O portal

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Austin já havia recomeçado a correr, porém parou abruptamente ao perceber que a menina havia ficado para trás.

- Algum problema? - perguntou puxando a mão dela para motiva-la a continuar.

- No-nosso mundo?- Mia gaguejou, não acostumada com sua nova identidade. Após ela repetir sua pergunta um pouco nervosa demais, Austin lhe examinou por um tempo. Mia preparou-se para um sermão mas o que veio a seguir foi até doce:

- Olha, eu sei que está passando por um momento difícil... Não deve ser fácil descobrir de uma hora para a outra que é um ser mágico destinado a salvar um mundo encantado. É muita informação... E eu entendo. Mas realmente precisamos ir, ou colocaremos a vida de todos esses mundanos em risco.

A forma que ele se referia aos seus amigos era estranha e Mia sentia calafrios por saber que corria perigo, mas seja lá o que ela fosse... Esse problema era dela, e se recusava a deixar alguém que amava sofrer por sua causa. Pensando assim deu um passo amedrontado para a frente, sua mão ainda pressionava a do rapaz. Apesar da situação embaraçosa em que se encontravam, um sorriso de divertimento surgiu nos lábios de Austin e logo eles já corriam novamente e rapidamente pelo gramado bem cuidado. Correram por mais um tempo até estarem fora da mansão dos Stone, Mia se perguntava tristemente o que estava rolando em sua festa e para que destino incerto estava indo. Óbvio que parecia loucura acreditar em tudo aquilo, mas a verdade estava registrada no fundo de seu ser e no colar dependurado em seu pescoço, não havia como negar.

Praticamente correram duas quadras até a floresta local, assustada a jovem parou ao identificar o local para o qual estava sendo guiada.

- O que fazemos aqui?

- Eu já disse, estamos indo para o nosso mundo... Nossa casa.

- Nossa casa? - perguntou, louca da vida. - Você quis dizer, sua casa! Porque essa é a minha casa... A terra, os humanos, a normalidade... Esse é o meu mundo.

Austin pareceu surpreso por sua fúria repentina, tentou pegar em seu braço e dar continuidade a caminhada.

- Já conversamos sobre isso.

- Não! - rebateu. Até mesmo o diabo se sentaria para aplaudi-la caso chegasse em um nível mais alto de irritação. - Não conversamos... Você despejou um monte de bombas no meu colo, dizendo que sou um ser mágico destinado a salvar o SEU mundo encantado e blablabla. Tem noção de estrago que está fazendo em minha sanidade mental? Não pode simplesmente chegar e achar que pode me levar para o seu mundinho de aberrações.

- Não somos aberrações. - se viu contradizendo, ofendido.

- Não? Então o que são? Por que para mim não são normais.

- Somos diferentes. - disse mostrando um olhar duro, um que Mia nunca havia recebido dele. - Você é uma de nós. Sempre foi e sempre será.

- Não se atreva a dizer isso de novo. - ordenou com as mãos na cintura e também lhe lançando um olhar irritado.

- Não pode renegar sua própria natureza. Muito menos desamparar o seu povo assim.

A garota grunhiu.

- Esse é o meu povo, "mundano" como você mesmo diz. E se não se importa eu preciso celebrar uma festa de aniversário. O meu aniversário! E andar pela floresta com um maluco não é bem a minha ideia de celebração.

EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora