1 : FILHO DE UM ARCANJO

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REN

Vinte e cinco anos depois...

Sabe quando você pressente que vai apanhar? Usa aquele sexto sentido que te indica "perigo"? Pois é, eu tinha sentido isso quando resolvi tirar a mulher de um traficante, porque realmente gostara de seu corpo.

Por aquilo, estava apanhando agora.

— Fale, idiota!

— Falar o quê? — Ri, com o sangue pingando da boca e recebi outro soco no estômago. Se tivesse comido alguma coisa, com certeza já teria vomitado. — Ah, tudo bem, falar que sua mulher era gostosa? Era mesmo, estou sendo sincero, ela nem merecia um merda como você!

Fui jogado contra a parede do beco e prensado por três homens, Vincent, Caio e João, os lacaios fiéis do líder, Beck, que me olhou impassível.

Era difícil existir pessoas assim, que não expressavam sua ira ou sentimento algum.

E esses conseguiam ser bem assustadores.

Beckham era insanamente um bastardo nojento. Ele conseguia se parecer com um play boy mas por baixo da fachada bonita que era seu corpo e rosto, ele era podre. Matava por gosto e isso sempre me atraiu em sua personalidade.

Por isso comecei a andar com ele. Por isso que fui chamado para o "Lado Negro da Força."

Talvez eu estivesse colhendo o que plantei agora.

— Merda é você, Ren. — Beckham cuspiu em meu rosto. Grunhi, com nojo. — Não tem medo de morrer? Pelo visto, não. Não se esqueça de que está me devendo dinheiro e sei como resolver o problema.

Forcei meus braços contra os três, mas era difícil se mexer quando mais de cem quilos lhe segurava.

— Está me ameaçando? Fui um dos seus empregados mais responsáveis e só por que peguei a sua gatinha acha que precisa me meter medo?

— Você já está com medo e é bem diferente. — Beck mordeu os lábios e cravou os olhos verdes em mim intensamente. — Poucos que me deviam sobreviveram para contar a história, talvez sem uma perna ou braço e eu nunca saí do escritório para vir atrás das pessoas que deviam para mim.

— É para eu me sentir privilegiado? — Tentei sorrir, mas minha boca cortada não ajudava muito.

Ele tinha razão, eu não tinha medo de morrer. Minha vida sempre foi uma bosta, cresci com minha mãe azucrinando meus ouvidos, escondida, de que eu era filho de um Arcanjo e Christopher, ah, ele tinha morrido dois anos depois de eu nascer.

Sempre me considerei anormal.

Enxergava o mundo de uma forma diferente, sabia que morreria e gostava de aproveitar a adrenalina, nunca deixava as coisas para depois.

Gostava de simplicidade, até da borboleta que voava em círculos em cima da minha cabeça ao chão.

A pergunta que não saía da minha mente na maioria das vezes era: "Como seríamos se nada tivesse sido criado?", ou, "Por que eu estou aqui?" Sendo que a maioria das pessoas somente tinha cabeça para sexo, dinheiro e respirar.

Então, fiz com que acreditassem que eu era assim, para não ser arrastado para a sociedade julgadora.

Eu acreditava fielmente nos mortos.

Por incrível que pareça, me sentia protegido na maioria das vezes por eles. Pensava, que por mais absurdo que fosse, talvez minha mãe só estivesse brincando sobre meu pai. Sobre ele ser um maldito Arcanjo.

Onde ele está?

Já que você não quer cooperar, Ren, vamos fazer isso de outro jeito. — Beck fez um sinal para os três capangas me soltarem e foi o que fizeram.

Ajeitei minha camiseta e respirei ar puro. Não vou morrer agora então? Que pena. Olhei para a lua cheia antes de perguntar a Beckham:

— O que isso significa?

— Significa meu caro... que você descobrirá da pior maneira quem é Beck Hanson.

Eles foram embora, deixando-me com uma pulga atrás da orelha.

Grande coisa, meu sobrenome é melhor que o seu. Hanson. Chato. Muito mais bonito Ren Warner Spenc. Chama muito mais atenção das mulheres.

Estralei as costas doloridas e dei um passo cambaleante para a frente, fazendo uma careta.

Definitivamente não era legal servir de saco de pancadas de bandidos.

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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