Capturado

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Cassandra Montegomer havia passado o dia inteiro treinando e vendo Austin dar aulas de box e outras coisas úteis para um combate corpo a corpo, assim como Sebastian que também se juntou na sala para fazer seus próprios treinamentos. Quando faltava pouco para o cair da noite, todos deram-se por satisfeitos e encerraram os treinamentos daquele dia cansativo. Ao final do turno, Cassie estava com os braços doloridos de tanto segurar seu arco, sua cabeça também latejava um pouco o que a fez desejar um remédio. Saiu de seu quarto caminhando a passos lentos, entrou na cozinha com a mão na cabeça, denunciando sua dor. O guardião lhe olhou de relance com uma leve preocupação mas a humana sabia que ele era durão demais para demonstrar. Ela se aproximou do louro que estava centrado em cortar ingredientes para o jantar. Parou ao lado dele que utilizava a bancada da pia, Cassie por sua vez abriu a torneira e serviu um copo bem cheio d'água.

- Você tem algo para a enxaqueca? - perguntou massageando suas têmporas durante um gole na bebida.

- Na gaveta do meu quarto. - disse se esticando por sua frente, para encher uma panela com água. Os cabelos do garoto rasparam levemente na face da jovem e ele nem sequer a encarou ao responder sua pergunta com hostilidade.

Cassandra não gostava nadinha da relação que vivenciava com o guardião. Dormir com ele foi bom e ela havia gostado, mas como ambos haviam deixando claro: havia sido um erro, apenas uma noite... Já passará por situações parecidas com outros caras, mas não tinha dividido a casa com nenhum deles e era meio brusca a forma que ele estava lhe tratando após a intimidade que compartilharam. Saiu da cozinha sem conseguir decidir se estava aliviada ou chateada por ele fingir que nada havia acontecido entre ambos.

A necessidade de tomar o comprido que aliviaria sua dor, fez ela intensificar a velocidade de seus passos e chegar em menos de um minuto no quarto do garoto que lhe deixava com mil emoções diferentes. Não precisou vasculhar muito para encontrar uma caixinha de paracetamol dentro de uma gaveta no criado mudo, o remédio estava sobre algo que parecia ser um álbum de recordações. Perdendo para sua curiosidade e invadindo completamente a privacidade do guardião de sua melhor amiga, Cassandra pegou o álbum que parecia um livro. Ele era grosso e azul, antigo, mas era muito bonito.

A medida que o foleava, foi vendo fotos antigas de um bebê louro e gordinho, com pais sempre sorridentes, pareciam uma família perfeita. As fotos seguiam com a criança crescendo em momentos aleatórios e constrangedores para um adolescente, como quando seu primeiro dentinho caiu. Ela se viu esboçando um sorriso ao notar que aquele garoto pequeno, cheio de sorrisos e pureza, era o garoto rabugento e durão que preparava o jantar no andar de baixo.

Ninguém precisava dizer para Cassie saber que o que havia amargurado aquele pobre rapaz, era a dor da perda, perder seus pais havia destruído a criança que Austin forá, ele havia perdido tudo o que amava, sua vida estava cinza. Não tinha como não compreende-lo e admira-lo por ser tão forte. Nossos pais são nossos pontos seguros e o guardião havia perdido o seu, estava navegando por ai sem uma âncora e a garota se arrependeu de ter afundado a sua toda vez que acreditou odiar aqueles que lhe deram a vida, seus pais eram cruéis as vezes mas ela os amava e sentia saudade de casa.

Depois de ver muitas fotos lindas do crescimento do jovem, encontrou apenas uma aonde ele devia ter seus doze anos, possuía a mão sobre a barriga grande da mulher que lhe acompanhará em todas as outras fotografias e vestia o seu melhor sorriso, era evidente que sua mãe amava aquela que estava em seu ventre e aquele que fora dele parecia feliz com a chegada de um irmão... Aquela foto não finalizava, na verdade iniciava a ala de outras fotos ainda mais intrigantes. Uma garota! Havia uma garota... E ela o abraçava e beijava de diferentes formas ao decorrer do álbum.

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