Desafio

61 9 16
                                    


Não que não estivessem muito acostumados, mas com certeza não era muito comum elfos e fadas sentarem–se à mesa com seres humanos. Blaze até sentiu–se mais reconfortada, ao ver que não era bem os heróis o centro das atenções.

Estavam todos ali reunidos na taverna da cidade mais próxima, Troian. Como é de praxe, para discutir o próximo passo a tomar. Muitos dos frequentadores do bar detinham sua atenção nas pontudas orelhas de Djin – que ele fazia questão de tremê–las por deboche – ou nas longas asas de Fal – que vez por outra abria–as para causar um 'oh' de admiração. Na verdade estavam adorando tudo aquilo.

– Então – começou Hiro – da última vez que estivemos em uma taverna, um informante nos disse para irmos até a aldeia de Sephira e caímos em uma armadilha... e morremos.

– Nossa... – comentou Djin – que falta de sorte!

– Foi você que nos matou, retardado – explicou Blaze.

– Aaah, é... – respondeu, tentando conter o riso – Eu estava meio que num mau dia, sabe?

Hiro pigarreou e continuou.

– O fato é que acho que foi uma armadilha.

– Por que acha isso? – perguntou Mizuki, curiosa.

– Pra fazer um clima de suspense. Assim a gente parece mais importante.

Fal revirou os olhos.

– Djin, por que acha que esses caras aí vão ajudar a gente? – sussurrou ela para o amigo – Você matou eles sozinho com uma adaga!

– A gente precisa de iscas – sussurrou ele de volta.

– Quem cochicha o rabo espicha! – comentou Blaze.

– Quem escuta o rabo encurta! – comentou Djin de volta.

– Quem fofoca o rabo poca!!! – retrucou Blaze.

– Quem reclama o rabo inflama!!! – retrucou Djin de volta.

– Chega desse negócio de rabo! – Hiro interrompeu a conversa animada. Algumas pessoas olharam para a mesa por causa da frase proferida e ele sentiu que ia explodir de tanta vergonha – O fato é que estamos morrendo de tédio até alguma coisa acontecer, então controlem–se!!

Os dois olharam um para o outro e ficaram amuados.

De súbito *76 uma mulher que mais parecia uma bruxa, com um chapéu muito pontudo, roupas negras e sujas até os pés – que abrigavam sapatos muito enrolados, parecendo roubados de um bobo–da–corte – caiu ao chão, gritando. Todos na taverna ficaram curiosos, rodeando–a à espera de alguma coisa. Qualquer um pensaria que ela tinha tido um ataque epiléptico, mas não enrolava a língua. Então a discussão na taverna girou em torno de que, ou ela havia bebido demais ou estava em transe. Com uma voz grossa, ela começou a balbuciar algumas palavras, até que começaram a ficar inteligíveis.

– Djiin... mensagem para Djiiiin...

– Opa! – gritou ele, levantando–se depressa da mesa – É pra mim! Eu atendo!

A mulher começou a contorcer–se outra vez e Djin ficou eufórico a respeito de alguma pista do que fazer. De súbito ela sentou–se como se puxada por uma força desconhecida e começou a falar com uma voz masculina grossa e se poderia até dizer – sexy.

– Quanto tempo, Djin...

– Angeal! – disse o elfo, entre os dentes – Eu sabia que você não ia demorar a se manifestar! Qual a notícia desta vez? Sephira se queimou na água quente? Achou que voava e pulou da torre para acompanhar Tiamat? Bebeu ácido sulfúrico achando que era refrigerante?

Quem Precisa de Heróis?Onde histórias criam vida. Descubra agora