Romance?

52 5 1
                                    

Quando Sephira tocara em seus lábios e Angeal perdera a concentração, não ficara zangado. Surpreso, sim, ainda mais porque estava escondendo o fato de que estava controlando Tiamat para matar os amigos dela e Sephira poderia ficar desconfiada caso ele se irritasse. Talvez ela fosse inocente demais para pensar em algo assim, mas ficaria curiosa em saber.

– Desculpa, atrapalhei? – disse ela, com voz suave.

– Ahn, bem... não, eu já estava acabando...

– Ah, e o que Deus falou para você?

– Como?

– Você não estava rezando?

– Ah... er, sim, estava – mentiu – mas Ele não fala comigo...

– Ué? Não? Por quê? Ele me disse que fala com todo mundo, só que ninguém quer escutar... sabia que Ele realmente cabe naquela caixinha dourada?

Angeal não conseguia acompanhar a linha de raciocínio de Sephira e supunha estar em um nível muito diferente do seu. Procurou desviar do assunto, para que ela não se zangasse por alguma besteira que ele porventura dissesse.

– Hum, escute, Seph, eu disse que tinha uma surpresa para você, lembra? Não devia estar no jardim?

– Demorou demais.

– Bem, por que então agora não vai lá dar uma olhada?

– Saco – murmurou ela, pisando forte no chão e voltando para o jardim com má vontade.

Para animá–la, Angeal foi com ela e qual não foi a surpresa de Sephira ao ver uma indistinguível sombra se aproximando no céu até que seu amigo se formasse.

– Tiamat!! – gritou ela alegremente.

O dragão deu duas voltas animadas no alto e desceu, pesadamente. Ao pisar no solo, procurou fazê–lo o mais leve possível, contudo alguns tufos de grama saíram do lugar e Sephira deu uma cambaleada, mas logo estava rapidamente com as mãos sobre as escamas do dragão e beijando–o com carinho.

– Tiamat, senti tanto sua falta!

Enquanto o abraçava, Sephira tinha os olhos fechados, úmidos. Mas Angeal fitava o dragão diretamente e este não desviou o olhar. Sentia a intensidade nos olhos do feiticeiro, que pareciam queimar por dentro.

Aquele olhar dizia tudo: Qualquer tentativa de tirar Sephira dali seria frustrada.

Estava feliz, contudo. Sentira uma imensa saudade da mamãe. Era uma pena que ela não pudesse entender sua língua. Ou pudesse? De qualquer forma, não a queria expor a perigos desnecessários. Estar ali com ela era algo que sonhava há tempos.

Deixou–se abraçar e ser beijado por Sephira repetidas vezes. Dava–lhe uma ou outra lambida ocasional que lhe bagunçava todo o cabelo, mas ela só ria. Angeal admirava a cena e se perguntava como um dragão descomunal como aquele despertara nela o instinto maternal.

Aproveitou enquanto Sephira estava absorta em carinhos recíprocos com o amigo e retirou–se rapidamente para ver se Tiamat conseguira liquidar os heróis conforme ele tinha ordenado. Estava certo de que seu controle tinha sido cortado momentos antes de alcançar o objetivo, mas tinha ameaçado o dragão antes disso. Só precisava ver se ele levara a sério a ameaça.

Procurou em sua mente algum indício da presença dos heróis ou de Djin. Não achara nada. Mal sabia ele que aqueles que procurava estavam naquele momento presos na Zona da Ilusão e que qualquer tentativa mágica era impedida de se manifestar ali. O que significou, para Angeal, que estavam definitivamente mortos.

Quem Precisa de Heróis?Onde histórias criam vida. Descubra agora