8: SERES SOBRENATURAIS ENTRE NÓS

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REN


Minutos antes.

Saltei do sofá como se algum bicho tivesse me mordido.

Engoli em seco e usei todo o meu autocontrole para não pular em seu pescoço, por que justamente sabia que seria caso perdido. Fechei os olhos.

— Tudo bem. — Assenti e coloquei as mãos na frente da boca. — Deixe-me pensar... minha mãe morreu. Meu pai Arcanjo apareceu e está na minha frente. E ele quer que eu vá para o Inferno. Mais alguma coisa?

Uriel rosnou.

— Está caçoando de mim, garoto?

— Não! E pare de me chamar de garoto! Droga. Eu só estou tentando fazer meu cérebro acreditar que finamente tenho a merda de um pai!

Ele semicerrou os olhos e mostrou os dentes brancos.

— De novo? A próxima vez que você me insultar, juro que quebro seus dentes. Ren.

Tudo bem, aquilo não estava nos meus planos, mas quando dei por mim, já tinha dado-lhe um soco no rosto. Senti os seus ossos se quebrando e uma dor aguda das mãos. Reconfortante.

Era bom saber que nem tudo estava caindo, como meu mundo parecia disposto a se desfazer.

Uriel cambaleou para trás, sorrindo.

— Ah... então você gosta de lutar?

As vezes.

Respirei fundo, começando a ficar assustado quando escutei cada osso do seu nariz voltar ao lugar e parecer como era antes. Somente então ousei olhá-lo bem de perto.

Ele até que se parecia comigo. Tinha o mesmo físico musculoso embora Uriel parecesse mais selvagem.

Não sou idiota... quer dizer, não na maioria das vezes. Escutei milhões de vezes minha mãe dizer que os anjos e demônios para andarem entre humanos precisavam de um receptáculo humano.

Quando eu era mais novo e ainda conseguia ter uma mente fértil para acreditar em suas loucuras, que agora eram reais, sempre que saía na rua, eu encarava as pessoas me perguntando se tinham seres sobrenaturais entre nós.

Para ver como uma criança poderia ficar traumatizada com as coisas erradas.

Ao invés de eu pensar em brincar como qualquer uma normal, eu imaginava como Lúcifer era.

Ele sempre foi meu Arcanjo favorito.

Embora... todas as proporções digam que ele não prestava — pois era justamente o mau encarnado — e que sou filho de outro Arcanjo Caído que tentou levá-lo para o Céu. Sim, as vezes eu prestava atenção no que Analu dizia.

A pergunta que não saía do meu cérebro era: "Por que Uriel tinha escolhido um receptáculo tão parecido comigo?"

— Olhe, Ren. — Uriel enxugou o sangue do rosto depois do machucado curado. — Pensou na minha proposta ou precisa de tempo enquanto os culpados ficam à solta?

Demorei um tempo para perceber de sua ideia de se vingar do assassino da minha mãe. Depois, comecei a ter taquicardia somente com o fato de que ele sabia quem era.

— Você viu. — Falei fracamente. — Você viu ela sendo morta e não foi capaz de fazer NADA?

— Ah, quer saber? Cansei. Não tenho paciência para explicar para quem não quer entender. — Abriu as asas com um barulho. — Você vai saber por bem ou por mal que é um Anticristo e que precisa me ajudar.

— O que você quer diz...

Mas não fui adiante, por quê Uriel começou a voar dentro de casa e me puxou pela gola da camiseta, levantando-me com maestria e guiando-me pela porta... que ele abriu com um aceno.

Interessante, já que estava trancada antes.

Comecei a gritar de medo enquanto a chuva parava e o vento açoitava meu rosto e Uriel me levava cada vez mais para cima. As nuvens começaram a se aproximar, rapidamente, enquanto tentava desesperadamente me agarrar a ele.

— Pelo amor de Deus. Não faça isso! — Urrei, parecendo uma criança. Não foi digno, mas fazer o quê quando se está nas nuvens de uma forma bem errada? — Não me solte, Uriel. O que você está fazendo?

— Olhe para mim. — Mandou e eu obedeci, concentrando-me na sua voz para não parecer mais medroso do que já estava. — Você tem poderes, precisa usá-los.

Poderes? Do que? De me espatifar no chão daqui a segundos se você me soltar?

— Hein? — Segurei ainda mais seus braços. — E você quer que eu descubra como? Não responda! Não me solte, por favor. Eu faço o que você quiser, só não me solte.

— Descubra. — Sussurrou e me largou.

O grito se estrangulou na minha garganta assim que a queda começou a fazer sentido.

Ele estava me matando.

Jogando-me para a morte.

O meu próprio pai.

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ASSIM NÃO DÁ, NÉ? AUSHUAHUAS

Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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