15: IMENSO SACRIFÍCIO

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URIEL


Encostei minha testa na lápide fria e fechei os olhos fortemente.

Comecei a lembrar dos momentos na Terra.

Analu.

Óbvio que não foram os melhores, nem de longe, pois eu não sabia que era Arcanjo — nosso Pai tirara minhas lembranças e infiltrou outras quando me exilou na Terra por eu ter tido a brilhante ideia de levar Lúcifer de volta ao Céu — na época e estar desesperado por recuperar minhas asas.

— Onde está o frio Uriel que voltou para o Céu? — Dhália massageou minhas costas.

Liberei-me de seu toque com um safanão.

— Deixe-me sozinho.

— Não se preocupe, Gabriel foi atrás de Ren. Você sabe como são os humanos...

Sei.

Quem sabe... bem até demais.

— Dhália. — Cortei friamente, continuando com os olhos fechados. — O que você ainda está fazendo aqui?

Ela suspirou descontente e se afastou, embora ainda conseguisse sentir sua presença atrás de mim.

Quando Ren acusou-me de ser o culpado, mantive a expressão cautelosa, mas sabia que nós dois éramos culpados pela morte dela.

Se eu tivesse ficado na Terra. Ajudado-a com Ren, com meu filho querido e amado... Se tivesse ido contra os princípios de ser um Arcanjo... poderia estar vivendo com os dois agora.

Como uma família.

Mas fui covarde ao ponto de deixar...

Balancei a cabeça e meus olhos ficaram turvos.

Como se não bastasse ter meu filho acusando-me e nem me considerando como um pai, ainda tinha perdido a única humana importante para mim e estava prestes a colocar Ren em perigo, levá-lo para o Inferno.

Que belo pai eu estava sendo naquele momento. Agindo para meus próprios fins, sem me preocupar com os meios.

— Ele pode não voltar. — Comentei.

Dhália sabia do que eu estava falando. Como sempre.

— Pode. Assim como nós. Mas Analu não teve treinamento e voltou.

— O que quer dizer? — Desencostei de seu túmulo e sequei as lágrimas que tinham caído.

Endureci meu coração, transformando-me no Uriel que ia para as frentes de batalhas. Não era tempo de sofrer, sabia que Analu estava em segurança no Céu, olhando-me lá de cima e provavelmente querendo-me me matar por colocar nosso filho em perigo.

Sorri com o pensamento.

— Você terá algum tempo, Uri. Pode treiná-lo. Você é o único que conseguiria derrotar Lúcifer, assim como provavelmente, Ren.

Eu? Você sabe que ele não vai querer nem chegar perto de mim. Viu o seu comportamento e... — respirei fundo —, não estou com vontade de ensinar Ren a ter educação e cooperar nesse momento. Já foi um imenso sacrifício fazer com que viesse.

Dhália negou com a cabeça, pesarosa e cruzou os braços.

— Você não entende, Uriel. Duas coisas você precisa saber de seu filho para chegar perto e quebrar suas barreiras. Primeira — levantou o polegar — ele é igual a você. O mesmo comportamento, temperamento e sentimento. Igualzinho. Sério, acredite em mim.

"Segunda — ergueu o indicador e sorriu desanimada — a única coisa que Ren quer é seu amor. Ele não está interessado em ir ao Inferno ou conhecer Ceifadores. O garoto acabou de perder a mãe e precisa de um apoio para não ruir."

Desviei os olhos dos seus, fazendo um bico.

— Deixe-me adivinhar. O apoio sou eu.

Ela rolou os olhos com meu tom debochado.

— Vocês dois se combinam e sentem a mesma dor de ter perdido a humana. Você só precisa fazê-lo enxergar que está sentindo o mesmo que ele.

Como sempre, Dhália tinha razão. Mas era fácil falar e difícil de se conseguir o resultado esperado.

Olhei para Gabriel, que estava entrando novamente no cemitério — agora vazio — e vinha até nós.

— Como foi? — Indaguei.

Os olhos azuis se perderam atrás de mim, para o túmulo dela.

— Ele é complicado, admito. — Lambeu os lábios. — Mas consegui que entendesse a gravidade do problema. Agora você só precisa fazer sua parte.

— Minha parte? — Repeti, mexendo o pescoço para aliviar a tensão.

— Sim — Dhália amarrou os cabelos loiros e deu de ombros sugestivamente —, treiná-lo. Como eu disse. Faça-o um guerreiro tão bom quanto você, Uriel, e conseguirá livrar Miguel do Inferno sem problemas.

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KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK SEM PROBLEMAS... VAI SONHANDO KKKKKKKKKKKKKK

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