Hoje faz exatamente dois anos que Júlia está livre. Ela quer comemorar, mas está presa no trabalho. Às vezes, é muito ruim trabalhar na cozinha, quem trabalha na cozinha acaba sendo o último a sair. Principalmente, se for a confeiteira que executa as sobremesas, como ela é.
Júlia não pode reclamar, na cozinha, nenhum cliente a vê e ela passa despercebida. Ela não quer encontrar com um homem como ele de novo, ou pior, se encontrar com próprio William, aquele que quase a destruiu. Ela jamaisesquecerá do dia em que foi embora e das palavras que deixou.
"Não venha atrás de mim, não perca seu tempo. Nada que você é, nem o que você tem vão me fazer voltar para seu lado. Nem Deus ou o Diabo. Nem mesmo aquilo que você chama de amor. Porque esse seu "amor" vai me levar à morte e eu desejo mais do que nunca, viver. "
Ela desperta dos seus pensamentos com a calda queimando, o Chef grita e apaga o fogo, Júlia tem certeza de que ele vai reclamar ainda mais, mas após ele vê-la branca como papel, desistiu.
Lembrar de William lhe causa arrepios, mas ninguém precisa saber. Pediu desculpas, dizendo que a pressão caiu e a vista ficou preta, fingiu fazer um esforço para levantar a panela e estar tremendo a ajudava com a pequena mentira.
O chef vendo a cena, manda Júlia ir para casa, ela disfarça o sorriso e diz que pode continuar seu trabalho. Ele a "expulsa" da cozinha, mandando fazer uma quentinha de sopa, ir para casa descansar e se recuperar para a próxima semana de trabalho, e claro, ela lhe obedece, sai cabisbaixa com a quentinha nas mãos, tem até algo "doce para alegrar o coração. "
Há muito tempo, Júlia aprendeu a manipular as situações por necessidade. Era a única maneira de não morrer, apanhar menos ou pelo menos não tão forte como geralmente era.
Agora, mesmo tendo se passado dois anos, continua usando o que aprendeu por observar e manipular. Se tivesse agradecido de primeira, tinha certeza que o Chef a faria ser a última sair, como já o fez com outros. Porém, ela já tinha observado muito tempo a cozinha para saber exatamente o que fazer.
Às vezes, Júlia sente culpa por fazer isso. Muitas vezes, é algo não planejado, apenas, ocorre por questão de hábito, mas hoje não há culpas, afinal, foi questão de sobrevivência se tornar assim, aprender a sempre observar e quando necessário manipular.
A confeiteira chega ao seu prédio, pega as correspondências antes de subir ao seu apartamento, que é pequeno, mas é dela. Toma um banho longo, se arruma como se fosse sair, abre o melhor vinho que tem, pois tem certeza de que merece. Brinda consigo mesma.
─ À aluna que superou o mestre! Obrigada, William. Você quase me matou, mas tenho de reconhecer, me ensinou muitas coisas.
"Muitas. "
Ela ri forte da sua vitória, mas depois chora por tudo o que passou, os amigos, os filhos e os sonhos que perdeu.
─ Como pude ser tão burra?! Tão fraca!
Ela mesma se contrapõe. Dando os ombros.
─ Me deixei levar, Júlia. Desculpe! ─ Ela volta a argumentar consigo mesma.
─ Não restou nada dessa vida, nem meus filhos...
"Olhe pelo lado bom. Não há nada vivo que me prenda a ele. Imagine se o segundo bebê vingasse, crescesse e resolvesse procurar pelo pai? Foi melhor assim. "
─ Mas, eu ainda queria uma família...
Após tomar quase toda a garrafa sozinha, já estando meio bêbada, Júlia pensa em tirar uma foto para registrar o "aniversário". Ela caminha tropeçando até o espelho, observa suas feições bonitas e trava. Sua mente a trai com perguntas que há anos ignora.
"Com quem me pareço? Minha mãe? Porque ela me abandonou? E meu pai? Será que tenho irmãos,será que está na hora de procurá-los? Se procurá-los, será que vão me querer na família? "
Bambeia e se apoia no aparador derrubando as cartas. Pega uma e se surpreende por não ser uma conta. Mesmo com as vistas embaralhadas lê o que está escrito. O conteúdo a faz pensar na possibilidade, talvez ela esteja mais próxima de responder suas dúvidas, do que imaginou.
No dia seguinte, com a mala pronta, Júlia chega ao aeroporto, vai em direção ao guichê, queria saber se aquilo realmente era verdade, sorri e se apresenta.
─ Oi, sou a Júlia, prazer em te conhecer.
Hoje conhecemos um pouco sobre a Júlia personagem da
(Em todos outros tem uma dedicatória bonitinha mas, nesse não vai ter. Desculpe, gente quem escreve aqui sou eu. (escrevo na terceira pessoa para representar todos) E não tem muito o que dizer, eu procurei dar o meu melhor e cresci muito como pessoa nesse desafio. Então quero apenas agradecer a todos.)
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Paradoxo
Mystery / ThrillerTreze pessoas são levadas acreditar que irão realizar o seu maior desejo, mas, acabam em uma armadilha. Agora terão que vencer desafios enquanto procuram uma saída e tentam não ser pegos. Seria possível um grupo tão diferente de pessoas serem atraíd...