Novatos misteriosos

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Quando seus olhos se abriram, sua visão estava embaçada. Mia olhou para o banco de Cassie e a viu desacordada.

- Cas-sie. - chamou com voz baixa e pausada, estava presa e não conseguia mexer suas pernas. Seu corpo estava flexionado pelo cinto de segurança. Com dor na cabeça, ela tentou soltar o cinto. Não estava nem ai para si mesma, sua preocupação real estava centrada em Cassandra. - Cassie. - chamou de uma vez só e mais firme, porém sua melhor amiga continuava inconsciente.

- Eu vou tirar você daí. - disse uma voz do lado de fora do automóvel. Ele tinha cabelos loiros e uma pele bronzeada, seus olhos vagaram com lentidão pela BMW e por ambas as jovens dentro do carro.

- Ajude ela primeiro. - pediu Mia, desesperada. - Ela está apagada...

- Desculpe, princesa. - ele falava com um sorriso brincalhão nos lábios. - Mas creio que preciso salvar você primeiro.

- NÃO! - gritou, se esquivando dos braços fortes que vinham em sua direção após abrir a porta destruída. - Tire ela primeiro...

- Você não está em condições de exigir nada. - ele repetiu seu sorriso, se esticando sobre ela e abrindo o cinto. Mia desistiu de tentar convence-lo a tirar Cassandra dali, ele parecia determinado a fazer o que bem desejasse e o quanto mais ela insistisse, mais demorado seria. Seus olhos azuis se aproximaram do rosto de Mia e o rapaz tomou posse de seu corpo, tirando-na de dentro do que um dia já fora um carro. Imediatamente a menina sentiu uma grande tontura e dores em grandes regiões. - Só não vai desmaiar. - o louro lhe pediu, fixando seus olhos azuis nos dela enquanto lhe carregava em seus braços. Tarde demais, os olhos da jovem se fecharam segundos depois. E quando ela os abriu novamente, se encontrou deitada em uma cama, com uma mão acenando em frente ao seu rosto.

- É hora de acordar. - ouviu uma voz ao longe, sua visão ainda desfocada não conseguia identificar o indivíduo.

- Aonde eu estou? - questionou tentando se sentar, mas permanecendo no mesmo lugar por conta da dor.

- A médica disse para você ficar quieta e não fazer muito esforço. - respondeu um rapaz, ao vê-la soltar um gemido. - Acho melhor fazer o que ela pediu.

- E quem é você pra me dizer o que fazer?

- A pessoa que lhe salvou. - respondeu sem muita emoção. - Devia ficar mais agradecida.

Havia claramente uma tensão entre eles, mas Mia estava agradecida, porém não teve tempo de esclarecer isso pois a porta se abriu. Seu pai estava ali, sua expressão estava aborrecida e sua filha percebeu naquele momento que havia perdido sua confiança.

- Obrigado, meu rapaz. - Aairon agradeceu, apertando educadamente a mão do desconhecido, parecendo ignorar a presença da menina deitada sobre a cama. Quando o outro saiu, o homem lançou a ela um olhar de desprezo, como se esta estivesse contaminando o ar com uma doença contagiosa.

- Pai...

- Não fale nada, Mia. Apenas arrume as suas coisas e vamos para casa.

- Mas pai...

- Eu nunca esperei isso de você! - rosnou ele. - Fugir e ir a uma festa... Roubar um carro! Tem noção do que você fez?

- Não pode me culpar! - a ruiva devolveu no mesmo tom - Você traiu o seu melhor amigo...

- Não misture as coisas, garota! - gritou o empresário, com decepção e raiva em sua voz. - Eu errei com você.

EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora