Dúvida

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Uma familiar dor de cabeça. Hiro já sabia o que significava, e Blaze só fez confirmar.

– Eu não acredito! Morremos de novo?

– Nosotros non tememos la muerte mais! – acrescentou Tzu – Suemos velhos conhecidos!

– Com uma adaga! – bufou Blaze, inconformada – Com uma simples, idiota e comum adaga envenenada!

– Mas tinha a fada! – retrucou Hiro.

– E el tiempo non ajudou! – confirmou Tzu.

– É, é verdade, a neblina – respondeu o bardo, mesmo sabendo que o dia estava ensolarado e a neblina fora causada por Fal.

Afinal, acreditar que o universo conspirava contra eles fazia os sentir que não fora culpa de sua total capacidade.

Sem contar, é claro, que isso os fazia sentir–se mais importantes.

Mizuki *37 entrou no quarto cabisbaixa, seguida de perto pelo clérigo.

– Como estão passando... escravos?

– Escravos? – repetiu Blaze, fazendo–se de desentendida.

– Como não tinham dinheiro antes, não querem me fazer acreditar que têm agora, certo? – riu ele, não parecendo nem um pouco aborrecido.

– Mas... se nos der mais tempo...

– Já chega! – gritou ele, dessa vez, com indignação – Já fui enganado por muito tempo! E o cogumelo... – uma sombra passou pelos seus olhos, mas pareceu dissipar–se rapidamente – Bem, já não importa. O fato é que todos nós sabemos que jamais pagarão a quantia em questão. Sendo assim, vou separar as tarefas que começarão a empregar para mim a partir de hoje.

Eles estavam estáticos. De heróis a ladrões e agora escravos? Primeiro por causa de Sephira, agora por causa dos amigos dela?

Alex grunhia em um canto irritado. Tornara–se bárbaro para nunca sentir–se capacho de ninguém, agora...

Todos ali estavam frustrados e tristes por causa da difícil situação, mas Blaze parecia apenas levemente aborrecida. Depois de alguns minutos, soltou um leve suspiro abafado. Tirou de dentro do decote um pequeno embrulho marrom, amarrado com um barbante desgastado. Ao desembrulhá–lo, revelou ser uma bela e grande pedra de diamante, causando um assombro silencioso no quarto. Na verdade, estavam chocados. Os seios fartos de Blaze não deixavam à mostra qualquer (outra) coisa que estivesse escondida ali.

– Que foi? – disse, ao notar todos os olhares sobressaltados voltados para ela – Algum problema?

– Blaze... – respondeu Hiro, com dificuldade – Onde... Como... Quando você conseguiu essa pedra?

– Ahn? Ah, sim, há muito tempo atrás, antes mesmo de entrar para o bando. Eu estava salvando ela para tentar entrar no exército de Esparta. Mas eu desisto. Parece que lá não aceitam homens de verdade.

Ela esticou o braço e deu a pedra ao clérigo, que a aceitou sem relutar. Guardou o diamante por dentro da roupa escura e escancarou a porta, animado.

– Foi um prazer fazer negócio com vocês! Quando precisarem é só chamar! Ou morrer! – disse, dando uma piscadinha.

Depois acrescentou, com ar pensativo.

– Não, esperem... já não podem mais ser ressuscitados! Pelo menos não pelos próximos cinco anos. Efeitos colaterais, sabe como é, alta–dose de ressurreição, coisa assim. Tentem apenas não morrer nesse período.

Quem Precisa de Heróis?Onde histórias criam vida. Descubra agora