11: NENHUM SER CELESTIAL PODE TER FILHOS

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REN


Surreal.

Acho que essa era a palavra que definia minha situação atual muito bem.

Estava na minha frente o tempo todo.

Sim, os flashes de Analu falando de Uriel, de eu ser um Anticristo poderoso, ah, quando criança gostava de ouvi-las. De imaginar meu pai ou anjos voando pelo Céu, vendo-nos lá de cima. Guardando nossas vidas.

***

Como mãe?

Analu sorriu e lambeu os lábios. Estávamos na praia, no dia de meu sétimo aniversário.

Mamãe adorava aquelas dunas, principalmente gostava de me trazer quando a lua era cheia e o céu pontuado de estrelas.

— Sim. — Respondeu, olhando para mim. — Seu pai está lá em cima. Cuidando de nós dois.

Olhei para o céu sem nuvens e franzi o cenho. Ainda ficava em dúvida sobre esse assunto. Tudo bem que anjos existiam, afinal eu frequentava a Crisma e elas me ensinavam a crer nos desígnios de Deus.

Falando nisso...

— Mãe?

— Sim, pequenino?

Cocei as sobrancelhas e preferi olhar para a lua, que estava tão convidativa. Imaginar meu pai me dando, sei lá, forças para falar o que era preciso.

Sabia que minha mãe não ia aprovar o que tinha feito e aquilo me deixava com medo e receio de que ela começaria a gritar. Como as vezes fazia.

— Fiz algo... errado hoje. — Comecei, preparando terreno.

Ela se sentou e tombou a cabeça para o ombro esquerdo.

— O que você fez, Ren?

Baixei meus olhos para a areia cobrindo meus pés, depois a olhei com toda sinceridade que consegui. Tentando dizer por meio dessa linguagem que não queria ter dito aquilo que não consegui segurar as palavras.

Por fim, comecei.

— Na Crisma, perguntei se anjos e Arcanjos poderiam ter filhos. — Desviei os olhos para não ver sua expressão desolada. — E elas me deram um esporro e chamaram-me de ingênuo. Nenhum ser celestial pode ter filhos.

Senti mãos agarrando meus ombros enquanto as lágrimas chegavam aos meus olhos.

Eu era tão fraco.

Suas faces estavam coradas pela raiva, mas sabia que não era de mim, mas sim, de ter duvidado de suas palavras.

Oh, não.

— Filho, não dê valor ao que elas dizem. Lembre-se sempre do quê sua mãe fala — olhou-me dentro dos olhos, aqueles iguais aos meus —, você é filho de um Arcanjo. Uriel o nome do seu pai.

Nunca mais fui a Crisma depois daquele dia.

***

As lágrimas começaram a se instaurar em meus olhos, mas não fiz nada para pará-las.

Estávamos em casa já. Gabriel, Dhália, a anjo fêmea e Uriel. Todos sentados no sofá enquanto me explicavam o motivo de me quererem no Inferno... só de pensar nessa ideia, arrepiava minha alma.

Difícil de acreditar.

— Entendeu? — Gabriel perguntou.

Levantei a cabeça surpreso, arregalando os olhos.

— Entendi o quê?

Uriel baixou a cabeça e soltou um suspiro. Dhália mordeu os lábios para segurar o riso enquanto Gabriel revirou os olhos, entediado.

— "Entendi o quê?" Todos esses cinco minutos que você esteve olhando para o chão enquanto o idiota aqui falava quem matou sua mãe.

Era perceptível que ele estava perdendo a paciência.

Fechei os olhos, tentando fazer com que a sensação ruim desaparecesse de minha barriga. Talvez enfrentar tudo isso não fosse uma tão boa ideia.

Meus olhos recaíram em Uriel. Ele me observava em silêncio e sabia o que eu estava pensando, mas não esboçou nenhuma reação a não ser um semicerrar de olhos. Mordi os lábios fortemente e limpei as lágrimas que tinham caído.

O que minha mãe faria?

Bem... ela já fora ao Inferno, não é mesmo?

Lembro que ela um dia dissera, que quando Christopher morreu, Kevin, seu irmão, começou a dizer que a culpa era sua e que tiraria a minha guarda.

Analu jogou uma panela em seu rosto.

Até hoje a marca está em sua sobrancelha. Noto quando recebo notícias ou vejo suas fotos na Internet, do maior rapper dos Estados Unidos.

— Repita. — Ordenei, cerrando os dentes.

Gabriel cruzou os braços e abriu a boca certamente para me dar uma surra verbal, mas antes que dissesse qualquer coisa, ouvimos batidas na porta.

Meu coração acelerou pelo barulho repentino, mas logo me chamei de covarde.

Estava no meio de dois Arcanjos e uma anjo fêmea.

Ninguém poderia me fazer mal.

Levantei-me e abri a porta, dando de cara com o meu melhor amigo. Aquele que ajudava ainda mais Beckham em nossos negócios ilegais e em nosso pequeno grupo de arruaceiros.

Os Hunters.

— Grant? 

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Grant:

Espero que tenham gostado :3

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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