Hello, Godbye

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Séculos atrás...

A vida sempre tinha sido algo engraçado, a forma como mudava tão de repente, sem aviso ou sem pedir permissão. A morte conseguia ser ainda pior, como uma grande piada de mau gosto. Era assim que Madeline se sentia. Não conseguia acreditar que aquilo, que a sua vida agora, era verdade. Não podia ser. Seu pai e sua mãe, eles se foram. De forma inesperada e cruel. Agora se sentia ainda mais sozinha, sem saber qual deveria ser seu próximo passo ou se conseguiria viver em um mundo sozinha, sem alguém para cuidar dela.

Um animal trouxe maldição para sua casa e vila quando e estava fora e assim que voltou, fora recebida com a notícia de que seus pais haviam sido encontrados mortos no quarto dos mesmos. Seu pai sob a cama e sua mãe no chão, pelo que contaram. Madeline não teve coragem de entrar no quarto desde que havia chegado, apenas ficava em frente à porta fechada. Diziam que era um animal, atacava a vítima e a deixava sem sangue. As pessoas vêm sumindo e quando aparecem, já estão mortas. Algumas, sem o coração. A garota encontrou sua amiga de infância morta na floresta, dias depois de chegar.

Madeline havia ido visitar seu futuro noivo, com a companhia de uma das servas que seus pais, mesmo sem condições, mandaram para preservar a sua integridade e virtude. Seus pais tinham arranjado um casamento proveitoso para ambos os lados, uma chance única. Edigar era um homem de ótima condição financeira, dono de terras férteis. Iriam se casar na primavera, mas com a morte dos pais da menina, o homem decidiu que o casamento não seria mais proveitoso para ele, já que os acordos que tinha feito com o pai de sua antiga noiva morreram com ele. Não era um homem ruim e não deixaria a jovem sozinha, principalmente depois da morte do único homem que a protegia. Este seria o segundo casamento do homem, então já havia visto o que acontecia com mulheres desamparadas naquela posição.

A morena simplesmente não sabia o que faria. Tinha alguma noção de suas opções, mas nenhuma parecia ser viável, não queria se arrepender de como ganharia a vida, no futuro. Nunca foi muito próxima dos pais, mas ainda assim, sabia que iria sentir falta. No fundo sabia que eles nunca se importaram verdadeiramente com ela, já que de acordo com os mesmos, foi o motivo da ruína dos dois. Seu pai, que era herdeiro de uma boa família, largou tudo quando soube que a amada, mãe de Madeline, estava grávida da menina. Ambos eram de boa família, mas deixaram tudo para trás. Tentavam não demonstrar, mas se arrependiam daquela decisão. Poderiam ter continuado juntos se tivessem dado um fim na gravidez e ainda teriam boas condições.

Pretendia honrar sua família, mesmo que não estivessem ali para vê-la. Queria provar, talvez para si mesma, que não era um erro. Seria uma grande mulher, custasse o que fosse.

Sabia que tudo teria que se ajeitar, mas tinha medo do que aconteceria, medo de ficar sozinha. A verdade é que nunca fora uma pessoa com muitos amigos ou pessoas com quem pudesse contar, sempre fora ela e seus pais. Tinha a segurança, ao menos, de que eles estariam ali. Nunca fora próxima dos dois, principalmente de sua mãe, mas sabia que os tinha. Agora se sentia perdida, sem ter para onde ir se tudo desse errado. Como encontraria um emprego? Como cuidaria de sua casa sozinha? Será que algum homem iria querê-la como esposa?

Tudo seria mais fácil se algum de seus parentes maternos ou paternos se importassem com a jovem. Nem se preocuparam em vir para o enterro, nem mandaram condolências ou algo do tipo. A única pessoa que havia se importado com Madeline, sua avó materna, morrera quando ainda tinha sete anos de idade. Nunca gostaram que a mulher mantivesse contato com a filha e sempre existira a dúvida de que a morte dela não havia sido apenas um acidente. O avô de Madeline não aceitava que o contrariassem.

Estava sentada na beira de sua cama, relendo algumas de suas anotações em seu pequeno caderno. O tinha desde que fizera treze anos, funcionava como uma espécie de diário, dava-lhe alguma calma em momentos de angústia. Lembrava de quando nada daquilo havia acontecido, de quando era feliz e sua vida parecia promissora. Ouviu batidas na porta de madeira e se levantou, fechou o caderno com cuidado e deixou sob a cama. Limpou o vestido enquanto caminhava até a porta. Respirou fundo antes de abrir, não sabia pelo que esperar. Seria boas ou má notícias?

The Vampire Queen | revisão/reescritaOnde histórias criam vida. Descubra agora