Laços de Sangue: A Fúria (Completo)

** Conversando com o Leão **

Pov. Rain

Duas semanas se passaram desde que os primeiros assassinatos aconteceram, desde então, mais quatro escravas foram brutalmente assassinadas. As autoridades estão levando esses assassinatos mais a sério. Ouvi dizer que eles começaram a fazer uma investigação oficial. Alguém deve tê-los chamado, eles estão trabalhando em silêncio, perguntando aos outros escravos sobre as meninas assassinadas, eles questionaram se havia algo estranho acontecendo antes delas morrerem. Ella e eu estamos sendo vigiadas de perto tanto pelo príncipe quanto por Rufio, eles ainda acreditam que o assassino está atrás de nós. Não vejo meu mestre maior parte do tempo, no entanto, desde o cancelamento da coroação de Herion, o conselho tem discutido sobre quem será o próximo governante nas próximas semanas, o príncipe passaria a noite toda dentro da câmara do Conselho. Ele disse que Rufio iria me levar de volta para o seu quarto, mas eu ainda me sinto nervosa ao seu redor. Em vez disso, eu uso os corredores secretos para andar pelo Palácio em segurança. Eu não vi muito Ella, especialmente à noite, eu acho que ela vai para as "catacumbas" onde seria mais seguro. Eu me perguntava porque eu não poderia dormir lá também, mas ainda há alguns mistérios que o príncipe nunca iria querer que eu descobrisse. Eu sinto que, em vez de ficar segura, estou sendo observada para não ficar curiosa demais.

Ontem à noite eu estava fazendo um pequeno trabalho, ainda estava de dia, então eu pensei que estaria tudo bem. Eu estava errada. No momento em que eu saía para o pátio, uma estátua de pedra caiu do telhado. Só deixou alguns arranhões no meu braço quando caiu no chão. As autoridades imediatamente chegaram lá, fizeram todos os tipos de perguntas, porque eu acabei sendo a primeira escrava que fugiu da morte. O meu mestre foi muito rápido ao chegar até mim e respondeu aos detetives e repórteres. Ele me levou embora e fez aquela coisa de cura novamente. Ele parecia ficar ainda mais drenado quando fazia isso.

Meu aniversário é daqui a menos de duas semanas. Meu aniversário de 18 anos. Não é especial como todos diziam, é apenas os números de quantos anos você sobreviveu. Mais um ano se foi. A maioria dos escravos não consegue passar dos 30 anos, e os que costumavam a passar dos 30 anos eram mortos por que não são mais jovens o suficiente para ser comprados. Minha morte será irrelevante, eu só tenho 12 anos de vida pelo menos.

Eu não vi Ella ainda, eu preciso dizer para ela que o seu turno vai começar em breve e ela não está na cozinha ou na lavanderia. Se eu sair da cozinha, a chef vem me repreender e me dá um bom tapa. A chef deve ser uma mestiça, considerando o quão forte ela bate. Porra! Onde essa garota se meteu?

Narrador

- "Rufio pegue essa caixa pra mim?" - a boneca perguntou educamente, apontando para a caixa na parte mais alta do caminhão. Eles foram convocados para entregar essas caixas para todos os nobres vampiros que estava no castelo em nome do príncipe da Newmerica. Desde que a sua mãe estava tentando colocar Herion no trono, ela quer receber todos os favores dos High Vampires, enviando presentes e preparando festas elegantes, ou os convidando para um almoço ou um passeio. Ella realmente não sabia quem o príncipe queria como governante, sem dúvida a Princesa Eleanor tentará  seduzir o Príncipe e os outros Nobres. Ela nunca viu o príncipe propenso a sedução ou ter algum interesse em mulheres. Ainda assim, ela ficou um pouco preocupada.

Ela cantarolou baixinho enquanto descarregava o caminhão de entregas, uma música que vinha com frequência em seus sonhos. Ela não podia ouvir nenhuma letra o que a deixava desapontada, mas ela sabia que a música era brilhante. Ela esperou quando Rufio se levantou de mau humor para pegar a caixa.

- "Eu não entendo porque tenho que fazer isso" - ele resmungou saindo do caminhão para colocar do lado dos outros. - "Não somos seus malditos servos" - ele continuou murmurando em sua fala arrastada e Ella suspirou.

