Meus pecados

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Acabei voltando ao trabalho na quarta feira. Ocupar minha mente era a melhor solução e o trabalho era uma ótima saída.

A semana se arrastava e o dia parecia ter trinta e seis horas.

Não vou mentir. Por um longo momento cogitei se não era melhor eu ter encarado ela nos olhos e escutado o que ela me diria.
Claro que sei que ela me deixaria, a prova disso foi ela não estar lá quando eu cheguei.

Porém aquele maldito bilhete martelada em minha cabeça

Ela dizer que não aguentaria se eu não à pedisse para ficar me tirou muitas vezes o sono. Será que se eu pedisse ela ficaria? Ou isso era apenas mais um dos seus mistérios para esconder a verdadeira face dela?
Respostas que na certa nunca terei.

Na sexta uma dor dilacerante me invadiu novamente, me fezendo sentir coisas mais uma vez desconhecidas por mim e também algumas conflitantes.
A inveja do noivo foi uma delas. Imaginar ele a tocando, me trouxe a ira.
Sentado no escuro olhando pro nada, desejei que ela sofresse e depois arrependido, desejei que ela fosse feliz.

A verdade é que sou um homem feito, porém apenas um bebê nesse lance de amor.
Entendo bem da luxúria, mais a entrega eu aprendi nos braços dela.

Entrei até na internet para tentar entender essa dor e até achei que poderia ser paixão e não amor.
Lá dizia que paixão era fogo passageiro. Entretanto, o que me queimava a alma não passava.

Talvez eu deva sim procurar por ela, somente para despejar todo ódio que sinto. Chamá-lá de todos os nomes que ela merecia ouvir.
Mesmo sem as lágrimas, meu coração ainda sangrava e meu ódio somente aumentava.

Por pura tortura peguei meu carro e voltei ao meu apartamento.
Me deitei sobre a cama, buscando o cheiro dela e por mais que eu tentasse, não o encontrei.

Dentro do closet. Nada! Ela realmente não deixou nem uma peça para trás.

As flores brancas já não enfeitavam a sala.
Mamãe sempre nos dava flores. Para cada filho uma diferente, para mim brancas, para Thiago amarelas e para Thomas as rosas, desde quando ela morreu eu mantenho esse jarro com rosas brancas, pois eles me faziam crer que de alguma forma ela estaria sempre presente, algo que até onde eu sei meus irmãos também fazem. Agora rosa Branca me lembra quem eu não quero esquecer e quem eu preciso esquecer.

Não vou me permitir sofrer como meu pai, até porque minha mãe não teve escolha ao deixá-lo. Becca me deixou porque quis, na verdade ela nunca me amou, ao menos não abriu a boca para cuspir tais palavras, mesmo seus olhos tendo me enganado tão facilmente.

Meu celular tocou e era Thiago, sei que meus irmãos estão preocupados comigo e na empresa sempre tem um ou outro me rodando.

-Fala Thiago.

-E aí donzela, ganhei dois convites para a inauguração de uma boate em Ipanema, topas?

-Chama sua namorada.

-Ela não é minha namorada, já falei que entenderam tudo errado. Vamos cara, sabe que não curto boate. Porém, essa parece que é das boas, vamos lá azarar umas gatas.

-Não estou a fim não, mesmo assim obrigado.

-Isso, fica mesmo em casa igual uma mulherzinha chorando por ela, ela por sinal deve estar dando muito pro chifrudo.

-Cala a boca Thiago, não estou chorando. Estou com ódio isso sim. -Falei pensando no que ele dizia.

-Só estou falando a verdade, vamos lá, não vai doer nada.

-Está bem cara, vou trocar de roupa e te pego aí.

-Assim que se fala donzela, quem perdeu foi ela.

MEU PECADO 🔞   Trilogia BAILE DE MÁSCARAS 1Onde histórias criam vida. Descubra agora