12: O FILHO DE URIEL MANDA LEMBRANÇAS

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* Contém cenas pesadas *

REN


Grant deu uma olhada ao redor, parando em cada rosto atrás de mim, respirando rapidamente e por fim entrou.

Ele parecia nervoso e isso não era bom.

Raramente Grant deixava os sentimentos transparecerem.

E agradeci pelos seres celestiais terem guardado suas asas antes de entrarmos em casa — em respeito a minha mãe ou algo do tipo da política deles. Eu não precisava de mais alguém embarcando no mesmo barco que o meu.

O barco da loucura.

— Eu sei de tudo, Ren. Sinto muito. — Grant baixou os olhos castanhos.

Eram palavras que não me trariam conforto, mesmo assim assenti com a cabeça compreendendo. Éramos durões e não sabíamos dizer as coisas certas.

Mas entendia o significado de cada letra.

Estou aqui para o que precisar.

Lembro-me quando os pais de Grant morreram em um acidente de carro ano passado. Ele ficou dois dias sentado na frente dos túmulos deles e só quem conseguiu tirá-lo de lá foi eu.

E com uma arma apontada para a sua cabeça.

Não duvidei que ele tivesse uma ali escondida. Para me colocar no caminho certo novamente.

Pena que... Uriel tinha conseguido fazer isso de uma maneira bem torta já.

— Tudo bem, irmão. — Falei.

— Irmão? — Uriel estreitou os olhos. — Que eu saiba, só tive você de filho.

Dhália deu uma cotovelada nele e balançou a cabeça, Gabriel bufou uma risada e encostou a cabeça no encosto do sofá.

Grant abriu a boca e ficou sem resposta.

— Não ligue. — Arrumei uma desculpa rápida. — Uriel não sabe os limites das brincadeiras.

O Arcanjo do fogo fez uma careta, mas não retrucou.

— Mas, tirando isso, Grant — dei-lhe uma olhada avaliadora —, você parece inquieto.

Ele gaguejou algumas frases desconexas, mas não conseguiu continuar. Respirou fundo e coçou o pescoço fortemente, arranhando a pele, quase tirando sangue.

Um indício de como estava incomodado.

— Desculpe, Ren, mas eu preciso te dizer que quem matou sua mãe foi Beck.

Cambaleei para trás como se tivesse sido atingido por um tiro no coração.

Não... Ele não seria capaz de tal coisa, seria? Vingar-se em Analu? Em minha mãe?

"Já que você não quer cooperar, Ren, vamos fazer isso de outro jeito." Não. Mordi os lábios para não gritar e deixar-me pegar fogo novamente. "Significa meu caro... que você descobrirá da pior maneira quem é Beck Hanson."

O sangue inundou minhas bochechas com raiva quando olhei para Gabriel e ele confirmou com um gesto de cabeça.

— O que você pretende fazer? — Grant me fitou.

Olhei para Uriel, que se levantou do sofá.

Nosso plano já estava traçado.

— Vamos atrás do assassino, Grant, e vamos matá-lo. — Engoli a saliva.

***

Trinta minutos depois estávamos no complexo dos Hunters. Nada mais que um clube ilegal.

Seria uma boa festa.

Oh, sim, Lúcifer gostaria de receber um aperitivo antes do prato principal. Com o ódio que emanava de meus poros, não sabia ainda como não tinha vindo queimando de lá aqui. Eu tinha medo do que me tornaria.

De como os sentimentos sobre morte estavam vivos em minha mente.

Antes de sair de casa tinha pegado meu bebê da gaveta.

— Olhe só quem está aqui. — Beckham abriu os braços ao nos ver e sorriu.

Dissimulado.

Forcei um sorriso enquanto olhava para os meus três companheiros. Grant tinha ficado em casa, eu sabia que ele assumiria o lugar de Beck, então não podia arriscar sua vida e sua sanidade para o que veria.

— Quero ter uma conversa a sós com você, velho amigo. — Provavelmente dava para ver os pingos de veneno escorrendo por meu corpo.

Ele uniu as sobrancelhas, notando os seres atrás de mim em seguida.

Trouxe convidados?

Sabendo que Beckham já estava me enrolando, comecei a contar quantos tinham ali. Muito bom. Seis baixas não seriam nada.

Já cansado daquilo, deixei que bolas de fogo inundassem minha mão. Ainda não sabia controlá-las, mas serviu para assustar Beckham. Quê deu passos para trás até ser parado pela mesa de sinuca.

— Que merda é essa, La Volpe?

— La... — Uriel ia começar a falar, mas levantei as mãos, calando-o.

— Esperem-me lá fora, por favor.

Eles não discutiram. Menos um empecilho. Voltei minhas atenções para o bando que matou minha mãe, segundo Grant e Gabriel.

Tiros começaram a soar e perfurar meu corpo, mas eu não sentia nada.

Ri como um demônio. Peguei fogo como eles deveriam imaginar que o Diabo pegava. Os queimei lentamente e no final, o único que sobrou sem uma perna e dois braços foi Beckham, o babaca.

Abaixei-me onde seu corpo ainda fumegava das partes que cauterizei.

Ele respirava com dificuldade e olhou-me com medo.

— Quem é você?

— Sou o filho daquela que matou. Lembra-se? — A expressão de terror em seu rosto foi... Ótima, perfeita. — Ah, e não se esqueça de dizer, quando chegar ao Inferno, que o filho de Uriel manda lembranças.

Sorri e o envolvi com fogo, ouvindo seus últimos gritos de dor.

Ah, agora sim eu me sentia completo outra vez.

Matando outra vez.

Coloquei fogo naquela bosta toda onde perdi anos valiosos de minha vida e saí. Extingui o fogo de meu corpo enquanto assistia as cinzas se levantarem.

Olhei para o Céu e dei um meio-sorriso, triste.

— Descanse em paz, mãe.

Senti mãos em meus ombros, como as dela naquela noite, na praia, quando eu era apenas uma criança, mas não eram de Analu e sim, de meu pai.

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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