O Anticristo do Fogo | Vol. III [DISPONÍVEL NA AMAZON]

2: TATUAGEM DE ASAS NAS COSTAS

REN

Cheguei em casa já sabendo que minha mãe estaria me esperando.

Abri a porta e suspirei ao notar que suas costas estavam eretas no sofá. Como já estava acostumada aos meu machucados e minhas constantes explosões de bipolaridade, se segurou para continuar sentada.

Limitei-me a fechar a porta e dizer:

— Oi.

Seus olhos me examinaram de cima a baixo.

— Aquela garota esteve aqui.

Qual delas?

Mas a pergunta provavelmente estava estampada na minha cara, pois Analu levantou-se e começou a andar para a cozinha, em direção a geladeira contendo meu melhor amigo — o gelo.

— Quem mais seria? A sua amante e "ex" de Beckham.

Desde meus dezoito anos, ele era um problema na minha vida. Minha mãe sempre me infortunou com as ideias ridículas de eu ser um Anticristo e para fugir da desequilibrada esquizofrênica, resolvi me jogar nas drogas.

Mas além disso, somente para provocar mais a adrenalina, comecei a trabalhar para Beckham Hanson.

O maior traficante de nosso Estado e mais conhecido por seus inimigos como "La Wolf". O Lobo.

— E o que você fez? — Indaguei, assim que coloquei a bolsa de gelo por todo o meu rosto, segurando-me para não grunhir de dor.

— Praticamente expulsei-a com a vassoura. — Segurei o riso.

Depois de trabalhar dois anos para Beck e começar a fazer faculdade de Direito, ele finalmente viu que eu não era de se jogar fora e me tornou seu braço direito, perguntando como gostaria de ser chamado.

La Volpe. A Raposa.

Nada de La Angel, ou até mesmo, L'anticristo. Minha mãe não fazia ideia do agravo de minha situação. Para sua total ingenuidade, eu somente devia dinheiro para um traficante de drogas e de quebra, ainda roubara sua namorada.

— Seu pai não ficaria orgulhoso de sua situação. — Sussurrou.

Minhas pernas ficaram bambas por somente escutar a menção sobre ele. Deixei a bolsa de gelo cair com um estrondo em cima da mesa e a encarei com a raiva começando a borbulhar por meu sangue.

— Esse assunto de novo, mãe? — Reclamei. — Por que o digníssimo Arcanjo não desse aqui e me diz como devo agir, hein? Ah, espera... Acho que ele está muito ocupado cuidando do Céu e de outros anjos, não é?

Sabia que estava sendo um babaca com ela, mas não conseguia aguentar suas alfinetadas do que supostamente meu pai "anjo" faria. Cheguei até a fazer uma tatuagem de asas nas costas para Analu tentar parar de me incomodar, mas não tinha dado certo.

Ao contrário, ela ficara brava por ridicularizar meu pai a esse ponto.

— Não fale assim comigo, Ren. Por favor.

Suas palavras deixaram meu peito quebrado e me esforcei visivelmente para não dizer mais nada. Depois da morte de Christopher, ou não sei quando, por que eu era novo demais para lembrar, minha mãe se tornara reclusa.

Ela ainda trabalhava no Exército como médica, mas não ria com tanta facilidade e sua autoestima era, provavelmente, capaz de ser encontrada abaixo dos pés.

Se bem que a parte do rir, poderia ser minha culpa também.

Eu era advogado mas servia ao crime.

É, com certeza não era o exemplo de filho do mês.

— Só... quero que você pare de dizer que Uriel um dia vai descer e conversar comigo. — Rosnei, voltando a colocar o gelo sobre a boca, que era a parte que mais estava machucada. A ideia em si já era ridícula. — Eu lhe peço isso, mãe. E também peço para que pare com a loucura de dizer que sou um maldito Anticristo.

Ela desviou os olhos verdes para os dedos murchos e enrugados.

Minha mãe era bonita agora, mas por suas fotos antigas, sei por que Christopher e metade da cidade praticamente caía aos seus pés.

Até Beckham teve uma quedinha por ela.

Levantei-me incapaz de encarar seu rosto triste, sabendo que ela não conseguiria parar com essas maquinarias retardadas celestiais. Eu pedia a, praticamente, vinte anos que Analu parasse de dizer tais coisas, mas ela nunca parava. 

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

Beckham Hanson:

Analu