Capítulo 10

849 63 2
                                    

Evitei todos, quando Christina me chamou no refeitório para almoçar eu sorri forçadamente, mas fui diretamente sentar do lado de fora, em um dos bancos. Eu mal consegui tomar meu suco e mal comi. Tudo estava tão fora do lugar, tão errado.   

— Precisamos ver tudo sobre o baile, eu ando agitada demais nem consigo me organizar! — disse Monica sentando-se ao meu lado, ela estava polvorosa. — Oh Hailey, desculpe-me, você está bem? — ela perguntou percebendo meu estado.   

— Não muito, estava querendo ficar sozinha. — resolvi que não mentiria.    

— Olhe, eu sei mais do que ninguém que se uma pessoa quer ficar sozinha deve-se atender a esse pedido. Mas eu estou enlouquecendo Hailey! Será que poderíamos essa semana resolver tudo para o baile?   

— Monica, eu prometo que vou me dedicar, só me deixe hoje ficar sozinha com meus pensamentos ok?   

— Tudo bem. — disse ela me olhando triste, logo depois se levantou e saiu.   

Eu fiquei ali sentada tentando organizar as minhas ideias, não deveria ficar abalada por tão pouca coisa, mas percebi que eu estava assim não somente por Nicholas, era o conjunto todo, Margot, Ele, Edgar, tudo... Mas Nicholas ainda era o motivo principal.   

Por que me magoou tanto a forma como ele falou comigo hoje? E ele sempre me tratou assim, porém hoje isso me destruiu.    

Assim que entrei na aula de artes aquele era meu momento, eu não iria trabalhar em meu tordo enjaulado, eu queria desenhar o rosto de uma pessoa, queria descarregar minha raiva, então o grafite novamente foi criando vida, e ali estava o rosto de Nicholas Scoot.   

Como era em minha mente, aquele olhar de raiva, aquela dor que ele estava guardando, seus fantasmas.   

Observando aquele olhar me encarando, pude perceber o que tínhamos em comum, nós dois éramos marcados por cicatrizes da vida mesmo tão jovens, mas o problema de Nicholas era que ele usava a dor como escudo transformando-a em raiva.   

Eu não queria que ele ocupasse minha mente, mas já havia a preenchido de uma forma tão grande que eu não conseguia esvaziar, eu podia espremer cada vez mais, que ele parecia tomar conta de todo o espaço.   

Achei que o colocando no papel desenhando ele iria sair, mas não, preenchia cada vez mais.   

Desta vez eu arranquei a folha do desenho do cavalete antes de sair, o levei comigo, o coloquei em minha mochila e corri até a aula de história.   

Sentada atrás dele, isso não estava ajudando muito. Eu me sentia incomodada, tentava me distrair com alguma coisa, mas sempre me pegava observando as pequenas marcas pretas que apareciam em seu pescoço e várias vezes imaginava o que seria a tatuagem que ele tinha.   

— Hailey! — a professora chamou, me fazendo saltar de susto.   

— Sim?   

— Ontem você não esteve na aula, então poderia entregar o trabalho em dupla, Nicholas disse que ficou com você.   

— Ah! — lembrei-me do trabalho, eu não o havia entregado ainda, o peguei em minha bolsa e como sempre desajeitada eu derrubei alguns papéis, mas nem os juntei, fui até a professora e entreguei a pasta.   

Quando me virei dei de cara com Nicholas os juntando, e observando um deles.   

"Que não seja meu desenho!" — pensei, mas não adiantou, era o desenho.    

— Você deveria não ser fuxiqueiro! — falei irritada.   

— Só fui educado. — ele nada disse sobre o desenho, somente colocou os olhos nele, e depois me devolveu.   

VoarOnde histórias criam vida. Descubra agora