Tão logo Sephira voltara de sua aventura vingativa, caíra de cama. Não porque estava doente, mas porque estava sentindo–se desorientada. Segurava os cabelos por trás da cabeça e mantinha o rosto escondido no travesseiro. O feiticeiro fitava–a da porta e cerrou os dentes quando a ouviu chamar por Djin.
Aquele elfo, mesmo distante, ainda era uma pedra em seu sapato – bota, na verdade. Sentiu vontade de agarrar Sephira a força e fazê–la esquecer do amigo, mas sabia que não daria certo. Morreria antes mesmo de dizer 'ai'.
Decidiu fazer o que devia ter feito há muito tempo – matar o elfo com as próprias mãos. Tudo estava seguindo seu curso, mas não do jeito exato que planejara. Esperava que os heróis matassem a Djin, e depois os mataria levando Sephira a destruir a aldeia. Não dera certo, contudo, mas não importava. Era melhor ser mais direto, Sephira nunca saberia.
Correu ao salão, cego pela fúria e acendeu o espelho de cristal à procura de Djin – e eventualmente os heróis, mas eram estúpidos demais, nem precisava se dar ao trabalho.
Acabariam morrendo eventualmente.
Por favor, estes são os pensamenos de Angeal.
Não pense que tenho alguma implicância com heróis ou coisa do tipo.
E qual não foi sua surpresa ao ver que estavam todos juntos, decidindo ir em busca de Sephira. Sorriu cruelmente, não haveria melhor ocasião.
Teletransportou–se diretamente ao quarto de Sephira, que estranhou sua inesperada invasão, mas nem moveu–se. Apenas o fez quando ele anunciou animado que havia localizado Djin pelo espelho.
Ela pulou da cama, jogando–se à frente da imagem que se formava. Sem o som, entretanto, ela não podia entender o que se passava e Angeal soube aproveitar o momento.
– Está vendo, minha querida? Não pode confiar em ninguém! Seu amigo Djin uniu–se àqueles que querem matá–la.
Ela piscou, atônita. Não era possível. Aquela cena devia ter sido forjada.
– Não! Não pode ser Djin!
– Ora, e esta? Não é a fada Fal? Aquela que você fez crescer?
Não mostrou, entretanto, Tiamat. Tinha outros planos para ele.
Tão perdida estava ela que não percebeu que aqueles fatos que ele mencionara – sobre ter feito Fal crescer e os heróis que a estavam seguindo – não era possível que soubesse, nunca lhe havia contado.
– Não! – ela pôs as mãos sobre a cabeça, gritando – Não são eles!
– Minha querida, enquanto carregar esse seu dom nunca a deixarão em paz! Até mesmo seus amigos se voltaram contra você...
Ela balançava a cabeça enlouquecidamente, acreditando que enquanto negasse o fato ele não seria verdadeiro. Mas não tardou a encarar a realidade.
– Não... todos eles... me traíram... não tenho mais ninguém...
Seus olhos brilharam intensamente, como sempre acontece quando está pronta para cometer suas peripécias de Mary Sue. Uma força violenta brotou do chão e um tornado desabou sobre o quarto, quebrando as vidraças em mil pedaços. As cortinas eram arrancadas com a fúria do vento e os livros voavam ao redor deles. Angeal permanecia estático, sorrindo e saboreando a cena.
Ela parecia a deusa que tanto sonhara, seus cabelos esvoaçantes misturavam–se aos tecidos do vestido e das cortinas de seda, seus olhos emitiam um brilho avassalador. Seu desejo cresceu a tal ponto que adiantou–se e abraçou–a fortemente. Ela tentou afastá–lo, mas ele segurou suas mãos e beijou–a com intensidade.
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Quem Precisa de Heróis?
Fantastik"Sephira é uma jovem donzela que está fugindo, sendo perseguida por dois encapuzados. Para a sorte da moça, quatro heróis estilosos surgem para salvá-la. Azar o deles se morrem pelas mãos da mesma. São ressuscitados por um clérigo e têm que pagar um...