Formando duplas

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Menos de cinco minutos haviam se passado desde que Austin havia saído com Cassandra da enfermaria e agora ele se encontrava em uma aula mundana completamente entediante. O rapaz constatou que havia sido uma péssima ideia despistar seus olhos de Mia, pois ela ainda não havia voltado da sala do diretor e Sebastian também não estava presente. Seu instinto de guardião dizia que algo estava errado, ele só não sabia exatamente o que. Entretanto, jamais poderia atrair a atenção daqueles meros humanos que nada sabiam do mundo encantado ao qual ele e Mia pertenciam. Por isso manteve-se em silêncio garantindo a si mesmo que só iria esperar alguns minutos e iria procurar pela jovem ruiva. Foi quando ouviu o grito, era alto e desesperado. O louro pulou da cadeira fazendo com que a mesma fizesse um barulho e atraísse os olhares de todos os jovens que estavam a sua volta, o professor também pareceu assustado com sua reação. Austin olhou ao seu redor e percebeu que ninguém havia ouvido ao grito. Mas ele sim,  isso significava que a conexão de guardião estava mais uma vez informando que sua princesa precisava dele. Ignorando todos os olhares, saiu correndo da sala, indo atrás daquele berro. Não era um grito de medo, ela não precisava de ajuda... Era um grito de dor, de raiva, um grito usado como um desabafo.

Desde o início quando havia ganhado a missão de encontrar e levar a princesa de volta para o seu reino, Austin sabia que não seria uma tarefa fácil. Sabia que a menina ia começar a descobrir sua verdadeira identidade e que ia pensar estar enlouquecendo. Criada no meio dos humanos, Mia não fazia ideia da existência de um mundo mágico. Ele queria contar tudo, seria tão mais fácil dizer para ela tudo o que sabia... Mas não podia, essa tarefa era do colar, ele mostraria para a jovem a verdade e ela não poderia fugir desse fato, tão pouco achar que estava enlouquecendo. Pois haveriam provas que a fariam perceber que não pertencia àquele mundo e que seu dever era salvar o seu povo da obscuridade que havia caído sobre eles a dezessete anos atrás.

Quando finalmente chegou a sala do diretor, ele empurrou a porta com cuidado. Mia virou sua cabeça lentamente para a porta quando a viu ser aberta, logo em seguida Austin surgiu com a preocupação estampada em sua face. Ao vê-la sentada com o rosto inchado, mas bem, o garoto soltou um suspiro aliviado.

- Eu sabia que você vinha. - Mia falou encarando seus dedos. - Acho que eu sei de muita coisa...

- O que você tem? - a preocupação ainda estava presente em seu tom de voz e ele parecia tentado a lhe abraçar, mas permaneceu com o corpo imóvel. Mia ergueu seus olhos esperando que ele dissesse algo, porém o rapaz nada disse.

- Eu sei que estamos ligados, Austin. - declarou. - Eu sei que tenho visto minha mãe. Mas falta peças... Coisas que não se encaixam nem fazem sentindo, e eu acho que estou enlouquecendo. Então, por favor... Me diga o que é que você tem escondido de mim?

  O garoto soltou um suspiro pesado e se sentou ao seu lado.

- Você está tão perto de descobrir a verdade. - murmurou.

- Que verdade? - ela ficou séria.

- Eu já disse que em breve você saberá. - Austin abriu um sorriso tentando tranquiliza-la e depois acariciou sua bochecha. - O mais importante você já sabe... Temos algo especial.

Subitamente uma onda de calor percorreu o seu corpo, ela desviou o olhar para a porta e encontrou o motivo de todo seus pelos terem se arrepiado.

- Que lindo ver vocês dois tão próximos. - debochou Sebastian. - Mas temos que ir, Colin mandou chama-los.

Ambos os dois se levantaram, o olhar de Austin estava fixo no do outro, ele parecia querer mata-lo.

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