** O que perdemos **

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Narrador:

Sonho do Príncipe on:

Estava frio e úmido. O ar cheirava como se viesse de um dia frio do inverno, mas com o fedor de um pântano. Sua visão estava embaçada e não conseguia se concentrar nas coisas a sua frente. Ele se mexeu para ver se os seus músculos fossem cooperar, seus braços estavam amarrados; mas ele podia senti-los. Suas pernas no entanto não respondiam aos seus comandos, elas estavam entorpecidas assim como ele. Sua audição não havia sido alterada, através de sua respiração pesada, ele ouviu um movimento possivelmente a poucos metros de distancia dele. A sala escura ecoava o menor som dando ao príncipe a indicação de que ele estava em uma caverna. Isso explicava a escuridão e o ar úmido que pairava sobre ele. Ele fechou os olhos e sentiu que uma dor de cabeça estava se aproximando. Ele piscou uma, duas vezes, ele tentou se mover. Ele não teve sorte, ele não podia sentir suas pernas e tudo o que ele podia controlar eram seus dedos. Se levantar estava fora de opção; seu corpo estava paralisado.

Ele estava começando a entrar em pânico, as batidas do seu coração ecoava em seus ouvidos. Gotas de água gelada caiam em suas costas nuas. Ele acabou de perceber que havia sido despido até a cintura, suas mãos estavam geladas, provavelmente por causa da condensação ou por causa da queda de água da caverna. Com os olhos turvos, ele procurou por uma saída, uma visão noturna impecável, ele podia ver cada pequeno detalhe do que podia ver. Antes do que ele pudesse tentar se mover novamente, uma sacudida de cansaço dormiu seus sentidos. Ele se sacudiu mas o repentino zap de energia o deixou completamente inútil. Inspirando e expirando, tentou manter a calma mas não adiantou quando alguém entrou na sala.

Cliques chocantes de salto alto ecoaram na sala, seguidos por minutos silenciosos. Ele sentiu a presença deles e a luz de velas começou a iluminar a sala. Ele deveria ter ficado aliviado ao ouvir o som de outras pessoas, mas isso só o fez querer recuar assim que ouviu a voz familiar do seu tio.

- "Coloque as correntes." - Brandon ordenou aos dois estranhos com túnica branca e com cupaz, o levantaram para prender grossas correntes de prata nos punhos do príncipe, cada um com uma corrente presa no chão. Ele lutou para fugir, mas ele não podia fazer nada além de observar e fechar os dedos.

- "Ei, alguém me ajude!" - o príncipe  gritou para os homens que simplesmente circulava ao redor da mesa de pedra que ele estava deitado, falando um cântico antigo com suas velas no ar. Ele virou a cabeça, a dormência se evaporando. -  "Tio?" - ele ficou boquiaberto ao ver o seu tio parado no canto junto com a sua mãe. - "O que..."

Ele não conseguia pronunciar as palavras antes de sentir uma dor lacinante, ele gemeu lutando contra as correntes que o segurava.

- "Silêncio meu filho." - a rainha Vergamine resmungou, completamente extasiada com algo na frente dela. - "Isso deve ser feito. Não podemos arriscar. Por favor entenda, isso é para o seu próprio bem, você vai entender... porque eu tive que fazer isso."

- "O que você vai fazer?" - ele perguntou, tentando desesperadamente se soltar, mas apesar de tentar não estava conseguindo.

- "Por favor, me perdoe meu filho. Eu devo fazer isso pela família, por nós!" - Vergamine gemeu quando o cântico ficou mais alto. Com o coração acelerado, o príncipe puxou as amarras, mas elas não cederam a sua suprema força. Ele viu um vislumbre de insanidade nos olhos de sua mãe e seus instintos estavam lhe gritando para fugir. Balançando a cabeça para frente e pra trás, ele avistou algo a sua frente, a coisa que a sua mãe estava observando com tanto medo. O príncipe se moveu para ver o que era. Sua mente ficou em branco e o seu corpo ficou frio. Joseph estava dormindo acorrentado dentro de um tanque. Só que ele parecia morto, a água enchia o tanque em que ele estava preso.

Laços de Sangue: A Fúria (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora