A Liberdade assusta, a sensação de que o mundo está todo em suas mãos agora. Assim como um pequeno Pássaro quando sai a primeira vez de seu ninho e vai dar o seu primeiro Voo, assim que eu me sentia.
Eu estava acostumada a viver um dia de cada vez, a agradecer por dar mais um dia a meus pais, sim, pois eu já estava conformada, eu iria morrer um dia, isso era fato, mas não é fácil para uma mãe e nem para um pai aceitar isso.
Isso soa clichê, mas enfim, é assim que eu me sentia, eu iria morrer um dia, não como todo mundo sabe, "sabe um dia vou morrer é inevitável", é mais para "Eu vou morrer, sim, e vou morrer nova, antes de meus pais, e a qualquer momento!” Era assim que eu me sentia sempre.
Minhas unhas estavam no toco, eu poderia até sentir o gosto de sangue se eu continuasse a buscar pedaços salientes para meus dentes fisgarem.
Eu estava dividida em duas partes igualmente em mim, uma parte estava aliviada, uma batalha estava vencida e eu poderia finalmente chegar o mais perto de uma vida normal que eu algum dia sonhei em ter, já a outra parte estava aterrorizada, simplesmente surtando dentro de minha mente apavorada, era um mundo totalmente novo.
Assim como uma criança que vai aprender a andar, eu estava temerosa, porém decidida, eu iria fazer valer a pena.
Quando a porta do quarto se abriu eu levei um susto e automaticamente temi pelas novas batidas em meu peito, aos poucos elas iam se acalmando gradativamente, eu sorria feito idiota eram as batidas de meu coração, era o que eu dizia a mim mesma: se acostume ele faz parte de você agora sua idiota.
— Te assustei Hailey? Não foi minha intensão. — a voz preocupada e carregada de medo do meu pai, mostrava que eu não era a única que precisaria me acostumar agora com a nova rotina.
— Não foi nada, estou bem, só ansiosa para voltar para casa.
— Está pronta? Estamos esperando somente você.
Olhei em volta, o quarto não era muito diferente do que sempre eu estava acostumada, era branco, alguns desenhos de bichos espalhados pela parede, eu ainda era atendida pela mesma equipe pediátrica que cuidava de meu antes defeituoso coração.
Ao lado de minha cama hospitalar estava um sofá que servia de descanso para meus acompanhantes, meu pai e minha mãe que se revezavam nos dias que fiquei internada no pré e pós operatório.
Respirei fundo desejando não precisar mais ter que estar em um hospital tempo suficiente para decorar o nome da equipe de enfermagem, decorar os horários do plantão e conseguir saber sem problemas a escala dos horários de quase toda equipe do andar.
— Vamos! — sorri para meu pai, ele pegou a minha pequena mala, e eu caminhei ao seu lado sorrindo vitoriosa.
As enfermeiras sorriram para mim, tão simpáticas, menos a Margarete, ela era loira e gostava de trabalhar de salto alto, ela era ranzinza e muitas vezes que perdi meu acesso ela foi muito bruta na hora de achar minhas veias, o resto eu gostava e não tinha reclamação alguma.
Quando eu era criança dei trabalho assim como qualquer garotinha, eu costumava fazer bonecos de neve no dia da primeira nevada do ano, gostava de correr pelo bairro no dia das bruxas, e melhor ainda amava os biscoitos de natal que minha mãe preparava.
No meu primeiro dia no jardim de infância meus pais já foram chamados por eu ter brigado com um de meus coleguinhas e infelizmente eu mordi seu braço.
Coisas normais, que não duraram muito tempo.
No ano em que eu completaria sete anos, antes da noite de natal, eu estava como sempre vestindo o boneco de neve, tinha acabado de colocar a cenoura que fazia seu nariz, e meu pai estava amarrando o velho cachecol vermelho no pescoço de Rony, o nome esquisito que eu dava ao boneco.
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Voar
RomantikHailey Turner e Nicholas Scoot se conheceram como qualquer adolescente, e assim com os relativos problemas deles gradativamente se envolveram, porém isso não é só uma história sobre dois adolescentes que se apaixonam, e sim sobre superação. Um rapaz...