Laços de Sangue: A Fúria (Completo)

** Derrame suas Verdades **

Narrador

Ela caiu contra o Príncipe quando os seus gritos pararam para descansar. Ele sentiu o corpo dela tremer dos pés à cabeça e seus batimentos cardíacos estavam muito elevados. Sua cabeça caiu contra o peito do vampiro, suas mãos enroladas em seu corpo. Foi apenas alguns minutos depois que ela adormeceu, exausta por causa dos eventos que ocorreram hoje.

O príncipe olhou para o relógio e viu que marcava meia noite e quarenta e sete. Ele suspirou e passou a mão em seus cabelos, estava mais suave e sedoso agora do que quando ela não usava shampoo. Ele removeu algumas mechas do dela rosto e notou as marcas de mordidas desbotadas na parte de trás do pescoço dela, onde o cabelo dela ter escondido de vista. Ele viu um traço de velhas cicatrizes nas suas costas, onde sua camisa tinha caído um pouco. A maioria dos escravos tinha essas cicatrizes e quando ele as comprou, todas com muitas cicatrizes ainda cicatrizando. Elas eram todas assim; pequenas, assustadas e devastadas. Contudo essa escrava em parcular e tinha uma faisca que ela guardou por toda vida. Algo que ela não deixou seus mestres anteriores apagar; incluindo o próprio Príncipe, ele admirava isso, achava inspirador pensar que um escravo ainda continuava com o sinal claro do que viria pela frente. É algo que você só vê uma vez na vida. Ele só esperava que essa força dela continuasse até o último suspiro.

O príncipe a pegou gentilmente, deitando ela sobre o sofá. Ela dormiria aqui. ele decidiu isso, ele pegou um cobertor e a colocou sobre a sua pequena forma, ela dormindo em silêncio, tomando pequena  respirações em vez de longas. Ele estudou o rosto da menina, não havia linhas ou círculos sobre seus olhos, mas mesmo durante o sono ela parecia perturbada. Talvez seja assim que você vê ela, ele pensou. E isso não importava. Não havia lágrimas para enxugar, mesmo depois de tudo ela não chorou, mas permaneceu mais forte possível. Depois que ela se instalou, o príncipe sentou-se em uma poltrona acolchoada perto da lareira. O vampiro faz muito isso; quando ele precisava de tempo para pensar, ele olhava para o fogo e se perdia em sua luz. Tão perdido que ficaria nessa posição por horas até que Rufio ou a sua mãe o trouxessem de volta do seu transe.

Seu peito estava pesado. A dor que ele sentia era uma dor no peito que nunca ia embora. O príncipe estava preocupado, ele temia que a sua mãe conseguisse chegar até Rain. Ele também se preocupava com ela, havia algo em seu rosto que o encantava, o fazia questionar e duvidar, das coisas que ele fez e das coisas que ele faria. Ele se preocupava com todos, eles podem odiá-lo por dentro, mas ele sentiu que era a sua responsabilidade cuidar deles. Ao longo dos anos, eles ficaram próximo uns dos outros. Eles precisavam depender uns dos outros. Todo mundo precisava disso para funcionar, pois Rain era a peça que faltava. O príncipe queria tanto que fosse ela, ele não conseguiria ter que colocá-la em um tanque também.

Os olhos do príncipe brilharam, o punho cerrado por causa da lembrança do que havia no túmulo. As escravas, seu irmão acorrentado como um animal e usado como uma máquina. Ele desprezava as pessoas que o colocaram lá. Seu irmão, aquele com quem cresceu. Séculos se passaram e o seu ódio que raiva não cessaram, seu objetivo não mudou e ele foi levado a resgatá-lo. Era a única verdade que ele havia deixado.

Mas essa garota; essa escrava é como qualquer outra que lhe trouxe aqui. Então por que ele está tão hesitante? Toda vez que ele olhava para ela, tudo que ele sentia era culpa. Ele tinha vergonha das coisas que ele tinha feito no passado; e Rain apenas sacudiu os sentimentos dentro dele, ela trouxe a memória de todas as ações pecaminosas e todas as pessoas que ele matou. Isso fez com que ele parasse de repente, uma sensação de afundar profundamente dentro do seu peito o derrubando. Ele poderia acabar com isso, apenas seguir com plano e realizar os testes em Rain. Ele queria se livrar da culpa que estava sentindo, mas não queria se livrar de Rain. Ele suspirou mentalmente, preso em toda a sua dor e erros. O Príncipe adivinhou que, na verdade, ele tem vivido assim a vida toda. Rain só fez ele perceber isso.