- "Eu não sei Rufio, não despeje a sua raiva em mim." - ela o repreendeu. Ela estava com uma caixa na mão que ela estendeu para Rufio, seus dedos roçaram levemente. Ela estremeceu por dentro. Sua "aura" era muito mais forte do que a dos outros vampiros, todo mundo podia sentir isso, especialmente quando ele toca em você. Ella, podia sentir essas coisas em uma intensidade mais alta, ela podia sentir como uma chama queimando suas veias ou pulando numa poça de gelo. Ela não era inteiramente humana, como a maioria presumia, ela era uma mestiça, metade humana e metade vampira. ela não conheceu os seus pais, mas ela sabia que a sua mãe foi vendida de volta para o Banco e foi onde ela deu à luz. Sua mãe morreu no trabalho de parto, eles disseram que ela era muito jovem quando engravidou. Mestre que engravidou a sua mãe havia descartado as duas, mas não importava para Ella.

- "Ei." - ele estalou os dedos. - "Ella."

Ela piscou rapidamente, voltando ao mundo real.

- "Me desculpe" - ela desviou o olhar e pegou outra caixa e entregou a Rufio. Ele parecia preocupado.

- "Fui eu?" - ele perguntou de repente. Ella ficou surpresa, seus olhos verdes refletindo sobre o que dizer enquanto olhava para o leão na frente dela. Rufio sabia o quanto Ella era sensível perto de auras como a dele, aparentemente ele não gostava de ser a causa do seu desconforto. Ele gostava de trazer o caos para todas as situações, mas ele não gostava de si mesmo e de outras pessoas em conflitos difíceis. - "Que te fiz ficar assim." - ele disse olhando para ela.

Ela balançou a cabeça.

- "Não, bem sim, mas eu comecei a pensar em outra coisa." - ela voltou a pegar a caixa quando Rufio voltou a outra. Havia muitas caixas.

- "Você não vai começar o seu turno agora?"

- "Eu fui dispensada" - ela simplesmente disse, contando as caixas que restavam. - "Não deveria contar para ela agora?" - Ella deixou escapar Rufio parou o seu trabalho para olhar para ela.

- "O Príncipe quem deve contar, Ella você sabe disso...Mas eu estou irritado pelo motivo dele está demorando tanto. O aniversário da Escrava é daqui a duas semanas, certo?" - Rufio endureceu um pouco quando viu o olhar que Ella estava dando para ele.

- "O nome dela é Rain." - ela disse hostilmente. - "Eu me lembro quando você costumava a me chamar de escrava." - Rufio mordeu o lábio, esfregando a nuca. Ele começou a descarregar novamente.

- "É...eu hum..." - Rufio não conseguia pronunciar as palavras, então ele voltou no assunto. - "Bem, talvez não possamos dizer, mas eu acho quem pode. De repente isso funcione, se Rain realmente é um dos amaldiçoados, ela não deveria estar preparada? É com isso que eu me preocupo, que descubram o nosso
disfarce e chame a atenção pra gente, isso é uma má notícia. Até onde sei, não temos tanto tempo antes do Príncipe..."

- "Morrer?" - ela sugeriu.

Rufio mordeu o lábio.

- "Não acho que essa seja a palavra apropriada, mas tenho um plano, mesmo que isso signifique ir contra os desejos do Príncipe."

Ella levantou a sobrancelha suspeita para ele.

- "Do que você está falando?" - eles estavam quase terminando as caixas, restavam apenas duas ou três caixas.

- "Não se preocupe, deixe isso comigo, querida." - ele sorriu para si mesmo e não pode deixar de lançar um olhar travesso para Ella, olhando profundamente em seus olhos, tentando queimar algo nela que a deixaria irritada. Ela suspirou, fazendo uma careta para a sua imprudência.

- "Eu não quero me envolver nisso, você entendeu?" - ela perguntou.

- "Não tem problema querida." - ele sorriu inocentemente, usando o apelido que ele costumava usar. Ela o catucou levemente em seu braço, tentando o seu melhor para não sorrir. Rufio e Ella parecia ser bons amigos, eles tiveram os seus desentendimentos, mas eles tinham um ao outro. Rufio era do tipo leal, ele pode ser um pouco ambicioso, mas ele sempre se manteve fiel aos que ele confiava.

Eles estão bem há pelo menos cem anos, quando ela o conheceu. Faz algumas décadas desde que ela foi nomeada uma escrava livre, era bom se sentir livre, ao saber que ela não era prisioneira ou brinquedo de ninguém, ela esperava que um dia todos os escravos fossem livres, mas era um sonho impossível. Rain será diferente, talvez ela terá sua liberdade assim como ela. Ela pensou cantarolando. Ela queria que Rain, conhecesse esse sentimento de escolha e força. É o que todo ser vivo deveria sentir, é como deveria ser...