que haja a ressurreição, um de nós tem que contactar o clérigo e nossos corpos têm que estar em perfeito estado. Tipo assim, queimados não dá!
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Quem Precisa de Heróis?
Fantasy"Sephira é uma jovem donzela que está fugindo, sendo perseguida por dois encapuzados. Para a sorte da moça, quatro heróis estilosos surgem para salvá-la. Azar o deles se morrem pelas mãos da mesma. São ressuscitados por um clérigo e têm que pagar um...